A idade da reforma vai subir para 66 anos e 11 meses em 2027. Será o valor mais alto desde que o cálculo passou a depender da esperança de vida, aproximando-se pela primeira vez dos 67 anos. A atualização tem ainda outro impacto relevante. Os cortes aplicados às reformas antecipadas vão agravar-se, atingindo um novo máximo.
A nova idade resulta da estimativa da esperança de vida aos 65 anos divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) a 27 de novembro de 2025. No triénio 2023-2025, este indicador subiu para 20,19 anos, mais 0,17 anos do que no período anterior.
Com esta atualização, a idade normal de acesso à pensão sobe dos atuais 66 anos e nove meses para 66 anos e 11 meses em 2027. Ao mesmo tempo, o fator de sustentabilidade que corta as reformas antecipadas aumenta para 17,63% já em 2026, um valor histórico.
Idade da reforma em 2027 aproxima-se dos 67 anos
Para evitar penalizações, quem se reformar em 2027 terá de trabalhar até aos 66 anos e 11 meses. O aumento é de dois meses face a 2026 e confirma uma tendência que se mantém desde 2014, ano em que a idade da reforma deixou de estar fixada e passou a acompanhar a evolução da esperança de vida.
Antes disso, o valor era estático. Até 2013, a idade estava nos 65 anos. Em 2014 subiu para os 66. Desde então, tem oscilado com os efeitos demográficos e com a mortalidade. Em 2023, por exemplo, recuou para 66 anos e quatro meses devido ao impacto da pandemia. Estabilizou em 2024, voltou a subir em 2025 e continuará a aumentar em 2026 e 2027.
Como a esperança de vida determina a idade da reforma
A lei prevê que a idade normal de acesso à pensão seja atualizada anualmente com base na esperança de vida aos 65 anos. Quanto maior for a longevidade, maior será o número de meses acrescidos à idade da reforma.
No triénio 2023-2025, o INE estima que uma pessoa de 65 anos viverá, em média, mais 20,19 anos. A subida face ao período anterior, embora moderada, é suficiente para aumentar mais dois meses a idade legal. Esta mesma variável serve de base ao cálculo do fator de sustentabilidade, que agrava as penalizações para quem se reforma antes da idade normal.
Fator de sustentabilidade agrava cortes nas pensões antecipadas para 17,63%
Com os novos dados, o corte aplicado às pensões antecipadas aumenta para 17,63% em 2026. O valor supera o máximo anterior, de 16,93%, e reforça a penalização aplicada desde o programa de ajustamento.
O fator de sustentabilidade traduz-se num corte direto no valor estatutário da pensão. Soma-se ainda uma redução de 0,5% por cada mês de antecipação, o equivalente a 6% por ano.
Assim, na prática, quem se reformar antes do tempo enfrenta sempre duas penalizações acumuladas, exceto nos casos abrangidos por regimes especiais.
Quem escapa aos cortes mais pesados
Alguns trabalhadores continuam protegidos destes agravamentos. Estão isentos do fator de sustentabilidade os pensionistas que, no ano em que completam 60 anos, tenham pelo menos 40 anos de carreira contributiva. Nestes casos, mantém-se apenas a penalização de 0,5% por mês em relação à idade normal ou pessoal de reforma.
Existe também o regime das muito longas carreiras contributivas. Quem tiver 60 ou mais anos e pelo menos 46 anos de descontos, desde que tenha começado a trabalhar aos 16 anos ou antes, pode reformar-se sem qualquer penalização. Algumas carreiras de desgaste rápido continuam igualmente abrangidas por regimes específicos.
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Idade pessoal da reforma e o impacto das carreiras longas
As carreiras longas beneficiam ainda da chamada idade pessoal da reforma. Por cada ano de contribuições além dos 40, a idade normal reduz quatro meses.
Isto significa que, em 2027, um trabalhador com 44 anos de carreira pode reformar-se até 16 meses antes dos 66 anos e 11 meses sem sofrer cortes. Ou seja, pode aceder à pensão antes dos 65 anos. Este mecanismo mostra que a idade legal é apenas um referencial. A idade efetiva sem penalizações depende do percurso contributivo de cada pessoa.
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O que muda para quem está a poucos anos da reforma
Para quem se aproxima do final da carreira, o aumento da idade e o agravamento do fator de sustentabilidade tornam a reforma antecipada mais penalizadora. Dois anos de antecipação podem significar um corte superior a 29%, resultado da combinação do fator de sustentabilidade com a penalização mensal.
Estas reduções podem representar perdas de centenas de euros por mês. Por isso, antes de tomar decisões, é essencial fazer simulações detalhadas na Segurança Social e avaliar alternativas de poupança que ajudem a compensar a quebra de rendimento.
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Dados são provisórios, mas tendência está definida
Os dados do INE usados no cálculo são provisórios. Resultam de uma tábua de mortalidade construída com informação de 2023 e 2024 e de uma estimativa para 2025. Os valores definitivos só serão publicados em maio de 2026.
Mesmo assim, dificilmente haverá alterações significativas. A esperança de vida tem aumentado e tudo indica que a idade da reforma continuará a aproximar-se dos 67 anos, enquanto os cortes das reformas antecipadas permanecem nos níveis mais elevados de sempre.
Para quem planeia reformar-se nos próximos anos, conhecer estas regras e preparar o processo com antecedência é fundamental. Simular, planear e decidir com informação rigorosa será determinante para garantir estabilidade financeira na transição para a velhice.
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Perguntas frequentes
A idade da reforma aumenta porque está indexada à esperança de vida aos 65 anos. Sempre que os portugueses vivem mais tempo, sobe o número de meses exigidos para aceder à pensão sem cortes. O objetivo é garantir a sustentabilidade financeira da Segurança Social num contexto de envelhecimento da população.
É um corte aplicado às pensões antecipadas que resulta da evolução da esperança de vida desde 2000. Quanto maior for a longevidade, maior é a penalização. O corte é aplicado antes de qualquer outra redução e tem impacto permanente no valor da pensão ao longo de toda a vida do pensionista.
Regra geral, não. A antecipação voluntária implica sempre penalizações, exceto em carreiras longas ou situações específicas previstas na lei. Mesmo quem escapa ao fator de sustentabilidade pode continuar sujeito à penalização de 0,5% por mês. Só carreiras muito longas ou de desgaste rápido permitem sair sem reduções.
A forma mais segura é simular no portal da Segurança Social. O cálculo considera a idade, o número de meses de antecipação, o fator de sustentabilidade e a carreira contributiva. As simulações ajudam a perceber o impacto real dos cortes e a comparar vários cenários antes de decidir.
Sim. A idade pessoal da reforma reduz a idade normal em quatro meses por cada ano de contribuições acima dos 40. Isto significa que trabalhadores com carreiras muito longas podem aceder à pensão mais cedo, mesmo num contexto em que a idade legal continua a subir.
Em 2027, a idade da reforma será de 66 anos e 11 meses. O valor resulta da atualização da esperança de vida aos 65 anos, que aumentou para 20,19 anos no triénio 2023-2025. Esta subida acrescenta dois meses à idade fixada para 2026 e torna 2027 o ano com a idade da reforma mais elevada desde que o cálculo passou a depender da esperança de vida.
