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Economia circular: Da sua importância à implementação em casa

A economia circular procura conjugar pilares da sociedade: economia (emprego e qualidade de vida) com sustentabilidade.

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Economia circular: Da sua importância à implementação em casa

A economia circular procura conjugar pilares da sociedade: economia (emprego e qualidade de vida) com sustentabilidade.

O modelo económico circular assenta na partilha, na reutilização, na reparação, na renovação e na reciclagem de materiais e produtos existentes, enquanto for possível. Assim, o seu grande objetivo é aumentar o ciclo de vida dos produtos, diminuir a produção de resíduos e a poluição.

Neste contexto, importa refletir sobre a importância e a diferença que a economia circular pode fazer nas nossas rotinas diárias e, particularmente, na gestão e planeamento do orçamento familiar.

Economia circular: importância no dia-a-dia

De acordo com dados do portal Pordata, o total de resíduos urbanos produzidos em Portugal, em 2020, é de 5.070.835 de toneladas.

Assumindo o pressuposto de que um camião do lixo possui uma carga útil de 12 toneladas, foram necessários 422.570 camiões para transportar os resíduos para o seu destino.

Tendo em conta que o resíduo não é homogéneo, e se assumirmos uma densidade média de 416 kg/m3, após compactação, o total de lixo produzido em Portugal corresponde a um volume de 12.189.507 m3 (equivale a 4.876 piscinas olímpicas).

Do total de resíduos urbanos produzidos em 2020, cerca de 53,4% vão para aterro, 19,0% e 14,3% são para valorização energética e orgânica, respetivamente. Por fim, cerca de 13,3% têm a reciclagem como destino.

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Qual a evolução da produção de resíduos?

Com base no total de resíduos urbanos produzidos por ano, apurado pela Pordata, entre 2008 e 2010, Portugal atingiu um pico, decrescendo posteriormente até 2015. A partir desse ano, entrámos novamente em trajetória ascendente.

A produção de resíduos urbanos depende do consumo que, por sua vez, depende da saúde da economia. Os anos de menor produção de resíduos, em Portugal, coincidem com o período de intervenção da troika, com o consequente aumento do desemprego e menor consumo.

Analisando a evolução do destino dos resíduos urbanos, é possível verificar que:

  • A componente dedicada ao aterro apresenta tendência decrescente desde 2002 até 2019 (72% para 50%);
  • A fração dedicada à valorização energética está praticamente constante (cerca de 20%);
  • A valorização orgânica apresenta tendência crescente desde 2002 até 2019 (3% para 18%);
  • A componente dedicada à reciclagem estabilizou em torno dos 13%;
  • 2020 foi um ano de regressão nos valores referentes a aterros e valorização orgânica.

Assim, a economia circular procura conjugar pilares da sociedade, nomeadamente, economia (na vertente do emprego e qualidade de vida) com sustentabilidade. Logo, é vital sermos mais eficientes no consumo e na redução do desperdício.

Porquê economia circular?

Este modelo económico, que pretende criar mais empregos, sobretudo nas fases de design de produtos, de reparação e de reciclagem, é o oposto do modelo tradicional, designado de modelo económico linear. Neste último, o conceito reside na conceção, produção, utilização e eliminação (à data de hoje, acabará possivelmente num aterro).

Por sua vez, a economia linear obriga a uma procura por matérias-primas, muitas são finitas e cada vez mais escassas, com os inerentes custos de extração.

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jovem rapaz, sentado na relva bem verde, segura nas mãos, entre as pernas, um globo com o mapa mundo.

Plano de ação

No âmbito do novo plano de ação, a União Europeia vai adotar políticas que visam aumentar a sustentabilidade em sete setores essenciais: plásticos, têxteis, resíduos eletrónicos, alimentação, embalagens, baterias e veículos, edifícios e construção.

Estas políticas pretendem reforçar conceitos como a redução do desperdício, reutilização de produtos, reciclagem dos produtos em final de vida e sua re-incorporação no ciclo económico.

Em termos de apoio direto às empresas, a plataforma europeia "Enterprise Europe Network" disponibiliza uma base de dados de entidades parceiras e/ou facilitadoras de financiamento comunitário no apoio de projetos que se alinhem com a transição para a economia circular.

No caso de Portugal, estão disponíveis alguns fundos até 2030, ao abrigo de diversos programas económicos, nomeadamente o PT 2020 e NextGenerationEU. No site do IAPMEI, pode consultar com detalhe as Dinâmicas Empresariais, Capacitação e Incentivos para a Economia Circular.

Consumidor: qual o meu papel?

Os consumidores são uma força de mudança. Não temos de mudar tudo de uma vez, podemos ir mudando aos poucos, incorporando pequenas alterações na nossa rotina. O nosso papel é fundamental na redução do desperdício, na reutilização de produtos e na sua incorporação no ciclo económico.

Enquanto consumidor pode adotar comportamentos alinhados com os pilares da economia circular: redução do consumo, re-aproveitamento de produtos e, por fim, reciclar para re-integração na economia.

Os consumidores são igualmente importantes na sensibilização política para a adoção de medidas.

Como posso implementar no meu dia-a-dia?

Para incorporar a economia circular no seu dia-a-dia, pondere os seguintes pontos:

  • Planear as compras: o que posso comprar a granel? que quantidade de sacos tenho de levar? tenho necessidade de ir a uma grande superfície? porque não abastecer-me na mercearia do bairro?
  • Resíduos produzidos: olhar para o caixote do lixo e pensar como é possível produzir menos resíduos e reciclar mais.
  • Reutilizar: grande parte dos produtos alimentares que adquirimos são fornecidos em embalagens super fiáveis. Porque não reaproveitar para guardar outros alimentos? No caso de equipamentos avariados ou produtos com desgaste (roupa ou calçado por exemplo), pode avaliar a sua eventual reparação ou dar-lhes outro uso. No que toca a reparação, estamos a interromper o ciclo do "descartável" e a fomentar uma parte específica da economia, sobretudo a nível local.
  • Qualidade em detrimento da quantidade: dentro da disponibilidade orçamental, opte por produtos fiáveis, com ciclos de vida longos e componentes de substituição.

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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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