A maioria dos portugueses continua a optar por um perfil mais conservador, quando aplica o seu dinheiro em produtos financeiros. A segurança é, assim, o primeiro critério das famílias, que antecede mesmo a rentabilidade.  

Entre os inquiridos pela Católica para o primeiro Barómetro Doutor Finanças sobre Hábitos Financeiros, 42% aponta o nível de segurança dos ativos como principal razão para investir. A rentabilidade ocupa o segundo lugar, mas por larga margem face ao primeiro motivo (22%). 

Ao contrário de outras características do investidor português, a diferença entre sexos não mexe diretamente com as razões de escolha dos ativos, já que não existem grandes disparidades estatísticas. 

Apenas 13% recorre à recomendação de especialistas 

Assim, por exemplo, as recomendações dos especialistas servem como critério para apenas 7% dos homens inquiridos e para 6% das mulheres que responderam ao inquérito. Por sua vez, as recomendações de conhecidos são um critério para 4% dos indivíduos de sexo feminino e 3% do sexo masculino. 

A segurança, em conjunto com o risco, é um fator importante para determinar o perfil de investidor, ainda que este perfil não seja definido por uma única variável. De uma forma prática, há quatro perfis de investidor, que nos ajudam a perceber de que forma devemos aplicar as nossas poupanças.  

O investidor conservador é aquele que não quer, de maneira nenhuma, perder dinheiro. Procura produtos com a garantia do capital investido, com prazos de vencimento mais curtos, que, por norma, estão associados a uma menor rendibilidade. Este investidor pode até nem ganhar nada, desde que o dinheiro que aplicou esteja seguro.  

Quanto maior a tolerância ao risco (e menor necessidade de segurança) o perfil pode tornar-se moderado ou até agressivo.  

Leia ainda (e descubra o seu perfil): Qual é o seu perfil de investidor? 

Depósitos e certificados no topo do menu  

Este perfil mais conservador reflete-se nos ativos escolhidos pelos investidores nacionais. Ao todo, apenas 52% dos inquiridos investem ou já investiram, sendo que 29% aplica o seu dinheiro em depósitos a prazo.  Aliás, entre os que dizem investir num só produto, 17% acabam por optar por este tipo de instrumento de poupança.  

Os certificados de aforro são o segundo produto mais procurado (15%), seguido das ações (10%) e outros produtos, como imobiliário (11%) e do investimento em fundos (9%). Da amostra, 4% aplicam o seu dinheiro em criptoativos. 

O Barómetro Doutor Finanças dá ainda conta que quando precisam de ajuda para investir, os portugueses preferem o auxílio de um familiar ou amigo (13% da amostra inquirida pela Católica) do que um gestor financeiro (10%).  

Também no campo do aconselhamento, a banca tradicional é a que ganha mais destaque, já que 19% dos respondentes diz que que prefere a colaboração deste tipo de instituições.  

Ainda assim, a maioria prefere investir sem ajuda, tendo 49% dos inquiridos dito que aplicam o seu dinheiro em produtos financeiros, de forma independente. Os homens (28%) são o que mais preferem investir sozinhos.  

Banca tradicional domina entre intermediários 

Dos investidores para os intermediários, as instituições financeiras são as principais protagonistas, quando o tema é investimento.  

A maioria dos portugueses (58%) aplica o seu dinheiro em produtos financeiros através da banca tradicional. Entre os investidores nacionais, 48% recorrem exclusivamente aos bancos para este tipo de atividade. 

A banca tradicional é sobretudo preferida por mulheres, que compõem 31% da amostra de pessoas que dizem recorrer a este tipo de intermediários para investir, enquanto os homens representam uma fatia de 27%. 

Por outro lado, apenas 23% recorrem a plataformas de investimento e só 16% utilizam estes intermediários de forma exclusiva. Já quando questionados sobre o recuso a corretoras online, apenas 14% contam com este tipo de intermediário. 

O intermediário a que as famílias menos recorrem são mesmo os bancos de investimento, que contam com uma percentagem de apenas 8%.   

Ficha técnica: Este inquérito foi realizado pelo Centro de Estudos Aplicados (CEA) da Universidade Católica Portuguesa em colaboração com o Doutor Finanças, entre os dias 2 e 17 de abril de 2025. O universo-alvo é composto por indivíduos com 18 ou mais anos residentes em Portugal. Os inquiridos foram selecionados aleatoriamente a partir de uma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. Para garantir a representatividade da amostra, esta foi ponderada por sexo, idade, escolaridade e residência. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 700 inquiridos é de 4%, com um nível de confiança de 95%. 

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