Fundo tradicional ou cotado? Analise as diferenças

Uns são mais baratos e transparentes, mas complexos. Outros são mais caros e simples. Escolha os seus preferidos.

A chegada dos fundos cotados, que são comprados e vendidos nas bolsas de valores, alargou as oportunidades de investimento dos aforradores portugueses, habituados aos fundos tradicionais, subscritos diretamente junto da banca. Quais os melhores?

A escolha entre um fundo cotado ou tradicional pode não ser assim tão óbvia. Há várias questões que devem ser analisadas. Entre despesas, complexidade, transparência ou fiscalidade, saiba com o que contar.

Despesas: cotados

Os 10 maiores fundos cotados nas bolsas europeias perdem anualmente o equivalente a 0,11% do seu património para pagar as principais despesas operacionais. Em alguns casos, a taxa anual de encargos correntes é muito inferior. No Invesco S&P 500 UCITS ETF, que procura replicar o principal índice acionista dos Estados Unidos da América, é de 0,05% por ano. (Os fundos cotados são frequentemente conhecidos por ETF, de exchange-traded funds.)

Os 10 maiores fundos tradicionais disponíveis aos investidores portugueses — todos estrangeiros — cobram anualmente 1,59% dos ativos. É mais do que o décuplo dos fundos cotados. Também há fundos tradicionais económicos, mas os mais baratos são normalmente alvo de comissões de subscrição. O Fidelity S&P 500 P EUR, que tenta replicar o mesmo índice de referência do produto da Invesco, tem uma taxa anual de encargos correntes de 0,06%, mas o Banco Best, que o distribui em exclusivo em Portugal, cobra 2,08% do montante aplicado na subscrição.

Não se esqueça, no entanto, que a compra e a venda de fundos cotados envolvem comissões de bolsa. Se escolher bem o seu intermediário financeiro, o custo pode ser diminuto ou, melhor, nulo. Por isso, os fundos cotados podem ser mais económicos.

(Se quiser desempatar entre dois fundos específicos, use esta calculadora.)

Simplicidade: tradicional

Nem todos os investidores têm experiência ou capacidade para negociar na bolsa unidades dos fundos cotados. Embora não seja uma operação complicada, há pormenores que, se ignorados, podem gerar maus negócios.

Subscrever fundos tradicionais num banco não poderia ser mais fácil. Regra geral, o aforrador apenas tem de escolher o fundo e indicar o montante que deseja aplicar no investimento. É a opção mais simples.

(Se quiser iniciar-se numa operação de compra de um fundo cotado, siga este guia.)

Liquidez: cotado

A subscrição dos fundos tradicionais é a preço desconhecido: só após os gestores do fundo recolherem todas as ordens de subscrição e de resgate e calcularem o valor do património é que se sabe a cotação do dia. Aliás, os fundos tradicionais apenas podem ser subscritos e resgatados ao preço do final do dia.

Os fundos cotados podem ser comprados e vendidos ao longo de uma sessão de bolsa, como se fossem ações de empresas. Os produtos mais populares têm sempre operadores a propor preços de compra e de venda. O investidor não tem de esperar para saber quantas unidades comprou ou vendeu: assim que a sua ordem é executada, reflete-se na sua carteira.

Os fundos cotados são instrumentos com mais liquidez, mas isso nem sempre é positivo: alguns investidores dedicam-se à transação frequente de títulos — por vezes, negociação intradiária —, o que dificilmente traz resultados positivos no longo prazo.

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Solidez: empate

Um investidor em fundos de investimento deve preocupar-se com duas entidades: a que guarda as unidades de participação e a que custodia a carteira do fundo. Por vezes, é a mesma: um cliente da Caixa Geral de Depósitos que subscreva o fundo Caixa Ações Líderes Globais, o maior fundo português, apenas tem de se preocupar com esse banco, porque é ele o responsável pela guarda das unidades de participação e pela carteira do fundo, mesmo que subcontrate outras instituições financeiras.

A solidez depende, portanto, do intermediário e do produto escolhido; não necessariamente do tipo de fundo de investimento. Um cliente do Banco Best pode investir no Fidelity S&P 500 P EUR, um fundo tradicional, ou no Vanguard S&P 500 UCITS ETF, um fundo cotado na bolsa de Paris, Frankfurt e Londres. Em ambos os casos, terá de se preocupar com a solidez do Best, que lhe guarda as unidades de participação, e da sucursal irlandesa da Brown Brothers Harriman, a entidade depositária das carteiras dos dois fundos.

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Transparência: cotado

Ao contrário dos fundos tradicionais, as sociedades gestoras dos fundos cotados divulgam geralmente a composição da carteira com uma frequência diária. Além disso, muitos gestores de fundos cotados comunicam o valor contabilístico de cada unidade de participação ao longo da sessão de bolsa. Isso permite aos compradores e aos vendedores fazerem melhores negócios.

Um exemplo: além das cotações do Invesco S&P 500 UCITS ETF, a bolsa de Amesterdão divulga o valor contabilístico unitário desse fundo ao longo das sessões de bolsa.

Fiscalidade: tradicionais

O Fisco tende a ser neutro na tributação dos fundos estrangeiros, tradicionais ou cotados. As mais-valias não são tributadas no momento da operação de venda, mas o investidor tem de as inserir na declaração anual de IRS. O saldo global das mais e menos-valias registadas ao longo do ano, incluindo de outros instrumentos financeiros, é tributado à taxa autónoma de 28%, exceto se o contribuinte optar pelo englobamento dos rendimentos.

Há, no entanto, uma diferença na tributação dos dividendos dos fundos. Esses rendimentos são alvo de uma taxa de retenção de 28%, mas, nos fundos cotados, também pode haver retenção no país de origem. No caso dos dividendos de fundos cotados no estrangeiro, o investidor deve indicar na declaração de IRS os montantes retidos em Portugal e no estrangeiro. O Fisco aciona o mecanismo de crédito de imposto por dupla tributação internacional para evitar que os rendimentos do contribuinte sejam tributados duas vezes. A fiscalidade é, assim, mais complexa nos fundos cotados.

Os fundos registados em Portugal têm um tratamento diferente: as mais-valias são alvo de uma retenção de 28% pelo intermediário financeiro por conta de IRS. Não é necessário declarar estes ganhos ao Fisco.

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Editor do boletim tlim, uma publicação eletrónica de finanças pessoais. Ex-jornalista. Colaborou durante 20 anos com mais de uma dúzia de publicações, do Expresso à Seleções do Reader's Digest. Não gosta de Economia. Está a escrever o seu terceiro livro sobre investimentos. Eterno aprendiz.

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