Extração e mineração das criptomoedas

Se é um curioso por criptomoedas deve conhecer vários termos. Sabe o que é o Proof-of-Work e o Proof-of-Stake?

Quando decidimos investir, devemos munir-nos do maior volume de informação que conseguirmos. Devemos perceber a lógica dos investimentos, aconselharmo-nos com quem sabe e reunir toda a informação que possa ajudar a tomar decisões de forma mais consciente.

As criptomoedas têm atraído cada vez mais curiosos. Os termos e conceitos associados a este tipo de ativos nem sempre são de fácil compreensão. Por esta razão, temos vindo a escrever sobre eles. No ABC da Criptomoeda abordámos várias questões essenciais para quem está a entrar neste universo.

Neste artigo, vamos abordar o Proof-of-Work e Proof-of-Stake para que quem está a ponderar investir em criptomoedas perceba melhor os sistemas que estão por detrás desta tecnologia.

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Proof-of-Work e Proof-of-Stake

De uma forma simples, Proof-of-work (PoW) e Proof-of-Stake (PoS) são duas formas diferentes de extrair uma moeda criptográfica.

Em maior detalhe, a PoW e a PoS são mecanismos de consenso, concebidos para resolver a questão da confiança dentro da blockchain. O facto de estes mecanismos de consenso estarem muito assentes em criptografia, é a razão pela qual se chamam criptomoedas.

A distinção entre ambos, parecendo apenas uma questão técnica, reflete diferenças fundamentais de abordagem para alcançar os objetivos das redes de criptomoeda, nomeadamente, questões-chave de segurança da rede, sustentabilidade ambiental, barreiras à entrada e obtenção da descentralização.

As referências à blockchain como Trustless, ou seja, um ambiente onde não existe uma “autoridade” central, refletem este mesmo princípio básico: o objetivo da blockchain é garantir que as transações sejam aplicadas e registadas como pretendido, sem necessidade de haver confiança entre as partes ou de um intermediário.

Para que isto seja possível, a rede tem de ser concebida de modo que seja impossível - ou, pelo menos, altamente inviável - aos participantes utilizar duas vezes a mesma moeda ou fazer retroceder transações anteriores.

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Proof of Work (PoW)

Proof-of-Work (PoW) é um sistema pioneiro que, existindo antes da Bitcoin (BTC), se tornou uma peça fundamental no mundo das criptomoedas. Por esta razão, o mecanismo é por vezes referido como o Consenso Nakamoto, incorporando o pseudónimo de inventor, ainda misterioso da moeda.

Na PoW Blockchain, a decisão maioritária (consenso) é representada pela regra "longest-chain-wins". Isto significa que os participantes na blockchain aceitam a cadeia de blocos mais longa como sendo a única válida.

A regra impede a existência de múltiplas cadeias, cada uma delas refletindo diferentes versões da história, lado a lado. Quanto mais longa for a versão consensual da cadeia de blocos, mais poder computacional e recursos serão necessários para - em teoria - a reverter.

Para que a regra da cadeia mais longa funcione com segurança, a adição de novos “blocos” à cadeia, (daí Blockchain) foi concebida para ser difícil - ou seja, para ser ao mesmo tempo dispendiosa e demorada. Os participantes da rede competem para resolver puzzles criptográficos complexos e tornam-se os primeiros na rede a validar com sucesso cada novo bloco. Metaforicamente, este processo é referido como "mineração".

Um problema do tipo PoW requer múltiplas e repetidas tentativas - consumindo um poder informático significativo ("trabalho") - antes de ser resolvido com sucesso. É em grande parte uma questão de tentar novamente, falhar novamente, falhar melhor...

Mineração PoW de Bitcoin

Como Satoshi Nakomoto explicou "a cadeia mais longa, não serve apenas como prova da sequência de eventos testemunhados, mas também que provém de uma maior utilização de recursos".

A partir deste princípio, podemos compreender que o sistema PoW requer recursos informáticos significativos para a sua manutenção.

Isto levou os defensores da inclusividade e descentralização a argumentar que, à medida que a rede Bitcoin cresce, o mining tornou-se o privilégio quase exclusivo daqueles que possuem os meios para se manterem competitivos, investindo no hardware mais sofisticado e poderoso.

Este processo tem outra implicação significativa: a alimentação do hardware necessário para a exploração mineira da rede Bitcoin consome níveis de eletricidade comparáveis aos das pequenas nações - um preço que alguns críticos argumentam ser demasiado elevado numa era de crescente preocupação com as alterações climáticas.

Proof-of-Stake (PoS)

Tal como a PoW, a PoS foi concebida para alcançar um consenso sobre as transações - ou seja, chegar a acordo sobre uma versão única e partilhada da história.

Nas redes que utilizam a PoS, os vários elementos da rede comprometem-se a validar os blocos, em vez de atribuir os seus recursos informáticos ao mining dos mesmos. É através deste processo de validação que são recompensados.

Dentro destas redes, a segurança e o consenso são alcançados pelos participantes e um algoritmo complexo que relaciona a quantidade de moeda de cada investidor, há quanto tempo está na rede e o número total de participantes.

Qual deles será o algoritmo do futuro?

Enquanto o PoW foi amplamente testado e torna a toda a rede completamente segura, a sua escalabilidade está a criar enormes desafios. Adicionalmente, o mining por PoW necessita de um elevado consumo de energia, tornando-se muito criticado.

O futuro da PoS está intimamente ligado com a capacidade de uma rede demonstrar a sua capacidade segurança e aplicabilidade. A Ethereum está a planear a passagem de PoW para PoS, que será um ponto de viragem, não só para a moeda, mas também para o algoritmo.

De momento o PoW é o algoritmo mais utilizado, mas o PoS tem vindo a conquistar alguns adeptos.

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Sérgio Cardoso nasceu em Matosinhos, em 1979. Licenciado em Gestão pela Faculdade de Economia do Porto, frequentou The Lisbon MBA, que concluiu em UCLA. Fez grande parte da carreira profissional em media e entretenimento. Atualmente, é Chief Academic Officer no Doutor Finanças, sendo responsável pela Academia do especialista em finanças pessoais, dinamizando toda a área de formação. É ainda consultor, dedicando-se a ajudar empresas nas várias áreas da gestão, o que lhe permite acumular experiências que transmite aos alunos da licenciatura de Gestão, da UCP, onde é professor assistente.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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