É preciso ter uma empresa muito grande para ter grandes resultados.

É preciso faturar muito, para ter resultados.

É preciso ter uma equipa grande para ter resultados.

Será?

Estas são algumas das dúvidas que assolam muitos empreendedores recentes ou mesmo com alguma experiência, e geralmente acentuam-se em tempos de paragem, ou seja, em período de férias ou momentos em que é necessário planear.

Trabalho diretamente com empresários do setor imobiliário há mais de 15 anos, e lido com pessoas deste setor há mais de 30, sem contar o que observava em criança quando alguns promotores ou investidores passavam férias comigo e com os meus pais.

Com base na minha experiência, tenho de discordar das três afirmações iniciais.

A dimensão de cada empresa não deve ser posta em causa, o que deve, sim, ser posto em causa é a sua capacidade de atingir os objetivos a que se propôs. E se os objetivos estão a ser cumpridos com resultados, então o que pode ser posto em causa não é a dimensão da empresa, mas sim a dimensão dos objetivos que cada um almeja para si, como propósito.

Eu sou muito pragmático. Acredito que quando se empreende, o projeto ou a empresa tem de servir o empresário e não a dimensão que os outros acham que é sinónimo de resultados.

Se a empresa tem um sistema que funciona, e se esse sistema é capaz de compensar os objetivos de quem os define com resultados e lucro, então a dimensão é apenas um fator que define a ambição de quem a gere. E essa ambição pode ser megalómana, ou pode ser apenas a simples ambição de ganhar qualidade de vida, sendo que cada pessoa tem o seu ideal de qualidade de vida.

Mais importante do que crescer é saber construir a base para que isso aconteça naturalmente de forma sustentada. Sobre isso, deixo aqui a minha visão, inspirado num empreendedor que muito admiro, Mirco Gasparotto, e que fala acerca das minhas crenças sobre empreendedorismo e resultados:

1 – O empresário não tem de ser um sofredor

As contas da empresa, os impostos, a planificação, a estratégia, os colaboradores, os fornecedores, os clientes. Sou confrontado com esta realidade absorvente todos os dias, e poderia pensar que ir de férias seria possivelmente a minha última prioridade. Mas não, não penso assim, porque desta forma, para mim, mais valia ser empregado, onde a pressão diminui, mas o potencial de resultados também. Quem empreende tem de ter uma visão diferente, mais confiante, mais conformada com o risco e mais assertiva. Caso contrário, faz do seu projeto a sua vida, com medo de perder o controlo, e da sua vida, uma prisão de sofrimento. Ser empreendedor é realização e não sofrimento, mesmo que seja difícil acreditar nisto nos primeiros tempos ou em tempos difíceis. É nisto que se tem de concentrar para pensar com clareza.

2 – Não é necessário ser o primeiro a chegar e o último a sair

A ideia instituída é que, quanto mais tempo dedicamos à empresa, mais resultados teremos. Para mim, e para quem procura qualidade de vida, esta ideia é antiquada e não se centra em delegar e alavancar para obter mais resultados, sejam eles financeiros ou de qualidade de vida, medida pela equação valor – tempo. O melhor exemplo que se pode dar é o da competência, da comunicação, da gestão, da relação, e não do tempo em horas presente na empresa. Ser o primeiro a entrar e o último a sair todos os dias não significa sucesso, significa incapacidade para delegar e crescer.

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3 – Quem empreende, deve tirar férias sempre que possa ou necessite

Na minha opinião, o empresário deve ir de férias sempre que achar que pode ou deve descansar. Para mim, tempos de paragem são essenciais para descontrair da pressão dos resultados e criar clareza para avaliar, pensar e recalibrar. A verdade que defendo é que quem empreende pode descansar, mas nunca pode desligar. Hoje, estar contatável e atento a todas as oportunidades que podem surgir é chave. 

4 – Equipa não é família

A empresa não é como uma família, a empresa não é como um filho, a empresa é um projeto comum, sim, mas um projeto em que se espera resultados sem desculpas e condescendências. É por isso que, na minha opinião, não se deve misturar as coisas. A empresa é um meio para gerar resultados e alavancagem, a família é o centro.

5 – A partilha com quem empreende enriquece-me e não me enfraquece

As formações teóricas, práticas e mesmos as motivacionais são importantes, mas não têm o poder de alavancagem que o networking e partilha podem trazer. Não há melhor transmissão do conhecimento do que falar com outros que passaram e passam todos os dias por experiências que está, ou poderá vir, a passar. Muito importante, pare de escutar quem nunca construiu nada e nunca empreendeu realmente.

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6 – Sair da zona de conforto é importante, mas saber qual é realmente a minha zona de conforto é mais

Quando fazemos algo muito bem feito, somos competentes, gostamos realmente do que fazemos e trabalhamos todos os dias para o fazer melhor, sabemos que é paixão. Quando a paixão nos desafia para algo novo e nos assustamos e entusiasmamos com essa possibilidade, começamos a empreender por nos forçarmos a sair da nossa zona de conforto à procura dos resultados que acreditamos que podemos atingir.

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