Habitação: Abrandamento no mercado

Muitos aguardam, no mínimo, por um abrandamento no mercado da habitação. Já chegou?

Taxas de juro em alta. Prestações bancárias a disparar. Inflação que teima em não cair. No entanto, o mercado da habitação manteve o seu crescimento em 2022, mas muitos aguardam por uma correção, de maior ou menor grau.

Para quando um abrandamento no mercado?

A performance do mercado em 2022

O mercado residencial em Portugal atingiu um máximo histórico no final de 2022. O Índice de Preços na Habitação publicado pelo INE atingiu o valor de 195,91, recorde histórico. Em cinco anos (de 2017 a 2022), o índice subiu 61,8%.

Quando muitos aguardavam já por uma quebra no mercado, a verdade é que os preços mantiveram a sua toada de crescimento. O valor médio de venda de uma casa em Portugal atingiu os 191.097 euros no final de 2022.

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Abrandamento nas vendas?

Também o número de casas vendidas atingiu um novo recorde em 2022. Com um total de 167.900 unidades comercializadas, o ano fechou acima dos 165.682 imóveis transacionados em 2021. No entanto, é interessante observar o abrandamento nas vendas.

O número de casas vendidas, trimestralmente, atingiu o seu pico no final de 2021. Apesar do ano de 2022 ter registado novo recorde nas vendas, os números mostram um abrandamento na atividade:

Este abrandamento nas vendas não teve, ainda, reflexo no preço. A procura foi ainda acentuada ao longo do ano passado, o que, face a uma oferta diminuta, levou a que os preços se mantivessem em alta.

O tal abrandamento que muitos falam e outros aguardam, parece já estar a sentir-se, com reflexo na redução da atividade, apesar de os preços se manterem em alta. No início do ano, no artigo que escrevi aqui no Doutor Finanças, referia que “(…) seria expectável observarmos 1) uma desaceleração, 2) ligeiro aumento da oferta e 3) correção de preços.”.

Essa desaceleração no mercado parece estar agora a tomar efeito por via de uma redução no número de casas vendidas, mais porque, e referia no mesmo artigo, “O mercado está já a observar uma certa desaceleração, em grande parte devido a uma queda na oferta. Sim, na oferta. Muitos vendedores, perante a evidência de que o mercado já não paga aquilo que pagava antes, ou na impossibilidade de contraírem um crédito para compra de uma nova casa, começam a adiar a sua pretensão de venda. Este é o primeiro ajustamento que leva à tal desaceleração”.

Também por esta razão, não sentimos, ainda, reflexo nos preços.

Bons negócios (imobiliários)!

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Gonçalo Nascimento Rodrigues é Consultor em Finanças Imobiliárias, tendo trabalhado em empresas como Ernst & Young, Colliers International e Essentia. É Coordenador e Docente numa Pós-Graduação em Investimentos Imobiliários no ISCTE Executive Education. Adicionalmente, exerce atividade de consultoria, prestando serviços de assessoria ao investimento imobiliário. Detém um master em Gestão e Finanças Imobiliárias e um master em Finanças, ambos pelo ISCTE Business School, além de uma licenciatura em Gestão de Empresas na Universidade Católica Portuguesa. É autor do blogue Out of the Box.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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