Artigo elaborado no âmbito da unidade curricular Projeto Integrador da Licenciatura em Gestão da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

A expressão “bem-estar financeiro” tem sido cada vez mais utilizada, mas é importante compreender o que está realmente em causa: o que contribui para esse equilíbrio e o que podemos fazer para o manter.

Neste sentido, foi desenvolvido um projeto por cinco alunos finalistas da Licenciatura em Gestão da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, com o objetivo de perceber como se mede o bem-estar financeiro. Além disso, foram identificadas algumas medidas que promovem maior segurança e estabilidade na vida financeira das pessoas.

Consulte ainda o estudo Bem-Estar Financeiro em Portugal do Doutor Finanças, um retrato da situação financeira dos portugueses.

O que é o bem-estar financeiro?

Primeiramente, é importante compreendermos o que se entende por bem-estar financeiro.

O bem-estar financeiro está relacionado com o grau com que os indivíduos conseguem satisfazer as suas necessidades e compromissos financeiros atuais, lidar com imprevistos financeiros negativos, sentir-se seguros em relação ao seu próprio futuro financeiro e ter a capacidade de tomar decisões que lhes permitam alcançar os seus objetivos financeiros futuros (OCDE, 2023). 

De acordo com a literatura, este conceito é medido com base em três dimensões fundamentais: a ansiedade financeira, o conhecimento financeiro e a segurança financeira. E é sobre estes conceitos que nos vamos debruçar.

As três dimensões do bem-estar financeiro

Antes de avançarmos, importa perceber estes três conceitos:

Ansiedade financeira

Descrita como um sentimento de ansiedade ou preocupação em relação à própria situação financeira, em que os indivíduos têm uma atitude desconfortável e pouco saudável em relação ao envolvimento e à gestão eficaz das suas finanças (Vieira et al., 2021).

Conhecimento financeiro

Mede o entendimento que os indivíduos possuem de conceitos financeiros básicos e a capacidade de os aplicar em contextos diversos. Permite que os indivíduos comparem produtos e serviços financeiros para tomarem decisões financeiras apropriadas e bem informadas e prevejam e reajam a situações que possam afetar o seu bem-estar financeiro (OECD, 2023).

Segurança financeira

Baseia-se na confiança percepcionada em relação à situação financeira própria atual e futura, ou seja, o nível de estabilidade, a capacidade de lidar com imprevistos e de planear o futuro financeiro (Strömbäck et al., 2017).

Qual é o seu nível de bem-estar financeiro?

Para medir o bem-estar financeiro desenvolvemos um pequeno inquérito, cujas respostas permitirão determinar a situação atual de cada pessoa.

Pode aceder ao questionário através deste link para descobrir o seu nível de bem-estar financeiro, ou, em alternativa, responder num papel às questões abaixo:

Avalie cada uma das seguintes afirmações com um valor 1 a 5, em que: 1 – Discordo totalmente, 2 – Discordo, 3 – Não concordo nem discordo, 4 – Concordo, 5 – Concordo totalmente.

A soma das suas respostas resultará numa pontuação entre 9 e 45, permitindo avaliar o seu nível atual de bem-estar financeiro, com base na seguinte escala:

• 9 a 16 → Nível muito baixo de bem-estar financeiro
• 17 a 23 → Nível baixo de bem-estar financeiro
• 24 a 30 → Nível intermédio de bem-estar financeiro
• 31 a 37 → Nível alto de bem-estar financeiro
• 38 a 45 → Nível muito alto de bem-estar financeiro

Como melhorar o seu bem-estar financeiro?

Caso o seu nível de bem-estar financeiro se encontre nos intervalos inferiores da escala (nível muito baixo ou baixo), existem várias medidas que pode adotar para melhorar a sua situação. Eis algumas sugestões práticas:

Avalie a sua situação financeira atual

Faça um levantamento completo dos seus rendimentos, despesas, dívidas, investimentos e património. Pode recorrer a uma folha de cálculo (Excel ou Google Sheets) ou utilizar aplicações de gestão financeira como o Boonzi, You Need a Budget (YNAB), Mint, entre outras.

Crie um orçamento mensal

Estabeleça limites realistas para cada categoria de despesa — como habitação, alimentação, transportes ou lazer — e acompanhe os seus gastos com regularidade. Um orçamento é essencial para ganhar controlo sobre as suas finanças.

Construa um fundo de emergência

Poupe um valor equivalente a, pelo menos, seis meses das suas despesas mensais. Este fundo permitir-lhe-á enfrentar imprevistos sem comprometer a sua estabilidade financeira.

Reduza ou elimine dívidas

Dê prioridade à liquidação de dívidas com taxas de juro mais elevadas, como cartões de crédito ou descobertos bancários. Em alternativa, reveja as condições dos seus créditos e seguros para perceber se há margem para renegociar e poupar.

Comece a investir de forma informada

Explore opções de investimento ajustadas ao seu perfil de risco e objetivos financeiros. Pode considerar depósitos a prazo, certificados de aforro ou do tesouro, Planos Poupança Reforma (PPR), ações, fundos de investimento, entre outros.

Invista na sua literacia financeira

Aprofunde os seus conhecimentos através de livros, artigos, podcasts, vídeos e formações. O Doutor Finanças disponibiliza diversos recursos gratuitos e acessíveis, como:

• Artigos no portal sobre diversos temas financeiros;
• Canal de YouTube com vídeos explicativos;
• Podcast “No Final de Contas”, com especialistas e convidados;
• Livros “Ganhar, Poupar, Investir” e “Como Fazer Crescer o Seu Dinheiro Sem Esforço”;
• Cursos online como “Orçamento Pessoal e Familiar” e “Crédito Responsável”, disponíveis na Academia Doutor Finanças.