Sabe quanto está a pagar pelos seus créditos pessoais? E pelo crédito automóvel? E por cartões de crédito? Se está numa situação destas, talvez admita que, por vezes, não é fácil saber ao certo quanto se está a gastar em empréstimos.
Até que pára, olha para as contas mensais e percebe que está a pagar mais do que achava. Aí, tem duas opções: ou deixa estar como está ou procura reduzir o peso dessas prestações. A solução pode estar no crédito consolidado.
Não só tem a possibilidade de pagar menos todos os meses, como estará a fazê-lo de uma só vez: muito mais fácil de gerir e controlar.
Neste artigo, explicamos o que é o crédito consolidado, que tipos existem e que créditos são válidos. Fique ainda a conhecer algumas vantagens e desvantagens.
O que é o crédito consolidado?
O crédito consolidado é um empréstimo feito para liquidar os vários créditos ao consumo que tem em dívida e torná-los num só. Se, no geral, é verdade que não é recomendado fazer créditos para pagar outros créditos, o crédito consolidado pode ser uma verdadeira ajuda.
Se bem feito, reduz os encargos mensais e simplifica a gestão financeira, uma vez que passa a ter apenas uma prestação mensal. Mas como em tudo, não é para toda a gente, desde logo porque não pode estar em incumprimento em nenhum dos créditos.
Antes de avançar, deve perceber se precisa mesmo desta solução e se vai ser uma mais-valia para a sua carteira. Caso contrário, arrisca-se a entrar num círculo de endividamento e a agravar ainda mais a sua situação.
Consolidar não é renegociar
Se a sua ideia é renegociar os seus créditos, a consolidação pode não ser a resposta. É que embora ambas as soluções tenham como objetivo reduzir os encargos mensais, a forma de funcionamento é diferente.
Como vimos acima, a agregação de créditos obriga a contrair um novo empréstimo para pagar os restantes. Se tinha três ou quatro prestações de crédito, passa a ter apenas uma.
Pelo contrário, a renegociação passa por alterar algumas condições dos créditos já existentes diretamente com os bancos ou outras instituições financeiras. Se tinha três ou quatro prestações de crédito, mantém-nas, embora possa conseguir condições mais vantajosos do que as que vigoravam até então.
Que créditos se podem consolidar?
No âmbito de um pedido de crédito consolidado pode juntar créditos pessoais, cartões de crédito, linhas de crédito, créditos automóvel e outros créditos ao consumo.
A habitação também pode estar envolvida, mas num contexto de garantia bancária. Neste caso, como vamos ver mais à frente, falamos de um crédito consolidado com hipoteca. Este é um tipo de crédito consolidado em que pode conseguir condições mais favoráveis, mas no qual o seu imóvel é dado como garantia, tal como acontece num crédito habitação.
Com e sem hipoteca: Quais os tipos de crédito consolidado?
A consolidação de créditos implica, em alguns casos, o alargamento do prazo de pagamento. Isto faz com que, no final, possa acabar a pagar um valor total superior do que o que estava previsto nos outros empréstimos.
Uma forma de o tentar atenuar é fazer um crédito consolidado com hipoteca. Explicamos a diferença entre estas duas formas de consolidar dívidas.
Crédito consolidado sem hipoteca
O crédito consolidado sem hipoteca é o mais simples, até em termos de prazos de aprovação e disponibilização do dinheiro. O prazo máximo de financiamento varia, geralmente, entre os 84 e os 120 meses e o montante disponibilizado vai até aos 75 mil euros.
Partilhamos agora um caso real para ilustrar o que pode conseguir num crédito consolidado sem hipoteca.
O João (nome fictício) tinha sete cartões de crédito, cuja dívida total ascendia a 22.855 euros. Tudo isto traduzia-se num encargo mensal a rondar os 1.450 euros. Depois de consolidar os créditos, conseguiu um financiamento de 23.000 euros, a pagar em 84 meses (sete anos), com uma Taxa Anual Nominal (TAN) de 13,70%.
Com isto, o João passou a pagar 442 euros por mês (menos 1.008 euros do que pagava).
Crédito consolidado com hipoteca
O crédito consolidado com hipoteca é semelhante ao crédito consolidado mais tradicional, mas o cliente dá um imóvel como garantia. Ou seja, à semelhança do que acontece no crédito habitação, se falhar os pagamentos, o banco pode ficar com o imóvel.
Devido a esta garantia real, consegue taxas de juro mais baixas e prazos de pagamento e limites de financiamento semelhantes aos do crédito habitação. Por outras palavras, pode pedir mais dinheiro (dependendo também de quanto vale o imóvel) e pagar em mais tempo.
A Ana (nome fictício) tinha um crédito pessoal (a pagar em cinco anos) e cartões de crédito no valor de 58 mil euros, a que correspondia uma prestação de 412 euros. Quando foi renegociar o crédito habitação, aproveitou para consolidar os outros créditos através de um crédito consolidado com hipoteca.
Pediu 73 mil euros, não só para abater as outras dívidas, mas também para conseguir um financiamento extra para outas despesas. A taxa de juro e o prazo de pagamento negociados foram iguais aos do crédito habitação e a Ana passou a pagar 293 euros por mês.
Leia ainda: Consolidar créditos: Quais as opções para poupar?
Vantagens do crédito consolidado
Como vimos pelos dois exemplos acima, a consolidação de crédito permite uma poupança mensal que pode ser significativa. Em alguns casos, o crédito consolidado permite ainda uma taxa de juro mais baixa do que a média que estava a pagar pelos outros financiamentos.
Isto é especialmente relevante se estiver a consolidar cartões de crédito ou linhas de crédito. É que esses produtos têm uma TAEG máxima permitida pelo Banco de Portugal superior à do crédito consolidado. No quatro trimestre de 2025, é de 18,8% contra 15,6%.
A agregação de créditos dá também mais conforto e controlo sobre as finanças pessoais, uma vez que passa a pagar apenas uma prestação. E, em alguns casos, permite ter acesso a financiamento extra para fazer face a outras despesas. Claro que esta opção deve ser tomada de forma consciente. O crédito consolidado deve ser aliado e não uma fonte de novos problemas.
Por fim, é um tipo de crédito de aprovação rápida e simples. Em casos sem grande complexidade, pode conseguir a aprovação entre 24 e 48 horas após a entrega de toda a documentação.
Desvantagens do crédito consolidado
Este tipo de financiamento não é permitido a quem já está em incumprimento e pode ser difícil para quem tem rendimentos baixos ou instabilidade profissional. Ou seja, o seu acesso é limitado e pode ser mesmo impossível de obter, mesmo em casos em que a consolidação seria uma solução para dar uma folga à carteira.
Para quem consegue a aprovação, a solução pode passar por um prazo de pagamento mais alargado do que o que havia nos outros créditos. O resultado é um aumento do custo total da dívida, embora seja inegável o alívio e maior flexibilidade no orçamento mensal. No fundo, deve analisar bem e escolher uma opção equilibrada.
E se o acesso a financiamento extra pode ser uma vantagem, não deixe que se torne numa desvantagem. Não deixe que a carteira entre novamente numa situação de desequilíbrio.
Já nos casos do crédito consolidado com hipoteca, há o risco de perder o imóvel caso entre em incumprimento.
Dica: A nova folga mensal não deve ser usada para pedir novos créditos. Em vez disso, aproveite-a para poupar e ir amortizando o crédito consolidado. Desta forma, consegue combater a desvantagem associada ao aumento do custo total da dívida e poupar em toda a linha: na prestação mensal e no custo total.
O que é preciso para pedir crédito consolidado?
Os documentos mais comuns que tem de entregar quando pede crédito consolidado são:
- Cartão de Cidadão ou documento de identificação válido;
- Comprovativos de rendimento;
- Declaração de IRS do último ano;
- Notas de liquidação do IRS;
- Comprovativo de IBAN (número de conta);
- Comprovativo de morada;
- Recibos de rendas (normalmente dos últimos três meses);
- Mapa de responsabilidades de crédito do Banco de Portugal;
- Extratos bancários recentes (normalmente dos últimos 3 meses);
- Comprovativos dos créditos atuais.
Leia ainda: Mapa do Banco de Portugal: Como consultar e interpretar?
A partir de que valor vale a pena agregar os créditos?
Cada pessoa e cada família têm o seu contexto, mas uma boa prática será não consolidar créditos de baixo valor, uma vez que as novas taxas de juro e as eventuais comissões podem fazer diluir a vantagem da consolidação.
Nestes casos, pondere se não é mais vantajoso esperar um pouco até ter dinheiro para pagar a dívida na totalidade e fechar esse capítulo de forma definitiva.
Leia ainda: Guia de consolidação de crédito: Como juntar as dívidas e poupar na prestação
Perguntas frequentes
É um crédito que serve para pagar as dívidas de outros créditos ao consumo ou cartões de crédito. No fundo, é um empréstimo que vai saldar os empréstimos aos outros bancos, passando o cliente a pagar uma única prestação.
Os mais comuns são:
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- Cartão de Cidadão ou documento de identificação válido;
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- Comprovativos de rendimento;
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- Declaração de IRS do último ano;
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- Notas de liquidação do IRS;
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- Comprovativo de IBAN (número de conta);
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- Comprovativo de morada;
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- Recibos de rendas (normalmente dos últimos três meses);
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- Mapa de responsabilidades de crédito do Banco de Portugal;
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- Extratos bancários recentes (normalmente dos últimos 3 meses);
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- Comprovativos dos créditos atuais.
Sim. Pode incluir créditos pessoais, cartões de crédito, linhas de crédito, créditos automóvel e outros créditos ao consumo.
Dificilmente vai ter o dinheiro na conta de um minuto para o outro, mas nos casos mais simples a aprovação pode demorar entre 24 e 48 horas após a entrega de toda a documentação.
Em alguns casos, o crédito consolidado pode permitir poupar 60% em relação ao que estava a pagar pela totalidade dos outros créditos.
A agregação de créditos permite poupar mensalmente no pagamento de prestações. Se consolidar cartões de crédito, pode até conseguir taxas de juro mais baixas do que as que estava a pagar.
Além disso, o crédito consolidado traz conforto, permite pedir financiamento extra e tem uma aprovação rápida e simples.
