A última década foi uma verdadeira montanha-russa para quem acompanha as taxas de juro em Portugal. Depois de anos em mínimos históricos, os juros dispararam entre 2022 e 2023, numa tentativa de travar a inflação. Agora, desde 2024, voltaram a descer. Com uma Euribor média nos 2,1% e previsões de estabilização até ao final do ano, abre-se um novo capítulo, cheio de oportunidades, mas também de armadilhas.
Para quem poupa, insistir em depósitos e contas-poupança com retornos abaixo da inflação é, na prática, aceitar perder poder de compra. A descida das taxas de juro não é apenas um dado técnico, é um sinal claro de que está na hora de diversificar. Fundos multiativos, obrigações de empresas sólidas, fundos de ações globais: há alternativas. Mas exigem visão de longo prazo e uma estratégia bem pensada (e a capacidade de correr mais riscos). O comodismo dos depósitos pode parecer seguro, mas é um risco disfarçado.
Já quem tem crédito à habitação ou outros empréstimos enfrenta um dilema clássico. A tentação de amortizar para “dormir descansado” é forte. Mas será racional? Se o custo do crédito for inferior ao potencial de retorno de um investimento, manter o empréstimo e aplicar o excedente pode ser mais inteligente. Claro que investir implica aceitar flutuações, e nem todos têm perfil para isso. A idade, o grau de aversão ao risco e a necessidade de liquidez são fatores decisivos. E há ainda os custos associados à amortização antecipada: até 2% nos contratos com taxa fixa, até 0,5% nos de taxa variável (ainda que esta penalização esteja suspensa até ao final de 2025). Ou seja, além de não aplicar esse valor num produto financeiro, ainda se incorre num custo imediato.