Fundos de investimento em ações dominam rendibilidades em todos os prazos

Os dados mostram que os fundos de investimento das categorias de ações oferecem retornos mais altos, sobretudo nos prazos mais longos.

Investir nos mercados financeiros através da subscrição de fundos de investimento é uma opção acertada, pois estes veículos permitem uma abordagem mais simples, menos arriscada e barata face a comprar títulos de forma direta. A gama diversificada de produtos financeiros disponíveis é outra das vantagens, pois existem fundos para todos os gostos, em termos de risco e de ativos que compõem as carteiras.

Existem fundos que investem apenas em obrigações, só em ações, ou num conjunto diversificado de ativos, com pesos balizados para cada um deles. Também existem fundos especializados em determinadas geografias, ou com fins específicos, como é o caso dos fundos poupança reforma.

Tomada a decisão de investir num fundo de investimento, primeiro é necessário escolher a categoria e só depois o produto final. Não é uma tarefa fácil, tendo em conta a oferta de milhares de fundos do mercado global. Tendo em conta apenas o mercado português, os dados da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP) mostram que existem mais de três centenas de fundos de investimento mobiliário (FIM), divididos por mais de 20 categorias.

Rendibilidades passadas não são garantia de rendibilidades futuras. É um erro escolher um fundo olhando apenas para as rendibilidades, pois existem produtos com diferentes níveis de risco. É o equilíbrio entre estas duas variáveis (retorno e risco), bem como a comparação com a variação do “benchmark” (índice ou ativo que serve de referência) que determina o desempenho do fundo. 

Risco das ações compensa

Tendo em conta estas duas premissas, não deixa de ser relevante analisar os dados históricos para efetuar as melhores decisões de investimento. As conclusões que se podem retirar dos desempenhos dos fundos comercializados pelas gestoras de ativos em Portugal estão alinhadas com a constatação de que as ações são a classe de ativos que oferece o retorno potencial mais elevado.

Esta ideia é sobretudo reconhecida para os investimentos de prazos mais longos, mas no caso do desempenho dos fundos portugueses, são os que apostam em ações que registam os desempenhos mais elevados em todas as maturidades. Sendo os fundos de investimento uma aplicação desenhada para o longo prazo, esta constatação reforça a ideia de que o risco das ações compensa quando se investe num fundo numa lógica de longo prazo.

Tendo em conta a rendibilidade efetiva desde o final do ano passado, a categoria de fundos de Ações da América do Norte é a que apresenta os melhores resultados, com um retorno médio de 16,7%. Uma excelente prestação que é explicada pela valorização muito acentuada das ações em Wall Street, em 2023, com destaque para as grandes tecnológicas.

No último ano são os fundos de ações ibéricas que surgem em destaque (+13,9%), sendo que no prazo a dois anos (9,9%) e três anos (13,9%) os fundos de ações nacionais surgem surpreendentemente no primeiro lugar no pódio. No prazo a cinco anos, horizonte temporal adequado para um fundo de investimento, é a categoria de fundos de ações globais que apresenta a rendibilidade anualizada mais elevada (9,2%).

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Período negro para as obrigações

Estes dados evidenciam que os fundos de ações são os mais atrativos para os investidores numa lógica de longo prazo, pois têm uma capacidade mais alta de superar períodos negativos, como aconteceu em 2022. Ainda assim, só devem ser selecionados pelos investidores com perfil de risco mais agressivo e que estejam disponíveis para perder capital.

A vantagem das ações também é mais evidente por estarmos a analisar um período em que as obrigações registaram um pouco habitual desempenho muito negativo. Se 2021 já tinha sido penalizador para os títulos de dívida, 2022 fica para a história como um dos piores anos de sempre para as obrigações soberanas, arrasando os resultados dos fundos que investem sobretudo nestes ativos.

Apesar da recuperação ténue em 2023, no prazo a cinco anos, os fundos de obrigações euro, obrigações internacional e multi-ativos defensivos registam uma rendibilidade anualizada negativa de cerca de 1%, nada condizente com o registo histórico de retornos baixos, mas habitualmente positivos.

Contudo, muitos analistas acreditam que este período negro das obrigações está a terminar e os títulos de dívida estão agora atrativos tendo em conta que os bancos centrais estão prestes a concluir o ciclo de agravamento das taxas de juro mais agressivo das últimas quatro décadas e a economia global está a abrandar a um ritmo considerável.

É por isso que os dados do passado têm de ser analisados com cautela quando se selecionam os investimentos para o futuro. Da mesma forma que os fundos de obrigações (ou que investem sobretudo em títulos de dívida) não devem ser descartados devido ao desempenho dos últimos três anos, os investidores que não tenham perspetivas positivas para as ações no longo prazo também não devem subscrever fundos de ações só porque estes são os que rendem mais nos últimos anos. 

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BPI com os fundos mais rentáveis

Depois de escolhida a categoria, falta ainda selecionar o fundo onde investir. Olhar para o track record também é uma estratégia útil nesta tarefa de definir o destino do seu dinheiro. Efetuando o mesmo exercício de analisar os diferentes prazos, a conclusão continua a dar vantagem aos fundos de investimento em ações.

Com um retorno de 28,1%, o Santander Ações América é o fundo com rendibilidade mais elevada em 2023. Apesar desta prestação, no prazo a dois, três e cinco anos este fundo do Santander apresenta rendibilidades anualizadas negativas.

No último ano, é o Montepio Euro Financial Services (17,7%) que regista o melhor desempenho, tirando partido da subida agressiva das taxas de juro por parte do Banco Central Europeu, que contribuiu para a subida dos lucros dos bancos.

Nos prazos mais longos, é o BPI que apresenta os fundos com rendibilidades mais elevadas. O fundo de ações nacionais BPI Portugal regista uma rendibilidade anualizada de 10,9% nos últimos dois anos, o BPI Ibéria rende 16,6% a três anos e o BPI Ações Mundiais apresenta uma rendibilidade anualizada de 10,6% no prazo a cinco anos.

Resumo dos melhores desempenhos nos diferentes prazos:

Desde 31 de dezembro de 2022

Categoria: Fundos de Ações da América do Norte – Rendibilidade efetiva média: 16,7%

Fundo:  Santander Ações América - Rendibilidade efetiva: 28,1%

Último ano

Categoria: Fundos de Ações Ibéricas – Rendibilidade anualizada média: 13,9%

Fundo:  Montepio Euro Financial Services - Rendibilidade anualizada: 17,7%

Últimos dois anos

Categoria: Fundos de Ações Nacionais – Rendibilidade anualizada média: 9,9%

Fundo:  BPI Portugal - Rendibilidade anualizada: 10,9%

Últimos três anos

Categoria: Fundos de Ações Nacionais – Rendibilidade anualizada média: 13,9%

Fundo:  BPI Ibéria - Rendibilidade anualizada: 16,6%

Últimos cinco anos

Categoria: Fundos de Ações Globais – Rendibilidade anualizada média: 9,2%

Fundo:  BPI Ações Mundiais - Rendibilidade anualizada: 10,6%  

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Nasceu em 1977, sendo jornalista desde 1999. Iniciou a carreira no Jornal de Negócios, onde esteve mais de 20 anos, ocupando várias funções, sempre com foco no online. Atualmente é jornalista independente, assina a newsletter diária de mercados Morning Call e colabora de forma regular com o ECO. Formado em Gestão no ISEG, tem especial interesse por tudo o que está relacionado com os mercados financeiros.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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