Imagem de notas e moedas

Se expressões como “ativo financeiro”, “volatilidade” e “liquidez” lhe dão vontade de bocejar, temos uma má notícia para si: conhecer estes conceitos da área dos investimentos – mesmo que de uma forma relativamente simples – é fundamental para dar os primeiros passos neste universo. A boa notícia é que não são assim tão difíceis de compreender. Vamos conhecer alguns dos termos básicos do mundo dos investimentos?

Investimento

Quando dissemos que estes são os conceitos básicos não estávamos a brincar: começamos pela própria palavra “investimento”.

Investir é aplicar dinheiro com a expectativa de receber mais no futuro. Em vez de deixar o dinheiro parado, ele é colocado (investido) em algo que pode crescer em valor, como ações, depósitos ou uma casa.

O objetivo é aumentar ao longo do tempo o valor do ativo – calma, já vamos perceber o que é um ativo – e/ou receber rendimentos, como juros ou dividendos. Investir ajuda a proteger contra a subida de preços (inflação) e a alcançar metas importantes, como comprar uma casa ou preparar a reforma.

Cada investimento tem as suas regras, riscos e vantagens. O mais importante é perceber que investir não é só para especialistas: com informação simples e escolhas cuidadas, qualquer pessoa pode – e deve – começar.

Inflação

Lembra-se de quanto pagava por um café há dez anos? Bem menos do que hoje, certo? Isso acontece por causa da inflação, ou seja, o aumento dos preços ao longo do tempo.

A inflação acontece por vários motivos, como o aumento dos custos de produção ou a maior procura por produtos. É algo normal na economia – até considerado saudável, quando o valor anual é moderado (por exemplo, 2%).

O problema é que, se conseguiu poupar 10.000 euros e tenciona mantê-los num depósito a prazo, daqui a 10 anos esses 10.000 euros vão valer menos, ou seja, vão permitir comprar menos bens e serviços. Investir é uma forma de tentar evitar esta perda de poder de compra, fazendo que o dinheiro cresça – idealmente mais do que os preços.

Ativo financeiro

Um ativo financeiro é tudo aquilo em que se pode aplicar dinheiro à espera de que cresça ou que dê algum rendimento. Ação, depósitos a prazo, obrigações, fundos de investimento e certificados de aforro são apenas alguns dos tipos existentes.

Pense num ativo financeiro como um “bilhete” para participar no crescimento de empresas, bancos ou até do Estado. Ao investir, está a dar um passo para pôr o dinheiro a mexer.

Por exemplo, ao comprar uma ação, está tornar-se sócio de uma empresa (o termo mais exato é acionista); e ao investir em certificados de aforro, está a emprestar dinheiro ao Estado português, recebendo juros em troca.

Um ativo financeiro pode dar rendimento de várias formas, consoante as suas características, como juros, dividendos ou valorização na bolsa. Conhecer os diferentes tipos de ativos financeiros é o primeiro passo para tomar decisões de investimento informadas e alinhadas com os seus objetivos.

Rentabilidade

A rentabilidade mostra quanto um investimento fez crescer o dinheiro ao longo do tempo. É normalmente apresentada em percentagem e permite perceber se o investimento valeu a pena ou não.

Por exemplo, se investiu 1.000 euros e, ao fim de um ano, tem 1.050 euros, o retorno foi de 50 euros e a rentabilidade foi de 5%. Ou seja, ganhou 5% sobre o valor que aplicou.

A rentabilidade pode resultar de diferentes formas de retorno: o aumento do valor do ativo (valorização), os juros recebidos ou os dividendos pagos. Por isso, é importante olhar para o total de ganhos, e não apenas para um deles.

Por norma, investimentos com maior potencial de rentabilidade também apresentam maior risco de perdas. Antes de investir, vale a pena analisar a rentabilidade passada, mas lembrar que resultados antigos não garantem ganhos futuros. Ao comparar diferentes opções, deve-se sempre considerar a rentabilidade líquida, já descontando taxas, comissões e impostos.

Risco

O risco é a possibilidade de perder dinheiro ao investir. O risco pode ser maior ou menor, dependendo do tipo de produto escolhido e das condições do mercado.

Por exemplo, investir em depósitos a prazo tem um risco muito baixo, porque o dinheiro está protegido pelo banco e, dependendo do montante, por um fundo de garantia de depósitos, na maioria dos casos. Já investir em ações tem um risco mais elevado, pois o valor pode subir ou descer rapidamente. Normalmente, para tentar obter uma rentabilidade mais alta, é preciso aceitar a possibilidade de perder mais.

Antes de investir, vale a pena pensar no próprio perfil: quanto risco se está disposto a assumir e se o dinheiro investido pode fazer falta. Conhecer o risco ajuda a tomar decisões mais informadas e a evitar surpresas desagradáveis.

Volatilidade

A volatilidade é a variação dos preços de um investimento ao longo do tempo. Se um ativo tem muita volatilidade, o seu valor pode subir e descer muito, às vezes de um dia para o outro.

Por exemplo, as ações podem valer mais num dia e menos noutro, em função de notícias, resultados ou acontecimentos no mercado. Já um depósito a prazo não sofre esse efeito, porque, na maioria dos casos, a rentabilidade é fixa e está definida à partida.

Embora sejam utilizados muitas vezes como sinónimos, volatilidade e risco não são a mesma coisa. A volatilidade mostra quanto o preço pode variar, enquanto o risco é a possibilidade de perder dinheiro. Um investimento pode ter muitas subidas e descidas, mas nem sempre isso significa que se vai perder dinheiro, sobretudo se o investimento for feito a longo prazo, dando tempo para recuperar dessas quedas.

Investimentos com mais volatilidade podem dar ganhos maiores, mas também podem trazer perdas. Por isso, é importante estar preparado para ver o valor dos investimentos a mudar, especialmente quando se investe a pensar no longo prazo.

Liquidez

Liquidez é a facilidade com que um investimento pode ser transformado em dinheiro sem perder valor. Quanto mais fácil e rápido for vender ou levantar o dinheiro, maior é a liquidez.

Por exemplo, o dinheiro numa conta à ordem tem liquidez total: pode ser usado ou levantado a qualquer momento. Já uma casa tem pouca liquidez, porque pode demorar meses a ser vendida.

Alguns investimentos podem ter regras ou prazos para o dinheiro ficar disponível. Por exemplo, quando subscreve certificados de aforro, não pode mobilizá-lo ou resgatá-lo – ou seja, receber o dinheiro de volta – durante três meses. Já no caso dos depósitos a prazo mobilizáveis, pode levantar o dinheiro a qualquer momento, mas, se o fizer antes da data de vencimento, perderá todos ou uma parte dos juros a que teria direito.

Conhecer a liquidez de um investimento é importante para evitar surpresas. Se houver necessidade de usar o dinheiro rapidamente, faz sentido escolher produtos com liquidez alta.

Garantia de capital

Num investimento com capital garantido, o dinheiro aplicado está protegido: no final do prazo, recebe pelo menos o valor que investiu, mesmo que não tenha tido ganhos. É uma espécie de “rede de segurança” para quem não quer arriscar perder o que investiu.

Depósitos a prazo, certificados de aforro e alguns seguros oferecem garantia de capital. Já outros investimentos, como ações, fundos de investimento ou imóveis não têm garantia de capital. O valor pode subir, mas também pode descer, e há o risco de perder parte ou todo o dinheiro investido.

Se valoriza segurança acima de tudo, esta característica pode ser decisiva na escolha do investimento. Mas tenha em conta que, na maioria dos casos, um investimento com garantia de capital não permite obter rendimentos acima da inflação. Ou seja, se colocar todo o seu dinheiro neste tipo de ativo, é muito provável que esteja a perder poder de compra ano após ano.

Rendimento fixo e rendimento variável

Num investimento com rendimento fixo, já se sabe, à partida, quanto se vai receber e quando. Exemplos típicos são os depósitos a prazo ou as obrigações. Nestes casos, o investidor conhece logo as condições: a taxa de juro, o prazo e o valor a receber no final. É uma opção para quem prefere segurança e previsibilidade.

Rendimento variável, por outro lado, significa que o valor a receber pode mudar ao longo do tempo. Aqui entram produtos como ações, fundos de investimento ou imóveis. O rendimento depende do desempenho do mercado, podendo ser maior ou menor – em alguns casos, pode até haver perdas. Este tipo de investimento é escolhido por quem aceita mais risco em troca de potencial de ganhos superiores.

Antes de investir, é importante perceber se o produto oferece rendimento fixo ou variável, para alinhar as expectativas e evitar surpresas. Assim, cada pessoa pode escolher o que faz mais sentido para os seus objetivos e perfil.

Prazo/maturidade

Já pensou quanto tempo está disposto a deixar o dinheiro “parado” num investimento? O prazo, ou maturidade, é exatamente isso: o tempo que o dinheiro fica aplicado.

Alguns produtos têm prazo definido – por exemplo, um depósito a prazo de um ano. Outros investimentos, como ações ou fundos, não têm prazo fixo: pode decidir quando vender ou resgatar o dinheiro.

Antes de investir, pergunte-se: “Vou precisar deste dinheiro em breve?” Escolher o prazo certo evita surpresas e ajuda a alinhar o investimento com os seus objetivos. Por exemplo, se tenciona pagar a entrada de uma casa daqui a dois anos, deve garantir que consegue resgatar o dinheiro que tem investido sem pagar penalizações nem perder parte dos ganhos (ou até do dinheiro investido inicialmente).

Diversificação

A diversificação é uma das regras de ouro dos investimentos. De um modo simples, diversificar os investimentos é não colocar todos os ovos no mesmo cesto. Ao espalhar o dinheiro por diferentes ativos – por exemplo, ações, depósitos e imóveis – estamos a reduzir as probabilidades de ter grandes perdas.

Imagine que investe tudo numa só empresa e ela tem problemas. O risco de perder dinheiro é grande. Mas se tiver vários investimentos diferentes, as perdas num podem ser compensadas pelos ganhos noutros.

A diversificação pode ser feita não apenas por diferentes tipos de investimentos, mas também por setores, regiões geográficas e até moedas. Por exemplo, pode investir em ações de setores diferentes (tecnologia, saúde ou energia), em produtos de vários países ou em ativos cotados em moedas distintas.

Carteira de investimento

A carteira de investimento, também conhecida por portefólio, não é mais do que o conjunto de ativos (ações, fundos, depósitos, certificados de aforro, etc.) que possui.

Cada pessoa deve montar a sua carteira de acordo com os objetivos, perfil de risco e prazo. Uma carteira equilibrada mistura diferentes tipos de ativos, setores, regiões e prazos, ajudando a reduzir o risco e a aumentar as oportunidades de ganho.

Além disso, a carteira não é fixa: pode e deve ser ajustada ao longo do tempo, conforme as necessidades mudam ou o mercado evolui. Também é importante rebalanceá-la periodicamente, ou seja, ajustar as proporções dos diferentes ativos para manter o equilíbrio desejado entre risco e rendimento.

Por exemplo, se definiu que queria ter 20% da carteira em ações, mas estas valorizaram e passaram a pesar mais do que isso, pode ser importante vender parte das ações e reforçar outros ativos, como as obrigações. Assim, mantém a carteira alinhada com os seus objetivos e perfil.

Valorização

Quando investe, espera que o valor do seu investimento aumente com o tempo. Isso acontece quando outras pessoas estão dispostas a pagar mais pelo ativo do que aquilo que pagou inicialmente. Normalmente, isso deve-se à expectativa de que o preço continue a subir e de que será possível obter ganhos no futuro.

O preço de uma ação, por exemplo, pode subir porque a empresa apresenta bons resultados ou cresce, ou porque surgem novidades positivas no setor ou na economia.

Esta subida de valor chama-se valorização. Mas é importante lembrar que o valor também pode descer – o que se chama desvalorização ou depreciação. Outro termo comum na área dos investimentos é “correção”: a palavra é utilizada para definir um ajuste natural quando o preço de um ativo cai após ter subido muito rapidamente.

Dividendos

A outra forma de obter rendimentos a partir de uma ação é através da distribuição de dividendos. Quando compra ações de uma empresa, pode receber uma parte dos lucros da companhiaesse pagamento chama-se dividendo.

Funciona assim: se a empresa tiver lucro e decidir distribuir parte desse dinheiro pelos acionistas, cada pessoa que tem ações recebe um valor proporcional à quantidade de ações que possui. É como se fosse uma “recompensa” por ser sócio da empresa.

Nem todas as empresas pagam dividendos. Algumas preferem reinvestir os lucros para crescer ainda mais. Outras distribuem dividendos regularmente, o que pode ser interessante para quem procura um rendimento extra além da valorização das ações. Mas o valor dos dividendos pode variar de ano para ano ou até não ser pago, caso a empresa não tenha lucros.

Taxas e comissões

Investir tem custos e é importante conhecê-los antes de avançar. As taxas e comissões são valores cobrados pelos bancos, corretoras ou gestoras para intermediar, gerir ou manter os seus investimentos.

Podem existir vários tipos de custos, como:

  • Taxa de subscrição: paga ao entrar num produto financeiro.
  • Taxa de gestão: cobrada regularmente para gerir fundos ou carteiras.
  • Comissão de transação: paga cada vez que compra ou vende um ativo.
  • Comissão de resgate: cobrada ao levantar o dinheiro antes do prazo.

Estes custos podem parecer pequenos, mas ao longo do tempo afetam a rentabilidade dos investimentos.

Imagine que investe 1.000 euros num fundo de investimento e que os deixa lá durante 10 anos, obtendo uma rentabilidade bruta de 7%. Na prática, o retorno (antes de impostos) será de:

  • 1.877 euros se apenas lhe for cobrada uma taxa de 0,5%.
  • 1.480 euros se as comissões ascenderem a 3%.

Ou seja, a diferença no retorno sobre os 1.000 euros investidos é de 397 euros. E quanto mais dilatado no tempo for o investimento, maior será o impacto negativo das comissões.

Por isso, antes de investir, compare as taxas e comissões dos diferentes produtos e escolha os que melhor se ajustam ao seu perfil. Saber quanto vai pagar ajuda a evitar surpresas e a tomar decisões mais informadas.

Perguntas frequentes

Investir é aplicar dinheiro em algo – como ações, depósitos, fundos ou imóveis – com a expectativa de receber mais no futuro. O objetivo pode ser aumentar o valor aplicado ou receber rendimentos, como juros ou dividendos. Investir é uma forma de fazer o dinheiro “trabalhar” para si, em vez de ficar parado.

A inflação é o aumento generalizado dos preços ao longo do tempo. Isso faz com que o dinheiro perca poder de compra: aquilo que hoje custa um euro, daqui a uns anos pode custar mais. Por isso, investir pode ajudar a proteger o valor do dinheiro contra a inflação.

É qualquer produto em que se pode investir dinheiro esperando que cresça ou gere rendimento. Exemplos: ações, obrigações, depósitos a prazo, fundos de investimento ou certificados de aforro. Cada ativo tem características, riscos e potenciais de rendimento diferentes.

É a medida de quanto o seu investimento cresceu num determinado período, normalmente apresentada em percentagem. Por exemplo, se investiu 1.000 euros e ao fim de um ano tem 1.050 euros, a rentabilidade foi de 5%. Pode resultar de valorização, juros ou dividendos.

É a possibilidade de perder parte ou todo o dinheiro investido. Todos os investimentos têm algum risco, mesmo os mais seguros. O risco pode ser maior ou menor, dependendo do produto e das condições do mercado.

É quanto o preço de um investimento pode oscilar (subir ou descer) num curto espaço de tempo. Investimentos com muita volatilidade podem ter ganhos e perdas rápidos. Por exemplo, ações costumam ser mais voláteis do que depósitos a prazo.

É a facilidade com que pode transformar um investimento em dinheiro disponível, sem perder valor. Dinheiro na conta tem liquidez total; imóveis ou certos fundos podem demorar mais tempo a vender ou resgatar.

Significa que, no final do prazo do investimento, recebe pelo menos o valor que aplicou, mesmo que não tenha tido ganhos. Produtos como depósitos a prazo ou certificados de aforro costumam oferecer esta garantia.

  • Rendimento fixo: já sabe à partida quanto vai receber e quando (ex.: depósitos, obrigações).
  • Rendimento variável: o valor a receber pode mudar, dependendo do desempenho do mercado (ex.: ações, fundos, imóveis).

É o tempo durante o qual o dinheiro fica investido. Alguns produtos têm prazo definido (ex.: depósito a um ano), outros não. O prazo influencia o risco, o rendimento e a disponibilidade do dinheiro.

É a estratégia de investir em diferentes produtos, setores ou regiões para reduzir o risco. Assim, se um investimento correr mal, os outros podem compensar. Não colocar todos os ovos no mesmo cesto é a regra de ouro da diversificação.

É o conjunto de todos os investimentos que uma pessoa tem. Uma carteira equilibrada mistura diferentes tipos de ativos, setores e prazos, ajudando a reduzir o risco e a aumentar as oportunidades de ganho.

É quando o valor de um investimento aumenta ao longo do tempo. Por exemplo, se compra uma ação por 10 euros e mais tarde ela vale 15 euros, houve uma valorização de 5 euros. O preço sobe porque há outras pessoas dispostas a pagar mais, normalmente porque acreditam que o valor vai continuar a subir.

São uma parte dos lucros de uma empresa distribuída aos acionistas. Se tiver ações de uma empresa que paga dividendos, recebe esse rendimento extra, normalmente uma vez por ano.

São custos cobrados pelos bancos, corretoras ou gestoras para gerir, intermediar ou manter os seus investimentos. Incluem taxas de subscrição, gestão, transação e resgate. Estes custos afetam o rendimento final, por isso é importante conhecê-los antes de investir.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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