A maioria dos portugueses que investem prefere segurança do que aventurar-se nos mercados. Segundo o 2º Barómetro Doutor Finanças, numa edição dedicada aos Hábitos de Investimento, realizado pela Universidade Católica-Lisbon, em parceria com o Doutor Finanças, nove em cada dez investidores classificam-se como conservadores ou moderados. Apenas 6% assumem um perfil agressivo.
Este retrato confirma a prudência que caracteriza o investidor nacional. Produtos como depósitos a prazo, certificados de aforro ou Planos de Poupança Reforma (PPR) continuam a dominar as carteiras, refletindo uma aposta clara na proteção do capital.
Conservadores dominam: 49% prefere risco mínimo
Quase metade dos inquiridos (49%) identifica-se como conservador, enquanto 41% se assume moderado. Apenas 6% opta por estratégias agressivas e 4% não respondeu.
Esta divisão ajuda a explicar o motivo dos depósitos, certificados de aforro e PPR continuarem no topo das escolhas. A relação entre perfil declarado e comportamento real é evidente, mostrando que a perceção do risco dita, de facto, as decisões de investimento.
A aposta em ativos seguros traduz-se também numa baixa percentagem do rendimento destinada a aplicações mais voláteis, como ações ou criptomoedas. Além disso, a coerência entre preferências e práticas reforça a fiabilidade do perfil de risco como indicador das opções de cada investidor.
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Ganhos para o futuro são o principal objetivo
Os resultados revelam que 45% investe com o objetivo de obter ganhos de longo prazo, sobretudo para preparar a reforma. Outros 23% têm como motivação preservar o capital.
Já os objetivos de curto prazo representam apenas 14% das respostas, enquanto 11% investe para fins específicos, como comprar casa, carro ou pagar estudos. Esta hierarquia confirma a prioridade dada à segurança e ao planeamento, em detrimento de apostas especulativas.
Entre os 45 e os 65 anos, a procura de rendimentos para o futuro é mais expressiva. Também quem tem rendimentos mais elevados tende a priorizar a reforma ou a preservação do capital.

Perder dinheiro pesa nas escolhas
A experiência de perdas influencia de forma clara o comportamento dos investidores. Quase metade (44%) admite já ter perdido dinheiro num investimento, o que reforça a cautela evidenciada noutros indicadores.
A maioria (55%) nunca registou perdas, o que explica o apego a produtos garantidos. O receio de ver o capital diminuir supera a ambição de maiores retornos, tornando a aversão ao risco um traço dominante.
Apenas 12% tolera perdas superiores a 20%
A análise à capacidade de enfrentar desvalorizações revela um cenário de elevada prudência. Quase metade (48%) só aplica dinheiro em produtos de capital garantido, não tolerando qualquer perda.
Entre quem aceita algum risco, 15% suporta desvalorizações até 5% e 13% admite quedas entre 6% e 10%. Apenas 3% tolera perdas entre 21% e 30%, e só 9% aceita oscilações superiores a 30%. Esta postura confirma que a proteção do património é prioritária para a maioria.

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FOMO quase não afeta investidores nacionais
O medo de perder oportunidades (FOMO) tem pouca expressão. Oito em cada dez inquiridos afirmam não decidir com base em modas ou notícias sobre o mercado.
Só 18% admite ser influenciado pela euforia ou receio de ficar de fora. Este dado reforça a imagem de um investidor racional, mais preocupado com estabilidade do que com ganhos rápidos.
Prudência marca o ADN do investidor português
O 2.º Barómetro Doutor Finanças mostra um padrão consistente: aversão ao risco, objetivos de longo prazo e preferência por produtos seguros. A combinação destes fatores revela uma cultura financeira onde a preservação do capital é mais valorizada do que a procura de rentabilidades elevadas.
Este perfil pode limitar retornos em ambientes de taxas de juro baixas, mas garante maior estabilidade em tempos de incerteza, como os que marcam os mercados globais.
Conheça as principais conclusões do barómetro aqui.
Ficha técnica: Este inquérito foi realizado pelo Centro de Estudos Aplicados (CEA) da Universidade Católica-Lisbon em colaboração com o Doutor Finanças, entre os dias 31 de julho e 28 de agosto de 2025. O universo-alvo é composto por indivíduos com 18 ou mais anos residentes em Portugal. Os inquiridos foram selecionados aleatoriamente a partir de uma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 701 inquiridos é de 4%, com um nível de confiança de 95%.
