Aproveite a eletricidade “grátis” enquanto pode

Se ainda não aderiu a um tarifário indexado de eletricidade, já deixou de poupar cerca de 500 euros este ano.

Há milhares de portugueses que estão a poupar centenas de euros desde o final do ano passado simplesmente porque decidiram arriscar mudar para um tarifário indexado de eletricidade. Já lhe falei desta extraordinária forma de poupança na crónica de janeiro

Cinco meses depois, estou a dizer-lhe novamente que, se não mudou, provavelmente já deixou de poupar cerca de 500 euros ou mais (dependendo dos seus consumos). 

A boa notícia é que ainda vai a tempo de usufruir dessa poupança, desde que perceba que, cada mês que passa, essa poupança vai tornar-se menor até que acabará, só não sabemos se ainda este ano ou se no próximo.

Infelizmente, enquanto consumidores, ainda temos muito que aprender. Parece que estamos casados com as empresas de eletricidade, os bancos, as seguradoras, etc. Quem tem essa atitude normalmente fica a perder porque deixa escapar as oportunidades que a concorrência oferece. Há sempre alguém disposto a oferecer-lhe o que você quer ao melhor preço. Mas tem de procurar e mudar.

Nos últimos meses, a diferença entre o tarifário mais barato e o preço do mercado regulado (SU Eletricidade) em alguns dos últimos meses chegou a ser de 80 e 90%. Há pessoas que estavam a pagar 100 euros ou mais por mês e que pagaram 5, 10 ou 15 euros.

O que são os tarifários indexados de eletricidade?

Neste momento, os tarifários indexados de eletricidade continuam a ser os melhores do mercado. Para quem não sabe, os tarifários de eletricidade indexados são aqueles em que você paga a eletricidade a “preço de fábrica” (na origem - chama-se OMIE - onde todos os fornecedores a compram para a vender a si) e paga uma pequena margem de lucro a esse fornecedor.

Qual é o risco que corre? É que, se a eletricidade subir repentinamente de preço na origem, nesse mês você vai pagar muito; mas se a eletricidade baixar muito, você vai também poupar muito. Em abril, o preço foi de cerca de meio cêntimo o kWh. No mercado regulado está a 16 cêntimos. O mecanismo de ajuste MIBEL (que soma a este preço) também está a zero há vários meses. Portanto, o risco dessas subidas neste momento é reduzido.

Leia ainda: Ninguém fica rico a poupar

Faça contas e esteja atento

A maioria dos portugueses gosta de saber com o que conta e detesta surpresas, por isso normalmente prefere pagar mais, mas ter a garantia de saber o que vai acontecer. Mas o que lhe quero chamar a atenção nesta crónica é que a informação é a chave para fazer uma boa gestão financeira das suas finanças pessoais. Pode saber semanalmente (usando a página omie.es) o preço da eletricidade em tempo real. Assim que subir para mais de 150 € ou 180€ o MWh (na média dos últimos 15 dias) pode começar a pensar em sair. Como vê, se estiver atento, o risco de apanhar uma fatura altíssima é quase zero.

Deve também perceber que, em julho, a ERSE já anunciou que vai diminuir o “desconto” que está a dar de -9,5 cêntimos por kWh nas tarifas de acesso às redes. Mas isso é para todas as empresas, com tarifários fixos e/ou indexados. Portanto, a poupança vai ser menor, mas será menor para todos. Não deve ver isso como um problema dos tarifários indexados.

Por outro lado, no verão, com as barragens vazias, também é normal - e acontece todos os anos - o preço no OMIE vai subir e depois voltará a descer, se acontecer o que costuma acontecer anualmente.

Portanto, ou aproveita agora, ou perdeu uma boa oportunidade de poupança.

Se poupar 60 euros por mês, durante 10 meses, são 600 euros que ficam no seu bolso e que o podem ajudar a suportar, por exemplo, o aumento de 100 euros na sua prestação da casa durante meio ano.  

Para encontrar as empresas que têm tarifários indexados, use o simulador da ERSE ou pesquise no Google “tarifários eletricidade indexado”, contacte as empresas e compare o preço do kWh que está a pagar com os preços que lhe oferecerem. 

Quem não fizer nada, vai pagar o mesmo que paga agora e vai ficar a queixar-se de que o dinheiro não lhe chega para o que precisa. Muitas vezes, parte da culpa é nossa por causa dos nossos medos infundados e inércia. 

Obviamente, se aderir a um destes tarifários tem de estar permanentemente atento para sair antes de os preços deixarem de compensar. Se estiver na disposição de ter esse “trabalho” pode poupar centenas de euros este ano. Com uma atitude da sua parte, pode aumentar-se a si próprio muito mais do que com os apoios do Estado que nem sequer são para todos. Estes “descontos” são para todos. Basta mudar de empresa de eletricidade. Se continua com medo, não faça nada. Mas fica a perder.

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Pedro Andersson nasceu em 1973 e apaixonou-se pelo jornalismo ainda adolescente, na Rádio Clube da Covilhã. Licenciou-se em Comunicação Social, na Universidade da Beira Interior, e começou a carreira profissional na TSF. Em 2000, foi convidado para ser um dos jornalistas fundadores da SIC Notícias. Atualmente, continua na SIC, como jornalista coordenador, e é responsável desde 2011 pela rubrica "Contas-Poupança", dedicada às finanças pessoais. Tenta levar a realidade do dia a dia para as reportagens que realiza.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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