A qualidade da escrita. O brilhantismo de um trocadilho bem feito. O saber contar uma ‘estória’. Estas são três das possíveis respostas à pergunta inicial. Este artigo, que nasce da constatação, na primeira pessoa, do poder de um bom exercício de storytelling para fechar com sucesso a venda de um artigo em segunda mão, pretende demonstrar o poder da escrita criativa.
Tendo em conta o potencial que o universo da venda em segunda mão tem atualmente, esta pode muito bem ser a sua próxima aposta, no que a um rendimento extra diz respeito.
O reforço do seu orçamento não tem forçosamente de partir de um cenário de dificuldade financeira. Pode, simplesmente, ser o resultado de um verbo muito em voga nos últimos anos: destralhar - o ato de olhar para tudo aquilo que já não usamos nem prevemos voltar a usar e dar-lhe um novo destino.
Se o vamos fazer, porque não fazê-lo ‘fora da caixa’? É aqui que entra a escrita, a capacidade de criar um enredo de apresentação do produto tão interessante, mas tão interessante, que a compra se torna como que irresistível.
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Vender com alma, comprar com o coração
Simplificando, podemos definir storytelling como a arte de contar, desenvolver e adaptar histórias, que devem ter sempre a personagem, que ocorrem num determinado ambiente; que vive um conflito e que nos conduz até à mensagem. Ou seja, o nosso texto tem de ter princípio, meio e fim, e muito importante: deve criar uma ligação emocional com quem nos lê.
Façamos um breve exemplo. Um apaixonado por fotografia foi ‘acumulando’ máquinas que respondiam às suas skills em determinados momentos, mas que, com a contínua aprendizagem, foram exigindo máquinas mais evoluídas. O que fazer às que ajudaram a dar os primeiros passos? Vendê-las.
Há dois caminhos possíveis:
“Vendo Canon Modelo XPTO. Lente progressiva. Ótimo estado de conservação. 7630 disparos, como nova! Com as caixas originais. Motivo de venda: adquiri novo equipamento.
“Vendo Canon Modelo XPTO. Caríssimos apaixonados por fotografia, principiantes de tão nobre arte, saibam que nunca a vou esquecer. Mas, não faz sentido continuar com ela. Posso garantir-vos que se trata de uma verdadeira confidente: guarda todos os ângulos desastrosos, os pontos erradamente desfocados, os piores enquadramentos, os terríveis jogos de luz... e sabem o que fez com tudo isto? Ao longo dos seus 7630 disparos, corrigiu e melhorou, graças ao seu sistema único de edição automática! Agora que já não temos mais aventuras para viver juntos, conformei-me: levem-na lá para vossa casa”.
Diga lá: em qual clicava mais depressa?
Em praticamente todas as situações, fazer bem e fazer mal dará o mesmo trabalho, o que ainda é mais verdade quando, ao fazer mal, temos de fazer novamente. Da próxima vez que escrever um anúncio, dê asas à sua imaginação.
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Sérgio Cardoso nasceu em Matosinhos, em 1979. Licenciado em Gestão pela Faculdade de Economia do Porto, frequentou The Lisbon MBA, que concluiu em UCLA. Fez grande parte da carreira profissional em media e entretenimento. Atualmente, é Chief Academic Officer no Doutor Finanças, sendo responsável pela Academia do especialista em finanças pessoais, dinamizando toda a área de formação. É ainda consultor, dedicando-se a ajudar empresas nas várias áreas da gestão, o que lhe permite acumular experiências que transmite aos alunos da licenciatura de Gestão, da UCP, onde é professor assistente.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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