Vários recrutadores entrevistam uma mulher

Mais do que um registo da vida profissional, o currículo é uma ferramenta de marketing pessoal cujo objetivo é conseguir uma entrevista de emprego. Ou seja, fazer um bom currículo pode ser a diferença entre conseguir ou não essa chamada.

Afinal de contas, é através deste documento que se dá o primeiro contacto entre candidato e recrutador. Se o currículo não chamar a atenção de quem lê, é mais difícil avançar para a próxima fase do processo.

Dependendo da empresa, os recrutadores podem receber dezenas ou até centenas de currículos para uma vaga. Por isso, é importante que o currículo seja objetivo, relevante e adaptado à função a que se candidata.

Fique a par de alguns aspetos que deve considerar na hora de fazer um currículo.

A importância dos contactos

Embora o percurso e as conquistas profissionais sejam relevantes, comecemos por um ponto essencial: os contactos. Por muito bom que seja o currículo, se se esquecer dos contactos ou se estiverem desatualizados ou incorretos, a chamada para a entrevista fica mais difícil.

Idealmente, esta secção deve aparecer logo no início do seu CV. Inclua contactos telefónicos, um email profissional e, se tiver, um link para a sua página de LinkedIn ou site. Desta forma, garante que o recrutador dispõe de alternativas para o contactar, mesmo que uma delas falhe.

Quanto à morada, pode omiti-la. Basta referir a cidade e o país.

Duas páginas são suficientes

Um currículo deve ser claro e fácil de ler. Na maior parte dos casos, duas páginas chegam para apresentar o essencial. Mais do que isso só se for absolutamente necessário, como perfis académicos ou técnicos mais complexos.

De forma a garantir uma boa organização, a estrutura recomendada deve seguir os seguintes tópicos:

  1. Contactos;
  2. Resumo profissional (é opcional, mas pode ser útil para destacar o perfil e objetivos);
  3. Experiência profissional, da mais recente para a mais antiga;
  4. Formação académica;
  5. Competências técnicas, digitais e linguísticas;
  6. Projetos, voluntariado ou certificações (se forem relevantes);
  7. Interesses pessoais, que, embora opcionais, podem humanizar o perfil.

A carta de motivação não é obrigatória, mas, quando usada, deve ser personalizada e direta. Além disso, envie-a à parte do CV.

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Experiências irrelevantes para a vaga podem ser excluídas

Quem já teve muitas experiências e, sobretudo, experiências diferentes, pode ficar na dúvida sobre se deve ou não inclui-las a todas. Regra geral, pode excluir as experiências mais antigas ou que não acrescentem valor à candidatura.

Por exemplo, se o objetivo for concorrer a uma vaga como Senior Developer, é admissível deixar cair aquele part-time num bar. Ainda assim, há experiências que, embora distantes da função pretendida, podem ter competências transferíveis.

Acima de tudo, as experiências partilhadas no currículo devem trazer valor ao perfil e ser relevantes para a vaga pretendida.

Se tiver incluído o perfil do LinkedIn no CV, o recrutador pode encontrar lá informação adicional se tiver interesse.

E quem não tem experiência?

No polo oposto ao que acabámos de retratar estão as pessoas que ainda têm pouca experiência, como as recém-formadas ou com perfis júnior.

Nestes casos, o destaque pode ir para a formação, projetos académicos, estágios, voluntariado e atividades extracurriculares. Outra dica é incluir um pitch pessoal ou resumo inicial com foco nos seus objetivos e motivações.

Os recrutadores que contratam para estas posições estão, geralmente, sensibilizados para a falta de experiência dos candidatos e saberão valorizar outros elementos relevantes.

Leia ainda: Porque é importante incluir ações de voluntariado no seu curriculum

Demonstre impacto real

Destas duas opções, qual causa mais impacto ao ler? “Tradução de textos” ou “traduzi e editei 10 artigos para publicação internacional”. Um dos objetivos do currículo é criar impacto em quem o lê, e a forma como descrevemos as experiências é uma das formas de o conseguir.

Dizer “organizei um evento para 120 pessoas” é mais impactante do que escrever apenas “organização de eventos”. Os verbos de ação com resultados concretos podem fazer toda a diferença.

Adapte o currículo para os Applicant Tracking Systems

Cada vez mais empresas usam sistemas de triagem automática (Applicant Tracking Systems ou ATS) que analisam os currículos antes de estes chegarem às mãos de um recrutador. Alguns destes sistemas já utilizam até a Inteligência Artificial para ajudar a filtrar os candidatos.

Assim, é importante ter cada vez mais atenção a esta realidade e fazer um currículo que as máquinas consigam ler.

Uma prática importante é guardar o currículo em formato PDF, desde que tenha sido gerado a partir de um editor de texto e não como imagem.

Outras dicas vão ao encontro do que já escrevemos acima, tais como ter uma estrutura que inclua secções essenciais e com títulos claros, e usar verbos de ação e que demonstrem resultados.

Além disso, leia com atenção a descrição da vaga a que se está a candidatar e replique termos específicos e palavras-chave, uma vez que o ATS pode procurar estas correspondências.

Por fim, dê preferência a fontes simples (como Arial e Calibri) e evite abreviaturas e jargões, bem como tabelas e elementos gráficos complexos.

Não esqueça a parte visual ao fazer um currículo

O impacto visual do currículo não deve ser negligenciado. Um CV bem formatado transmite atenção ao detalhe, mas é importante evitar exageros (como cores demasiado fortes) uma vez que o conteúdo e a experiência continuam a ser o mais importante.

Em relação à fotografia, não é obrigatória. Em alguns países do centro da Europa (como a Alemanha) ou Estados Unidos é comum não incluir foto para evitar enviesamentos. No entanto, se quiser mesmo usar, opte por uma fotografia com aspeto profissional e fundo neutro.

Se precisar de ajuda com a parte visual do CV, pode usar plataformas que têm vários modelos pré-definidos, como o Canva.

Leia e releia para detetar erros

Erros e gralhas podem acontecer, mas consegue evitar muitos deles se ler e reler o currículo antes de enviar. Pode até pedir a alguém de confiança que dê uma vista de olhos no seu CV.

É natural que alguém com uma maior distância em relação ao que foi escrito consiga encontrar pormenores que passaram despercebidos.

Guarde em PDF e com um nome profissional

Deve guardar e enviar o currículo em PDF para garantir que a formatação se mantém e que o conteúdo não pode ser alterado inadvertidamente. Este formato garante também que os elementos visuais são apresentados de forma correta. Evite, por isso, envios em Word ou outros formatos editáveis.

Ao mesmo tempo, dê ao ficheiro um nome profissional e que seja identificável pelo recrutador (“Nome – CV”, “CV – Nome” ou “Nome_CV”, por exemplo).

Currículo feito? Sim, mas não para sempre

Procure atualizar o currículo periodicamente com novas experiências, competências e formações. Desta forma, é mais fácil ter uma estrutura pronta a trabalhar quando surgir uma vaga que lhe interesse.

Por fim, tenha presente que não há mal nenhum em inovar e tentar fazer algo diferente com o currículo. Por outras palavras, se sentir que pode trazer-lhe vantagens na hora de conseguir uma entrevista, aposte num currículo mais criativo e que mostre que conhece a empresa a que se candidata.

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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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