Comprar casa em Portugal não tem de passar apenas pelo mercado imobiliário tradicional. Existe uma alternativa que atrai cada vez mais interessados: os leilões e vendas judiciais de casas. Neste modelo, é possível encontrar imóveis a preços inferiores, muitas vezes bem abaixo do valor de mercado.
Mas atenção: se as vantagens são tentadoras, os riscos também existem. Os processos podem ser complexos, as regras exigentes e nem todos os negócios acabam por ser lucrativos. Quem entra neste universo deve estar bem informado, conhecer os procedimentos e preparar-se para cada detalhe.
Neste artigo, saiba como funcionam os leilões e vendas judiciais de casas, onde pode encontrá-los, quais as vantagens e os riscos associados.
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Como funcionam os leilões e vendas judiciais de casas
Em primeiro lugar, importa perceber como se processam estas vendas. As vendas judiciais acontecem quando um imóvel é penhorado por ordem de um tribunal ou de uma entidade pública. A medida é aplicada quando o proprietário deixa de cumprir obrigações financeiras, seja o pagamento de impostos ao Fisco, contribuições à Segurança Social ou prestações de crédito.
Nesses casos, a casa é colocada à venda para recuperar o valor em dívida. O processo é transparente e segue regras legais, mas é diferente de uma compra convencional. Por exemplo, o imóvel é vendido tal como está, muitas vezes com dívidas associadas ou necessidade de obras.
Ou seja, não há garantias, devoluções ou possibilidade de desistência após a compra.
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Modalidades de venda: Há quatro formas de licitar
Os leilões e vendas judiciais de casas podem assumir várias modalidades. É fundamental perceber a diferença entre elas antes de participar.
Leilão eletrónico: A modalidade mais comum
O leilão eletrónico é hoje a modalidade mais utilizada para vender imóveis penhorados. Funciona em plataformas digitais, como o Portal das Finanças ou o e-leilões. O interessado deve registar-se, autenticar-se com NIF ou chave móvel digital e prestar uma caução que varia, em regra, entre 5% e 20% do valor base. Só depois pode licitar.
As propostas são feitas online, de forma anónima, durante o prazo definido. Ganha quem apresentar o valor mais alto. A grande vantagem é a acessibilidade: qualquer pessoa pode participar sem sair de casa e com total transparência, já que as regras estão publicadas no próprio portal.
Algumas vezes, os preços ficam muito abaixo do valor patrimonial, o que torna esta modalidade bastante apelativa. O lado menos positivo está nos prazos curtos de pagamento e no risco de licitar sem visitar o imóvel, confiando apenas em fotografias.
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Carta fechada: Licitações mais restritas
A modalidade de proposta em carta fechada surge quando o leilão eletrónico não atrai propostas válidas. Aqui, o comprador apresenta a sua oferta por escrito, sem saber os valores oferecidos pelos restantes interessados. As cartas são abertas em data marcada e o imóvel é adjudicado a quem oferecer o preço mais alto.
O atrativo está no valor base, que desce para cerca de 50% do valor patrimonial (VPT), tornando esta uma das opções mais baratas. O processo é rápido e simples, mas menos transparente. Quem participa arrisca-se a perder o negócio por uma diferença mínima face a outra proposta.
Negociação particular: Quando não há interessados
Quando nem o leilão eletrónico, nem a carta fechada conseguem resultados, a venda pode seguir por negociação particular. Nesta modalidade, o imóvel é vendido diretamente a interessados, através de intermediários designados pelas Finanças ou pela entidade responsável.
Não existe valor base de licitação fixo. O comprador pode negociar livremente o preço e as condições da venda, o que abre espaço para descontos ainda maiores. Mas esta flexibilidade também traz riscos. A negociação é menos transparente e pode implicar prazos curtos para formalizar a compra, aumentando a pressão sobre o comprador.
Hasta pública: O modelo presencial tradicional
Apesar do avanço do digital, continuam a existir vendas presenciais em hasta pública. O leilão decorre em tribunal ou noutro local designado e segue as regras de um leilão clássico. Os participantes inscrevem-se, pagam caução e, no dia marcado, apresentam as suas licitações de viva voz ou levantando a mão.
O modelo presencial permite maior clareza e contacto direto entre todos os envolvidos. Há ainda espaço para negociar em tempo real, sem depender da tecnologia. Contudo, a acessibilidade é menor, já que obriga a deslocações e disponibilidade no horário marcado. Além disso, a pressão psicológica típica das licitações presenciais pode levar alguns compradores a oferecer mais do que tinham planeado.
Passo a passo para participar em leilões ou vendas judiciais de casas
Participar num leilão exige preparação. Eis os passos essenciais para evitar erros caros.
- Pesquisar imóveis nos portais oficiais: Portal das Finanças, e-leilões ou Citius;
- Registar-se na plataforma, fornecendo dados pessoais e autenticando-se;
- Prestar caução no valor definido no anúncio;
- Consultar a documentação do imóvel: certidão predial, caderneta predial, certificado energético e regulamento da venda;
- Avaliar o preço de mercado e comparar com imóveis semelhantes;
- Licitar de forma responsável, sem ultrapassar o limite orçamental;
- Pagar dentro dos prazos legais;
- Assinar a escritura e registar o imóvel no seu nome.
Documentos que não pode deixar de consultar
Antes de licitar, é obrigatório analisar a documentação. A certidão predial revela hipotecas, penhoras ou usufrutos. A caderneta predial urbana indica o valor patrimonial e a localização exata. O certificado energético é também obrigatório e dá pistas sobre os custos de consumo da habitação.
Estes documentos estão disponíveis no Registo Predial Online ou nas conservatórias. Apesar de terem custos, representam um investimento essencial para evitar surpresas desagradáveis.
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Riscos que exigem prudência nos leilões e vendas judiciais de casas
Os riscos associados a leilões e vendas judiciais de casas vão muito além do estado de conservação. O maior risco é o direito de remição. Ou seja, os herdeiros podem ficar com o imóvel mesmo após o comprador vencer o leilão, pelo valor final leiloado.
Outro risco prende-se com o imóvel ocupado. Alguns continuam habitados, sendo necessário recorrer a tribunal para a desocupação. Além disso, certos imóveis trazem dívidas fiscais ou de condomínio, que passam automaticamente para o novo dono. Verifique ainda que a casa não está penhorada a mais do que uma entidade e que se trata da venda total do imóvel (e não apenas de uma parcela).
Por último, os prazos de pagamento são curtos. Quem não tiver crédito pré-aprovado pode perder a oportunidade e ver a caução retida.
Cuidados a ter antes da primeira licitação
O primeiro cuidado é visitar o imóvel sempre que isso seja possível. Fotografias podem esconder problemas estruturais graves. Deve também avaliar o custo total do investimento, incluindo obras, IMT, Imposto do Selo, escritura e registos.
Evite inscrever-se em vários leilões ao mesmo tempo. Se ganhar mais do que um e não tiver capacidade financeira para pagar, pode ficar impedido de participar em futuras vendas.
Por fim, nunca licite sem ter financiamento garantido. A rapidez do processo exige que o crédito esteja pré-aprovado.
Como licitar num leilão de casas
As vantagens que continuam a atrair compradores
Apesar dos riscos, as vantagens são reais. Os descontos podem chegar aos 50% face ao mercado tradicional. O processo é transparente, supervisionado por entidades públicas. Além disso, a oferta é diversificada, com imóveis de vários tipos e localizações.
Para investidores, estas oportunidades podem representar retornos significativos, desde que sejam feitas com preparação e estudo.
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Vale a pena arriscar em leilões e vendas judiciais de casas?
A resposta depende do perfil do comprador. Para investidores com liquidez, os leilões podem ser uma oportunidade. Para quem procura primeira habitação com orçamento limitado, o risco é maior e exige prudência.
O segredo é simples: informação, preparação e cautela. Só assim os leilões e vendas judiciais de casas deixam de ser um risco e passam a ser uma oportunidade real.
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Informação: A arma mais forte de quem entra num leilão
Entrar no mercado dos leilões e vendas judiciais pode ser uma porta aberta para comprar mais barato. Mas não é um atalho fácil. É um caminho que exige preparação, estudo e disciplina financeira.
Quem conhece as modalidades, compreende as regras e respeita os limites orçamentais está em posição de transformar risco em oportunidade. Quem se deixa levar apenas pelo preço arrisca-se a pagar caro por um negócio mal avaliado.
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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