Porquinho mealheiro azul com chapéu de graduação ao lado de um frasco de vidro cheio de moedas

Os custos de uma licenciatura ou mestrado estão a travar o investimento no seu futuro? Está a enfrentar dificuldades que não permitem o pagamento das propinas do seu curso superior? Saiba que o crédito para pagar propinas é uma solução para muitos estudantes.

Este tipo de financiamento, que se enquadra no crédito pessoal com finalidade educação, permite custear propinas, matrículas, material didático, alojamento e outras despesas associadas à formação.

Este produto financeiro apresenta condições vantajosas face a outras modalidades de crédito pessoal, sobretudo devido às taxas de juro mais baixas e possibilidade de carência de capital. 

Neste artigo, descubra como funciona o crédito para pagar propinas, quem o pode pedir, quais as suas condições e limitações, e ainda que cuidados deve ter antes de contrair este tipo de empréstimo. 

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O que é o crédito para pagar propinas? 

O crédito para pagar propinas é um crédito pessoal com uma finalidade específica: a educação. Destina-se, por norma, a estudantes do ensino superior, que estejam em Portugal, em Erasmus ou no estrangeiro.

Este empréstimo pode ser usado para financiar licenciaturas, mestrados, doutoramentos ou outras formações académicas e profissionais. Além das propinas, abrange despesas com matrículas, materiais, alojamento e viagens. 

Atualmente, o crédito pessoal com finalidade de educação está sujeito a uma Taxa Anual de Encargos Efetiva Global (TAEG) máxima de 9,1%, conforme definido pelo Banco de Portugal para o terceiro trimestre de 2025. Ou seja, nenhuma instituição de crédito pode aplicar a este crédito uma TAEG superior a 9,1% de julho a setembro de 2025.

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Que despesas cobre o crédito para educação?

Apesar de ser conhecido como crédito para pagar propinas, este tipo de financiamento cobre muito mais do que apenas as mensalidades escolares. Entre as finalidades mais comuns estão: 

  • Propinas e matrículas
  • Material escolar e informático; 
  • Alojamento e despesas associadas (comprovadas)
  • Alimentação e transportes; 
  • Cursos técnicos, MBA, pós-graduações, doutoramentos
  • Programas de intercâmbio internacional como o Erasmus. 

Porém, em alguns casos, é possível incluir despesas com viagens ou outras ligadas ao custo de vida enquanto estudante deslocado, desde que devidamente comprovadas. 

Quanto pode pedir e quantos anos tem para pagar?

O montante financiado varia consoante o banco e o curso. Em Portugal, os valores mínimos geralmente começam nos 1.000 euros. Para cursos em Portugal ou Erasmus, os montantes máximos rondam os 50.000 euros.

No entanto, para cursos no estrangeiro, esse teto pode chegar aos 75.000 euros. Alguns cursos, como Medicina ou Aviação, também podem ter regras específicas.

Quanto ao prazo, o reembolso pode ser feito entre 24 e 120 meses (dois a 10 anos). Contudo, certos bancos colocam o limite de oito anos. Já outras instituições adaptam o prazo à duração do curso, com possibilidade de prolongamento até 60 meses adicionais. 

Período de carência: Pague só os juros durante o curso

Se já procurou algumas informações sobre este tipo financiamento, é provável que se tenha deparado várias vezes com a designação “período de carência”. Afinal, esta é uma das condições mais atrativas do crédito para estudantes.

O período de carência consiste num intervalo de tempo, durante o qual o estudante paga apenas os juros do empréstimo. O pagamento do capital é adiado para depois da conclusão dos estudos.

Em 2025, o período de carência pode ir até 42 meses ou corresponder a cerca de 80% da duração do curso, dependendo da entidade financeira. Este modelo permite ao estudante focar-se na formação, reduzindo o peso financeiro durante a vida académica. 

Atenção aos custos escondidos do crédito para pagar propinas

Se nunca contratou um crédito, é fundamental perceber que os seus encargos vão além da prestação.

Por exemplo, num crédito pessoal com a finalidade de educação é preciso olhar para o valor da comissão de abertura do processo, somar o imposto do selo, perceber se existem seguros associados às condições apresentadas e, claro, se tem uma taxa fixa (valor fixo da prestação) ou variável (a sua prestação pode subir ou descer consoante o prazo da taxa Euribor associada ao contrato).

Além disso, deve analisar o valor da TAEG e MTIC (Montante Total Imputado ao Consumidor), que representam o custo total do crédito

Consoante o banco e o perfil do cliente, as condições oferecidas podem variar bastante.

A TAEG praticada em julho de 2025 ronda os 5,5% a 7,5%, estando limitada pela TAEG máxima legal de 9,1%. Algumas das instituições de crédito não cobram comissão de abertura, mas outras cobram entre 80 e 350 euros. Também podem existir encargos com um seguro de crédito, embora em certos casos sejam facultativos. 

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Simulação de um crédito para pagar propinas: Um exemplo prático

  • Montante Financiado: 15.500 euros 
  • Prazo: 60 meses 
  • Taxa fixa: TAN de 5% e TAEG de 7% 
  • Valor da prestação: 292,50 euros 
  • Comissão de Abertura (inclui IS): 322,40 euros 
  • Imposto do Selo s/ Capital: 272,80 euros 
  • MTIC: 18.227,48 euros 

Ao olhar para este exemplo, é possível verificar que um crédito de 15.500 euros a liquidar em cinco anos, com uma TAEG de 7% e encargos de cerca de 595 euros, tem um custo de 18.227,48 euros no final do contrato. Ou seja, pagará 2.727,48 euros acima do montante que pediu. Por isso, é essencial não se focar apenas na prestação de 292,50 euros, e sim em todos os custos associados.

Os documentos que precisa para pedir este crédito

Antes de iniciar o pedido de crédito para educação, é importante reunir a documentação exigida. Em geral, serão necessários os seguintes documentos: 

  • Cartão de Cidadão; 
  • Comprovativo de morada; 
  • Comprovativo de IBAN; 
  • Declaração de IRS e/ou nota de liquidação; 
  • Recibos de vencimento ou declaração da entidade patronal (caso aplicável); 
  • Mapa de responsabilidades de crédito (Banco de Portugal); 
  • Comprovativo de matrícula no ensino superior; 
  • Comprovativos das despesas a financiar; 
  • Eventualmente, comprovativo de património ou garantias.

A análise é feita caso a caso, tendo em conta o perfil de risco do estudante ou do responsável pelo crédito. 

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Vantagens do crédito para educação em relação ao crédito pessoal

A principal vantagem do crédito com finalidade educação face a um crédito pessoal genérico está na TAEG. Em julho de 2025, a TAEG máxima para educação é de 9,1%, enquanto a dos créditos pessoais sem finalidade pode chegar aos 15,9%. 

Adicionalmente, este crédito pode incluir: 

  • Períodos de carência mais longos; 
  • Condições adaptadas à realidade dos estudantes; 
  • Possibilidade de apresentar apenas o comprovativo de inscrição para acesso ao crédito. 

Logo, este é um crédito que compensa financeiramente e alivia a pressão durante os estudos, tendo a possibilidade de gerir de forma mais equilibrada o seu orçamento.

Compare bem antes de decidir

Cada instituição financeira apresenta diferentes condições. Por isso, antes de decidir, compare: 

  • TAEG: Compare em todas as propostas qual é que tem o valor mais baixo; 
  • TAN: É fixa ou variável? Qual é o valor?
  • Comissões e encargos adicionais: Faça contas aos custos totais de cada proposta; 
  • Prazo de carência e de reembolso: Quais se adequam melhor aos seus objetivos; 
  • MTIC: Olhe bem para o valor total da dívida. 

Use os simuladores das instituições e leia toda a informação pré-contratual. Não decida com base apenas na mensalidade. O mais barato por mês pode sair mais caro no fim. 

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Cuidados a ter antes de pedir um crédito para pagar propinas 

Apesar das condições mais favoráveis, um crédito é sempre um compromisso financeiro com impacto a longo prazo. Antes de contratar, avalie: 

  • Se o valor da prestação após o período de carência é comportável no seu orçamento
  • Se existem produtos associados obrigatórios (seguros); 
  • O custo total do empréstimo (MTIC)
  • A possibilidade de amortizar antecipadamente sem penalizações
  • O prazo de reembolso e a idade limite no final do contrato. Lembre-se que quanto maior for o prazo do seu crédito, mais caro será no final do contrato. Embora a prestação mensal seja mais baixa, vai pagar mais juros ao longo do contrato. 

O crédito para pagar propinas pode ser a chave para concretizar um percurso académico que, de outra forma, não seria possível. Contudo, é essencial assumir este compromisso com consciência financeira. Por isso, compare, planeie e pondere antes de assinar qualquer contrato. 

No início da vida profissional, a prestação pode ser um encargo difícil de suportar. Assim, considere criar uma reserva financeira antes de dar este passo. 

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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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