Os últimos meses faziam antever este momento, e outubro confirmou-o. Pela primeira vez, o valor a que os bancos avaliam os imóveis para efeitos de crédito habitação foi superior a dois mil euros por metro quadrado (m2).
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), o valor mediano da avaliação bancária fixou-se em 2.025 euros por metro quadrado (m2), mais 30 euros do que em setembro. Em termos homólogos, a subida foi de 17,7%, igual à registada no mês anterior. Desde o início do ano, o valor do m2 aumentou 251 euros.
O número de avaliações bancárias consideradas foi de cerca de 33.900, o que representa uma subida de 2,8% face ao mês anterior, mas uma descida de 2,9% em relação a outubro de 2024.
Península de Setúbal lidera subidas homólogas
Tal como tem acontecido nos últimos meses, não se registaram descidas homólogas em nenhuma região do país. A Península de Setúbal destacou-se com o maior aumento face a outubro de 2024, com uma valorização de 26,7%.
O Norte teve o maior aumento em cadeia (2,5%), enquanto o Alentejo foi a única região a registar uma descida mensal (-1,6%).
Lisboa continua a ter o valor mais alto
“A Grande Lisboa, o Algarve, a Península de Setúbal, a Região Autónoma da Madeira, o Alentejo Litoral e a Área Metropolitana do Porto apresentaram valores de avaliação superiores à mediana do país”, refere o INE.
Na Grande Lisboa, o valor do m2 está 49,6% acima da média nacional e já vale 3.030 euros. Já as regiões de Alto Tâmega e Barroso, Alto Alentejo e Beira Baixa apresentaram os valores mais baixos, com diferenças negativas superiores a 50% face à mediana nacional.
Na avaliação por município, Lisboa continua a ter o m2 mais valorizado pelos bancos. Já vale 4.444 euros, mais 568 euros do que em outubro de 2024. Ou seja, em outubro de 2025, os bancos avaliaram uma casa de 100 m2 num valor a rondar os 444.400 euros. No entanto, a análise vai sempre depender da tipologia e da qualidade do imóvel.
A completar o pódio dos municípios mais caros continuam Cascais (3.678 euros/m2) e Oeiras (3.649 euros/m2).
Apartamentos sobem mais de 22%
Em outubro, o valor mediano de avaliação dos apartamentos foi de 2.345 euros/m2, um aumento homólogo de 22,1%. Os valores mais elevados foram registados na Grande Lisboa (3.058 euros/m2) e no Algarve (2.757 euros/m2), enquanto o Centro apresentou o valor mais baixo (1.533 euros/m2).
A Península de Setúbal voltou a destacar-se com o maior crescimento homólogo (29,3%). Em termos mensais, o valor dos apartamentos subiu 1,6%, com a Região Autónoma dos Açores a registar o maior aumento (6,2%) e o Alentejo a única descida (-2,3%).
No detalhe das tipologias, o valor mediano do m2 nos T1 subiu 58 euros, para 3.076 euros, enquanto os T2 e T3 aumentaram 35 e 39 euros, respetivamente, para 2.425 euros e 2.010 euros. Estas três tipologias representaram 92,8% das avaliações de apartamentos.
Moradias crescem quase 12%
O valor mediano da avaliação bancária das moradias foi de 1.472 euros/m2, mais 11,8% do que em outubro de 2024.
Os valores mais elevados observaram-se na Grande Lisboa (2.711 euros/m2) e no Algarve (2.499 euros/m2), com o Centro (1.084 euros/m2) e o Alentejo (1.146 euros/m2) a registarem os valores mais baixos. O Oeste e Vale do Tejo apresentou o maior crescimento homólogo (20,2%), sem qualquer descida registada.
Face a setembro, o valor das moradias subiu 0,9%, com o Oeste e Vale do Tejo e Península de Setúbal a liderarem os aumentos (2,3%). A única descida mensal ocorreu na Grande Lisboa (-0,7%).
“O valor mediano das moradias T2 aumentou 19 euros, para 1.462 euros/m2, o das T3 subiu 17 euros (1.442 euros/m2) e o das T4 5 euros, para 1.560 euros/m2”, refere o INE. Estas tipologias representaram 88,5% das avaliações de moradias.
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Perguntas frequentes
A avaliação bancária é essencial na concessão de crédito habitação. Nestas operações, os bancos têm de cumprir com as regras relativas ao rácio LTV (loan-to-value). Tirando algumas exceções, as instituições não podem emprestar mais de 90% do menor dos dois valores entre a aquisição do imóvel e a avaliação do imóvel por eles feita. Exceção para os jovens que podem beneficiar da garantia pública, se cumprirem com os critérios exigidos.
Ou seja, se comprar uma casa por 200 mil euros e o valor de avaliação for 160 mil euros, o banco só pode emprestar até 144 mil euros (90% de 160 mil).
É a evolução em relação ao período imediatamente anterior, como um mês, um trimestre ou um semestre. Por exemplo, se em agosto um indicador tiver uma evolução em cadeia de 2%, significa que cresceu 2% em relação ao primeiro trimestre.
É a evolução em relação ao mesmo período do ano anterior. Por exemplo, se no terceiro trimestre de um ano um indicador tiver uma evolução em cadeia de 2%, significa que cresceu 2% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
