Finanças pessoais

Rating ou ranking? Que a fonética não nos traia

Rating ou ranking? Conceitos distintos que podem ser confundidos apenas pela semelhança fonética. Mas pode haver algo em que se tocam.

É comum pensar-se que no mundo das finanças pessoais existe uma linguagem própria. Complexa e ao alcance de poucos. O “economês” é, para muitos, a razão por que saltamos este capítulo, no livro da nossa vida.

Expostos à informação de cariz económico que a comunicação social nos faz chegar, diariamente, através dos variados dispositivos tecnológicos, vemo-nos "invadidos" e na obrigação de lidar com termos e conceitos que, por não dominarmos, tudo acaba por soar ao mesmo. Muitos destes, por mais que nos pareçam longínquos, estão presentes e influenciam as decisões económicas que a todos dizem respeito.

Vejamos um caso em que, por desconhecimento ou até pura desatenção, a fonética pode enganar-nos: os conceitos rating e ranking. Foneticamente muito semelhantes, com uma grafia capaz de enganar os mais distraídos, são exemplos de como podemos estar a meter no mesmo saco conceitos distintos.

Rating e ranking: muito mais é o que os separa, do que aquilo que os une


De uma forma simplificada, o rating é uma classificação, atribuída a uma entidade, seja uma empresa ou até um país, com base em determinados critérios definidos à partida e numa análise comparativa. De uma perspetiva financeira, esta classificação refere-se à capacidade dessas instituições, honrarem os seus compromissos e também à sua credibilidade. Esta avaliação é feita por agentes e agências especializadas. Entre as agências mais conhecidas estão a S&P - (Standard & Poor's), a Moody's e a Fitch.

Ainda que cada uma destas agências utilize os seus próprios critérios na análise, a conclusão será semelhante e não haverá grandes disparidades entre classificações.

O resultado deste estudo será a inclusão da entidade numa escala, com esquema de letras. O mais apetecido será o AAA, que é igual em todas. Daqui para baixo, cada agência terá a sua nomenclatura. Podem ser letras diferentes, com números ou símbolos. De qualquer forma cada uma delas tem três níveis para uma primeira letra. Por exemplo, na Fitch e S&P, a seguir ao nível máximo temos AA+, um AA e depois um AA-, enquanto na Moody’s é Aa1, Aa2, e Aa3. Depois de atribuída, esta classificação é tida em conta pelos investidores, ao analisarem opções de investimento.

Como a classificação pode ser mais, ou menos, favorável, acaba por pesar na definição dos preços destes títulos no mercado. Uma boa classificação (melhor rating) significa que têm menos probabilidades de incumprimento, enquanto nas de rating inferiores (exemplo, Lixo) existe um risco maior de não terem capacidade de cumprir com de as suas obrigações.

Numa esfera completamente distinta, encontramos o ranking. Também este conceito passou a fazer parte dos nossos dias, e apesar de manter o anglicismo (termo ou expressão da língua inglesa introduzido noutra língua), em nada remete para os meandros da macroeconomia, nos quais o rating tem um lugar cativo.

Assim, o ranking é somente uma lista ordenada, uma classificação. Lista esta que foi criada e organizada de forma a exibir um conjunto de itens com posicionamentos decrescentes, permitindo perceber diferentes graus de relevância.

Através dos rankings, ficamos a conhecer melhores e piores desempenhos, sendo que a atividade pode ser a mais variada possível, e nada ter a ver com a esfera da economia. Por isso, lidamos muitas vezes com rankings de escolas, melhores empresas para trabalhar, etc. ainda que, na sua essência, sirva muito mais o plano desportivo que recorre a este conceito para ordenar os resultados nas mais diversas práticas.

Mas, será que há algo a unir estes dois conceitos? Podemos sempre dizer que ambos remetem para uma escala e que ajudam a interpretar a informação de forma gradativa. Isto desde que não deixemos que os ouvidos nos traiam e evitemos trocar ‘alhos por bugalhos’.

Finalmente, dar nota de que várias entidades podem ter o mesmo rating, desde que cumpram os critérios para pertencer a uma determinada classe, mas o ranking (de forma geral) será ocupado apenas por uma entidade ou indivíduo. Na prática, vários países ou empresas podem ter o rating AAA (o melhor) mas apenas um atleta pode estar na primeira posição do ranking. Adicionalmente, tal como no ranking, onde um jogador por subir ou descer na tabela, a posição num determinado nível de rating, também pode alterar, de acordo com o desempenho da instituição.

Sérgio Cardoso nasceu em Matosinhos, em 1979. Licenciado em Gestão pela Faculdade de Economia do Porto, frequentou The Lisbon MBA, que concluiu em UCLA. Fez grande parte da carreira profissional em media e entretenimento. Atualmente, é Chief Academic Officer no Doutor Finanças, sendo responsável pela Academia do especialista em finanças pessoais, dinamizando toda a área de formação. É ainda consultor, dedicando-se a ajudar empresas nas várias áreas da gestão, o que lhe permite acumular experiências que transmite aos alunos da licenciatura de Gestão, da UCP, onde é professor assistente.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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