Boas finanças é um trabalho de equipa

Trabalhe as finanças da sua família em conjunto. O trabalho de equipa é fundamental para que todos contribuam de forma consciente.

Se cuida das suas finanças pessoais sozinho, é mais fácil. Consegue decidir sem discussões (espero), pode gastar o que quiser e pode fazer os sacrifícios financeiros que achar apropriados sem ter de lidar com a frustração de terceiras pessoas ou sem ficar com a consciência pesada de não comprar alguma coisa para os filhos a quem por vezes não consegue dizer que não.

Por outro lado, a menos que o seu salário seja elevado, o dinheiro que tem disponível para gerir também é menor. Ou seja, se ganha mil euros e 600 vão para a renda de uma casa, os 400 euros que lhe sobram quase não dão para nada. Se um casal ganhar 2.000 euros no conjunto, após a renda da casa sobram 1.400. É uma diferença substancial, apesar de muitas das despesas serem também a multiplicar por dois.

Mas sempre que há duas pessoas e uma quantidade de dinheiro disponível limitada, é certo e sabido que os conflitos vão surgir. Isso não tem nada de mal, desde que ambos saibam chegar a um consenso.

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A forma "certa" de organização

Um dos principais motivos de discussão entre casais é justamente o dinheiro. Há várias formas de organização e não há uma que seja certa. Certa é aquela que funciona convosco.

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Introdução às Finanças Pessoais
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Há casais que têm contas separadas e dividem todas as despesas. Cada um gere o que ganha como muito bem entende. Cada um faz o seu próprio PPR ou investe a parte que é dele como quer. Ou gasta desalmadamente. Nenhum problema até que o que gasta desalmadamente pede emprestado ao que é mais “poupado”. Ou um quer ter objetivos comuns e o outro prefere “viver a vida”. 

Por outro lado, há casais que têm a mesma conta conjunta onde ambos recebem os seus salários e todas as contas são pagas a partir dali e traçam objetivo de poupança e investimento comuns. E há outras formas de organização financeira também. Como lhe disse, desde que funcione, está tudo bem.

O que lhe quero transmitir nesta crónica é que, quando há um objetivo comum, é muito importante que remem todos para o mesmo lado. Até os filhos, desde muito cedo, percebem que podem fazer parte da “equipa”.

Trabalho de equipa

Criem objetivos palpáveis e atingíveis e que sejam claros para todos: um equipamento, um carro, uma casa, uma ida à Disney, uma viagem a um país que sempre quiseram conhecer, antecipar a reforma ou a compra de uma casa num local em que ambos sonharam. Ou, começando pelo princípio, um fundo de emergência para segurança da família. Este último objetivo é uma chatice e nada “sexy”, mas é o mais importante.

Costumo, nas formações que dou em empresas ou instituições, dar o exemplo de casais em que um está a tentar encher uma banheira e o outro está sempre a tirar a tampa. Não vai funcionar. 

Sente-se com o seu parceiro uma destas noites e peguem numa folha de papel e façam algumas contas simples. Decidam como querem organizar as vossas finanças pessoais e digam um ao outro qual é o principal objetivo financeiro que têm. Esse objetivo é individual. Depois tracem um objetivo financeiro comum, em que ambos vão trabalhar em conjunto.

Definam quanto vai custar cada um desses objetivos. Depois calendarizem o objetivo. Cada um deles deverá ser atingido no ano que vem? Daqui a 5 anos? Daqui a 15? Daqui a 20? Quanto dinheiro teriam de reservar por mês para atingir esses alvos financeiros?

A seguir façam outra conta: se colocassem esse valor por mês numa ferramenta que rendesse 2% ao ano chegavam lá mais cedo? E se conseguissem um produto que rendesse 5%, ou 7 ou 8%? E refaçam as vossas contas. Talvez descubram - com surpresa - que afinal o sonho não é assim tão irrealista ou que o podem atingir mais cedo do que pensam.

Em todo o caso, voltemos ao conceito de equipa. Todos devem conhecer os objetivos da família. Se o objetivo, por exemplo (vamos a um simples), é comprar uma consola de jogos para o filho, é mais fácil perguntar-lhe quando ele quiser alguma coisa: “Mas queres isto agora, ou vamos colocar esse dinheiro no mealheiro do teu objetivo?”.

Para os adultos também funciona assim. Se eu comprar uma televisão nova só porque já é 8K enquanto esta ainda está boa, isso vai atrasar-me quanto tempo em relação ao meu objetivo?

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Falar de dinheiro não pode ser tabu

Regularmente (uma vez por mês), juntem-se e avaliem como está a correr o vosso plano. Estão adiantados? Estão atrasados? Precisam alterar os objetivos ou os planos?

O importante é que ambos percebam que falar sobre dinheiro não deve ser tabu. É uma parte importante da nossa vida e que deve ser falada com naturalidade. Caso contrário, geram-se mal entendidos e falta de confiança.

O pior que pode acontecer é esconderem a situação financeira um do outro ou esconderem gastos com medo da reação. Mais cedo ou mais tarde, as contas aparecem. E mesmo as dívidas são resolvidas mais rapidamente se forem dois a contribuir e não apenas um.

Mas para que tudo corra bem, e se quiser pôr as contas da sua família em ordem, é obrigatório que TODOS estejam no mesmo barco. Sem isso, bem pode remar para a frente que o barco não vai avançar. Pode ser necessário um esforço adicional, mas com comunicação e honestidade é possível.

Defina objetivos intermédios, definam funções e distribuam tarefas: um procura informações sobre investimentos, outro fica de abrir uma conta bancária, outro faz a folha de Excel que vai acompanhar os planos, quem pode ter algum rendimento extra, etc.

Transforme as finanças da sua família num trabalho de equipa. Funciona!

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Pedro Andersson nasceu em 1973 e apaixonou-se pelo jornalismo ainda adolescente, na Rádio Clube da Covilhã. Licenciou-se em Comunicação Social, na Universidade da Beira Interior, e começou a carreira profissional na TSF. Em 2000, foi convidado para ser um dos jornalistas fundadores da SIC Notícias. Atualmente, continua na SIC, como jornalista coordenador, e é responsável desde 2011 pela rubrica "Contas-Poupança", dedicada às finanças pessoais. Tenta levar a realidade do dia a dia para as reportagens que realiza.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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