Na hora de investir as suas poupanças, a maioria dos portugueses revela um perfil conservador, optando por produtos que ofereçam risco mínimo de perda de capital. Esta é uma das principais conclusões do 2º Barómetro Doutor Finanças, numa edição dedicada aos Hábitos de Investimento, realizado pela Universidade Católica-Lisbon, em parceria com o Doutor Finanças.
No estudo, quando questionados sobre os produtos em que já investiram, praticamente metade dos inquiridos (49%) apontou os depósitos a prazo, 38% os Planos Poupança Reforma (PPR) e 35% os certificados de aforro ou do Tesouro. Uma seleção que reflete “a tradicional preferência portuguesa por aplicações seguras e de baixo risco”, sublinha o relatório.
Assim, sem surpresa, os depósitos a prazo são o produto que reúne maior consenso entre os portugueses, apesar da rendibilidade cada vez mais baixa. Os últimos dados do Banco de Portugal mostram que a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares diminuiu pelo 19.º mês consecutivo, em julho, passando de 1,43% para 1,39%. Não obstante, o montante de novas operações de depósitos a prazo de particulares aumentou 1.516 milhões de euros, para um total de 12.164 milhões de euros.
Longe da liderança, mas como opções populares, surgem o ouro/prata, as ações e os fundos de investimento, apontados por 39%, 29% e 22% dos inquiridos, respetivamente, como ativos em que já aplicaram algum dinheiro.
“Investimentos em ETF (14%) e criptomoedas (10%) têm menor expressão, indicando uma cautelosa abertura a ativos de maior risco”, lê-se no estudo.

Na mesma linha, quando questionados acerca do produto em que mais investem, 24% dos participantes responderam depósitos a prazo, 18% PPR e 15% certificados de aforro ou Tesouro. “O destaque para produtos de baixo risco, em detrimento de opções como ações (8%) ou criptomoedas (4%), reforça que a principal prioridade é a percepção de preservação do capital, e não o crescimento mais agressivo. Esta escolha reflete uma cautela enraizada na cultura financeira portuguesa”, destacam os responsáveis pelo inquérito.

Quase metade dos portugueses não tolera desvalorização dos investimentos
A preferência dos portugueses por produtos com capital garantido, ou risco mínimo, está em linha com o elevado nível de intolerância ao risco, identificado no barómetro, na análise de tolerância a perdas.
No estudo, quase metade (48%) dos participantes declarou só ter produtos de capital garantido, não tolerando qualquer desvalorização, o que é coerente com a predominância de depósitos e certificados de aforro nas carteiras.
Para quem assume risco, a tolerância é baixa: 15% só suporta perdas até 5%, e 13% aceita entre 6% e 10%. Apenas uma minoria (3%) tolera quedas entre 21 e 30%. “Estes dados confirmam que a preservação do capital é prioritária, e a exposição à volatilidade dos mercados é mínima e muito controlada na maioria dos casos”, refere o relatório.
Esta análise é corroborada na auto-avaliação do perfil de investidor dos inquiridos: 49% reconhece ter um perfil conservador, 41% um perfil moderado, e apenas 6% um perfil agressivo.

“Os 49% que se identificam como conservadores explicam a predominância de produtos de baixo risco (como depósitos a prazo e certificados de aforro) e a baixa alocação percentual do rendimento. Os 41% moderados justificam a abertura a fundos ou PPR, mantendo uma abordagem cautelosa. Os 6% agressivos corroboram a reduzida exposição a ativos voláteis, como ações ou criptomoedas”, sustentam os responsáveis.
Conheça as principais conclusões do barómetro aqui.
Ficha técnica: Este inquérito foi realizado pelo Centro de Estudos Aplicados (CEA) da Universidade Católica-Lisbon em colaboração com o Doutor Finanças, entre os dias 31 de julho e 28 de agosto de 2025. O universo-alvo é composto por indivíduos com 18 ou mais anos residentes em Portugal. Os inquiridos foram selecionados aleatoriamente a partir de uma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 701 inquiridos é de 4%, com um nível de confiança de 95%.
