Mão a abastecer combustível com moedas, ilustrando o preço do combustível

Costuma estar mais ou menos presente nos jornais, rádios e televisões. O preço de combustível não afeta apenas quem tem carro – influencia o custo de vida de todos. Desde o supermercado às encomendas online, tudo pode ficar mais caro quando o combustível sobe.

O preço dos combustíveis é um tema com particular relevância na vida das pessoas, e prova disso é o facto de ter uma procura no Google superior a 100 mil pesquisas por mês, de acordo com algumas ferramentas especializadas.

Portugal é um dos países da União Europeia (UE) com os preços mais altos, tanto no gasóleo como na gasolina simples 95. O impacto é sentido especialmente (ou mais diretamente) quando os consumidores têm de abastecer os veículos, mas o preço dos combustíveis afeta mais do que a fatura no posto de abastecimento.

Como o aumento do combustível afeta os consumidores

É o que chega primeiro à carteira dos consumidores e também aquele que é mais facilmente identificável. Quer o preço dos combustíveis suba ou desça, todos vemos essa diferença espelhada nos mostradores dos postos de abastecimento.

Estas subidas e descidas são anunciadas a cada semana, pelo que é comum vermos uma corrida às bombas em fins de semana que antecedem aumentos expressivos.

Para quem não enche o depósito na totalidade, este impacto é notado pela maior ou menor frequência com que tem de ir abastecer. Por outro lado, quem costuma atestar o depósito sente as atualizações de preço no valor que paga efetivamente.

Entre subidas e descidas, a verdade é que, entre junho de 2015 e junho de 2025, o litro de gasolina simples 95 ficou quase 17 cêntimos mais caro. Já o litro do gasóleo simples subiu quase 31 cêntimos. Estes números têm como base os preços médios mensais disponibilizados pela Direção-Geral de Energia e Geologia.

Feitas as contas, para um veículo a gasolina com um depósito de 50 litros, o preço para atestar passou de 76,20 euros (1,534 euros por litro) para 84,50 euros (1,69 euros por litro). Já num veículo a gasóleo, o preço médio a pagar no posto de abastecimento passou de 61,90 euros (1,238 euros por litro) para 77,20 euros (1,544 euros por litro).

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Quanto custa cada quilómetro?

Esta é outra forma de olhar para o impacto do preço dos combustíveis no dia a dia. Quanto mais altos forem, mais caro fica percorrer um quilómetro. Vamos imaginar que o mesmo veículo com depósito de 50 litros consome, em média, seis litros a cada 100 quilómetros.

Em junho de 2015, estes 100 quilómetros custavam 9,20 euros a gasolina e 7,43 euros a gasóleo, Em junho de 2025, custou 10,14 euros e 9,27 euros, respetivamente.

O aumento expressivo de 2022: O que mudou?

Em 2022, na sequência na invasão da Ucrânia pela Rússia, o preço dos combustíveis disparou. O pico chegou em junho, quando a gasolina simples 95 custou, em média, 2,131 euros por litro e o gasóleo atingiu os 1,982 euros por litro.

O tal depósito de 50 litros passou a custar 106,55 euros num veículo a gasolina e 99,10 euros num veículo a gasóleo.

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Impacto no supermercado e nos bens essenciais

O combustível está presente no nosso dia a dia, mesmo quando não pensamos nisso. Mesmo que não tenhamos carro. E mesmo que não tenhamos sequer carta de condução.

Assim, um aumento acentuado e continuado do preço pode ter impacto em todo o que consumimos. Desde as compras do supermercado à roupa, passando até pelas encomendas que recebemos em casa.

Por que sobem os preços nos produtos?

Antes que um produto chegue às nossas mãos, tem de passar por toda uma cadeia de produção e de logística. Os legumes que pomos no prato tiveram de ser apanhados por alguém, possivelmente com recurso a meios que usam alguma fonte combustível para funcionar. Depois disso, tiveram de ir para o supermercado em camiões.

O mesmo acontece com tantas outros bens e pode até chegar aos custo de envio de uma encomenda. Afinal, se a transportadora vir os custos com combustível aumentar, pode sentir necessidade de refletir essa diferença junto do vendedor. Este, por sua vez, pode ou não passá-los para o consumidor final.

Isto não acontece de um dia para o outro e o aumento dos preços do combustível numa semana não vai automaticamente influenciar o valor de tudo o resto. Alguns retalhistas podem conseguir acomodar estes aumentos através de uma redução temporária das margens de lucro.

No entanto, mais tarde ou mais cedo, o preço pode mesmo chegar aos consumidores.

carro a abastecer combustíveis

Portugal no contexto europeu: Preços dos combustíveis

De acordo com o boletim sobre os preços dos combustíveis no primeiro trimestre de 2025 da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), Portugal é um dos 10 países da UE com os preços mais altos.

Na gasolina simples 95, o preço médio de venda já com impostos incluídos foi de 1,746 euros por litro em Portugal (o oitavo mais caro) contra 1,607 euros de média na UE.

Já no gasóleo simples, Portugal teve um preço médio de venda de 1,635 euros por litro (o nono mais alto), enquanto a média da UE foi 1,577 euros por litro.

A carga fiscal é também superior à média da UE nos dois tipos de combustível. No caso da gasolina, os impostos representaram 55,1% do preço final. Aqui, a média da União Europeia é 53,8%.

Já na caso do gasóleo, a carga fiscal portuguesa é 49,5% contra 48,2% na UE.

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Preço de combustível: Perguntas frequentes

O impacto é direto e em cadeia:

  • O transporte de bens depende fortemente de combustíveis, especialmente o diesel.
  • O aumento do custo logístico é repercutido nos preços dos produtos, desde alimentos até bens essenciais.
  • Mesmo quem não tem carro sente o efeito no custo de vida, pois o combustível afeta toda a cadeia de distribuição.

Sim. Portugal está no top 10 dos países da UE com os combustíveis mais caros:

  • A carga fiscal é uma das mais elevadas da Europa, com impostos a representar até 65% do preço da gasolina.
  • Comparado com Espanha, os combustíveis em Portugal podem ser até 21 cêntimos mais caros por litro.

Sim, e de forma significativa:

  • O Governo tem atribuído apoios extraordinários aos operadores de transportes públicos para compensar o aumento dos combustíveis.
  • Sem esses apoios, o custo seria repercutido nos preços dos bilhetes, afetando diretamente os utilizadores.
  • O setor dos transportes alerta para o risco de redução de serviços ou aumento de tarifas se os preços continuarem a subir.

Os preços são influenciados por:

  1. Cotação internacional do petróleo (Brent).
  2. Taxas de câmbio, especialmente euro/dólar.
  3. Impostos (ISP, IVA, taxa de carbono).
  4. Custos de refinação, transporte e distribuição.
  5. Incorporação de biocombustíveis, como etanol e biodiesel.

É um imposto fixo por litro sobre combustíveis fósseis, sendo uma das taxas aplicadas sobre a compra de combustíveis.

IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado), que incide sobre o valor total, incluindo ISP e margens da bomba de gasolina. Além disso, é aplicada uma taxa de carbono, uma contribuição ambiental sobre emissões de CO₂ associadas ao combustível.

Não. A cotação do petróleo (mais os custos de transporte do crude) ocupa uma fatia de menos de 30% do preço. Os impostos são os que mais pesam no preço final (cerca de 50%).

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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