Pessoa empilha moedas em forma de gráfico de barras crescente, com uma planta no topo da moeda

O investimento sustentável continua a ter um papel reduzido no panorama financeiro em Portugal. A grande maioria dos investidores ainda não considera critérios ESG – Ambientais, Sociais e de Governação – no momento de decidir onde aplicar o seu dinheiro, revela o 2º Barómetro Doutor Finanças, numa edição dedicada aos Hábitos de Investimento, realizado pela Universidade Católica, em parceria com o Doutor Finanças.

Entre os inquiridos no estudo, 65% admitiu não ter em conta critérios de sustentabilidade na escolha dos seus investimentos, enquanto 29% referiu incorporar esses fatores nas suas decisões, o que demonstra que a sustentabilidade é, para a maioria, um critério secundário ou até irrelevante.

O barómetro, que mostra que os portugueses continuam a preferir produtos tradicionais como os depósitos a prazo, PPR e certificados de aforro e do Tesouro, identifica, desta forma, “uma aparente indiferença em relação ao impacto social e ambiental das aplicações financeiras”, como se lê no relatório. “O foco parece permanecer prioritariamente na segurança e retorno financeiro, relegando a sustentabilidade para um critério secundário ou irrelevante para a maioria”, destaca-se no estudo.

Exposição a investimentos ESG ainda é residual

Mesmo entre os 29% de inquiridos que dizem considerar critérios ESG, o peso destas opções nas carteiras é baixo. A maioria aloca menos de 50% do portefólio a estes produtos, e apenas uma minoria muito reduzida (6%) tem uma exposição total (100%) a este tipo de investimento.

Ou seja, mesmo quando existe uma preocupação com sustentabilidade, ela não representa, na maioria dos casos, o núcleo da estratégia de investimento dos portugueses, tendo um peso marginal nas carteiras.

O que são investimentos ESG?

Do inglês, EnvironmentalSocial e Governance, o ESG refere-se a um conjunto de critérios que avaliam o desempenho de uma empresa para além dos resultados financeiros.

  • Critérios ambientais (E): medem o impacto da empresa no meio ambiente, tendo em conta, por exemplo, emissões de carbono, gestão de resíduos e utilização de recursos.
  • Critérios sociais (S): avaliam fatores como condições de trabalho, diversidade, impacto nas comunidades e respeito pelos direitos humanos.
  • Critérios de governação (G): analisam a estrutura de gestão, transparência, ética empresarial e relações com acionistas.

Investir com base em critérios ESG significa selecionar ativos de empresas que procuram cumprir boas práticas nestas áreas, contribuindo para um crescimento económico mais responsável e sustentável.

Os investimentos ESG podem, assim, apresentar características diferentes dos investimentos tradicionais:

  • Menor exposição a riscos regulatórios – empresas que cumprem normas ambientais e sociais tendem a estar mais preparadas para futuras exigências legais.
  • Potencial de crescimento no longo prazo – negócios com práticas sustentáveis podem ser mais resilientes a crises.
  • Volatilidade semelhante ou, em alguns casos, inferior – estudos internacionais indicam que carteiras ESG não apresentam necessariamente menor rentabilidade.

Contudo, a perceção de que estes investimentos podem ser mais caros ou menos rentáveis pode ajudar a explicar a sua adoção limitada em Portugal.

Em termos globais, os fundos ESG tiveram uma forte recuperação no segundo trimestre deste ano. O mais recente relatório de investimentos sustentáveis da Morningstar mostra que os fundos ESG registaram ganhos líquidos de 4,9 mil milhões de dólares (cerca de 4,2 mil milhões de euros), no período entre abril e junho, impulsionados pelos fluxos na Europa.

Conheça as principais conclusões do barómetro aqui.

Ficha técnica: Este inquérito foi realizado pelo Centro de Estudos Aplicados (CEA) da Universidade Católica Portuguesa em colaboração com o Doutor Finanças, entre os dias 31 de julho e 28 de agosto de 2025. O universo-alvo é composto por indivíduos com 18 ou mais anos residentes em Portugal. Os inquiridos foram selecionados aleatoriamente a partir de uma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 701 inquiridos é de 4%, com um nível de confiança de 95%.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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