Homem segura em criptomoedas e telemóvel com uma aplicação de investimentos

Apesar da sua volatilidade, as criptomoedas começam a conquistar espaço no mercado português. Segundo o 2º Barómetro Doutor Finanças, numa edição dedicada aos Hábitos de Investimento, realizado pela Universidade Católica-Lisbon, em parceria com o Doutor Finanças, 10% dos investidores nacionais já apostaram neste tipo de ativo digital.

A adesão ainda é tímida, mas revela uma abertura a produtos de maior risco. Num universo dominado por opções seguras, esta percentagem mostra que há quem esteja disposto a desafiar o perfil conservador que caracteriza os investidores portugueses.

Criptomoedas ainda representam apostas isoladas

Embora 10% dos inquiridos tenham investido em criptomoedas, apenas 4% indica que este é o produto onde mais aplica dinheiro atualmente. A percentagem é semelhante à registada nos fundos de investimento (4%) e fica abaixo das ações (8%) e do imobiliário (11%).

O número reduzido confirma que a aposta em ativos digitais é, para já, residual. Entre os inquiridos, apenas 1% afirmou investir exclusivamente em criptomoedas, revelando que a maioria prefere manter estes ativos como uma fatia muito pequena do portefólio.

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Portugueses continuam a privilegiar os depósitos a prazo

O barómetro mostra que a maioria dos inquiridos prefere aplicar as suas poupanças em produtos de baixo risco. Os depósitos a prazo lideram as escolhas, com 49% dos respondentes a referirem já ter investido neste produto. Seguem-se os PPR (38%) e os certificados de aforro ou Tesouro (35%), que também garantem capital e rendimentos previsíveis.

Esta preferência por segurança contrasta com a menor procura de ativos com maior potencial de valorização, como ações (29%), fundos de investimento (22%), ETF (14%) ou criptomoedas (10%). O ouro e a prata surgem como uma exceção a este padrão, com 39% a indicar já ter investido nestes metais preciosos.

52% investe em produtos com capital garantido ou com risco reduzido

Os dados do barómetro evidenciam um forte conservadorismo financeiro. Os produtos mais utilizados são os que oferecem capital garantido e retornos estáveis. 24% dos inquiridos dizem investir sobretudo em depósitos a prazo, 18% em PPR e 15% em certificados de aforro ou Tesouro.

Este padrão demonstra que, para a maioria dos portugueses, preservar o capital continua a ser mais importante do que procurar elevados ganhos. A reduzida exposição a ações, criptomoedas e outros ativos voláteis confirma esta preferência pela segurança.

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Robo-advisors continuam a ser ignorados por 95% dos investidores

A aposta em soluções digitais de investimento continua residual. O estudo mostra que 95% dos inquiridos nunca usaram robo-advisors — plataformas que automatizam a gestão de investimentos. Apenas 3% afirma recorrer a este tipo de ferramenta.

Esta resistência à inovação tecnológica no setor financeiro acompanha a preferência por canais tradicionais e por produtos conservadores, reforçando a cautela que caracteriza o investidor português típico.

Conheça as principais conclusões do barómetro aqui.

Ficha técnica: Este inquérito foi realizado pelo Centro de Estudos Aplicados (CEA) da Universidade Católica-Lisbon em colaboração com o Doutor Finanças, entre os dias 31 de julho e 28 de agosto de 2025. O universo-alvo é composto por indivíduos com 18 ou mais anos residentes em Portugal. Os inquiridos foram selecionados aleatoriamente a partir de uma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 701 inquiridos é de 4%, com um nível de confiança de 95%.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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