Até onde vai subir a Euribor?

Especialistas acreditam que o pico da Euribor será em janeiro de 2024. Até lá, não fique parado e procure soluções para reduzir os encargos.

Falar sobre o que fazer com o seu crédito à habitação é uma responsabilidade muito séria. Por isso, não devemos falar sobre a Euribor de forma leve, nem deve ir atrás de palpites ou tomar decisões precipitadas. Contudo, como é provavelmente a maior despesa mensal - e a mais longa também - que tem, deve estar hiper atento a tudo o que possa afetar a sua prestação mensal do crédito à habitação.

O que dizem os especialistas?

Vou fazer-lhe um breve resumo do que dizem as várias fontes do mercado sobre o que esperam que aconteça no futuro próximo. Com esta informação, deve precaver-se para o que aí vem, sem entrar em pânico, e ao mesmo tempo deve ir reagindo da melhor forma que pode e sabe para tentar manter a sua vida financeira equilibrada.

O Banco Central Europeu (BCE) já avisou que deverá subir mais duas vezes a taxa de juro este ano. Ora, como a Euribor está atualmente nos 4%, e os aumentos do BCE podem ser de 0,25 pontos base, deve esperar, com algum grau de certeza, que a Euribor suba provavelmente até aos 4,5% até ao fim do ano.

Se tiver um spread de 1%, isso quer dizer que, durante vários meses, poderá vir a pagar 5,5% de juro ao banco, mais o seguro de vida. É uma brutalidade que representa um aumento de algumas centenas de euros mensais em relação ao que pagava há um ano. Se tiver a Euribor a 12 meses e tiver o “azar” de ter a renovação no pico da Euribor, isso pode representar um gasto suplementar com o crédito à habitação de vários milhares de euros no ano que vem (2024). Ponha dinheiro de lado.

Vários analistas apontam para janeiro de 2024 como o pico da Euribor. Será que ultrapassará os 4,5%? Não sabemos. Depois, a partir de janeiro, as várias taxas Euribor deverão começar a descer, dizem os especialistas. Baixarão dos 4%, mas em 2024 e 2025 deverão continuar a rondar os 3,5% e manterão a tendência de descida até chegar talvez aos 2,75% em 2026 e devem continuar nesse patamar (com altos e baixos) até 2030. Claro que isto são previsões. Tudo pode mudar. Mas é importante fixarmos estes valores como farol.

Leia ainda: Crédito habitação: Juro médio supera os 4% pela primeira vez em 11 anos

Procure soluções para reduzir os encargos

Por exemplo, se lhe propuserem uma taxa fixa de 4% até ao fim do contrato, claramente parece ser um valor exagerado face às previsões. Estará descansado, mas vai pagar um custo altíssimo por essa estabilidade. Compensará? Só você sabe.

Uma taxa mista a 2 anos, entre os 3 e os 4%, face a estas previsões, poderá ser uma decisão sensata, se conseguir suportá-la. No meu caso, vou tentar manter o rumo, suportando esta subida altíssima, uma vez que poupei muito também quando a Euribor esteve negativa. E como tenho um spread de 0,3%, prefiro amortizar o máximo que posso este ano e nos próximos, em vez de fixar uma taxa. É uma opção minha, não é um conselho. No momento em que escrevo, estou a pagar uma taxa de juro de 3,672%, já com o spread. Para mim ainda é suportável. Em 2008, cheguei a pagar 5,5%.

O importante é aguentar este ano de 2023 no “olho do furacão”. Ainda é cedo para garantir que depois vai baixar, mas é o que apontam as previsões. 

Não se esqueça de que, se ficar mesmo aflito, vender a sua casa pode ser uma opção melhor do que entregá-la ao banco. Eu sei que parece uma solução óbvia, mas continuam a chegar-me relatos de pessoas que simplesmente deixam de pagar as prestações sem tentar sequer negociar com o banco e sem tentar vender a casa e ainda ganhar algum dinheiro. Eu sei que não é normal, mas acontece, por falta de literacia financeira. Há pessoas que simplesmente bloqueiam quando têm problemas financeiros e não conseguem nem pensar, nem agir. É uma triste realidade, que temos de tentar mudar aos poucos. Pondere transferir o crédito para outro banco e tente encontrar outras soluções. Não fique parado. Este é o ano em que deve arregaçar as mangas e agir para baixar o seu crédito à habitação.  

Leia ainda: Quanto custa fazer um crédito habitação?

Pedro Andersson nasceu em 1973 e apaixonou-se pelo jornalismo ainda adolescente, na Rádio Clube da Covilhã. Licenciou-se em Comunicação Social, na Universidade da Beira Interior, e começou a carreira profissional na TSF. Em 2000, foi convidado para ser um dos jornalistas fundadores da SIC Notícias. Atualmente, continua na SIC, como jornalista coordenador, e é responsável desde 2011 pela rubrica "Contas-Poupança", dedicada às finanças pessoais. Tenta levar a realidade do dia a dia para as reportagens que realiza.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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