Comprar um imóvel é muito mais do que assinar um contrato. É um marco que transforma vidas e realiza sonhos. Seja a primeira casa, um apartamento para arrendar ou um refúgio para a família, a compra de um imóvel é um passo que exige planeamento, informação e atenção aos detalhes.
Além disso, adquirir um imóvel é também uma forma de proteger e aumentar o seu património. Contudo, o processo é composto por decisões financeiras importantes, burocracias e responsabilidades. Ao possuir o máximo de informações sobre este passo, consegue reduzir os riscos e tomar decisões mais acertadas, podendo evitar imprevistos financeiros.
Para o ajudar a percorrer cada etapa com segurança e conhecimento, criámos o manual para comprar um imóvel, que aborda vários temas, desde os documentos iniciais até à assinatura da escritura.
Preparar o terreno: O que deve saber antes de comprar um imóvel
Comprar um imóvel não é uma decisão que se tome normalmente num curto intervalo de tempo. Trata-se de um investimento de longo prazo que exige preparação, pesquisa e contas bem-feitas. Seja a primeira casa, uma segunda habitação ou uma compra para rendimento, o primeiro passo é perceber o seu perfil financeiro. Isso significa avaliar rendimentos, poupanças e encargos mensais antes de iniciar qualquer procura.
Além de saber o que pode pagar, é essencial compreender todos os custos associados à compra. Não basta olhar para o valor anunciado da casa. Ao preço do imóvel somam-se despesas como impostos, taxas de registo, escritura, e eventuais comissões bancárias.
Por isso é fundamental planear cada etapa com rigor. Assim, evita surpresas e garante que o seu sonho de comprar um imóvel não se transforma num pesadelo financeiro.
Comprar um imóvel é um dos maiores investimentos da sua vida. Antes de avançar, comece pela definição do orçamento, pela avaliação da sua taxa de esforço e pela identificação dos custos reais associados à aquisição.
Além disso, deve saber que, em 2025, o mercado português continua competitivo e com procura elevada, sobretudo nas grandes cidades e zonas costeiras. Os preços médios mantêm-se altos e as oportunidades exigem rapidez e critério.
Dito isto, estude o mercado, acompanhe os preços na zona que pretende e mantenha-se atento a medidas de apoio que podem reduzir custos, especialmente se tem até 35 anos.
De quanto precisa para comprar um imóvel?
Saber quanto custa comprar um imóvel vai muito além do preço da casa. Se vai comprar recorrendo a um crédito habitação, o banco não financia o valor total.
De acordo com as regras do Banco de Portugal, o limite máximo de financiamento é 90% do valor da avaliação ou do valor de aquisição (considera-se sempre o mais baixo dos dois). Por isso, é necessário dispor de pelo menos 10% a 20% em capitais próprios para a entrada.
Ou seja, se precisa de recorrer a um crédito habitação para comprar um imóvel (para habitação própria permanente) com o valor de 250.000 euros, uma instituição de crédito pode conceder-lhe um financiamento de 225.000 euros no máximo. Isto significa que precisaria de 25.000 euros só para cobrir o valor não financiado pelo banco.
No entanto, o cenário muda, caso se trate de uma segunda habitação. Segundo o Banco de Portugal, neste tipo de aquisição, as instituições de crédito podem, no máximo, financiar até 80% do valor de avaliação ou de aquisição (consoante o que for mais baixo). Por isso, se o imóvel tiver um valor de 250.000 euros, na melhor das hipóteses, consegue um financiamento de 200.000 euros, tendo de possuir 50.000 euros em capitais próprios para avançar com a compra.
Leia ainda: Há montantes máximos de financiamento no crédito habitação?
Impostos
Mas o valor da entrada é apenas uma parte da equação. Ao comprar um imóvel, terá de contar também com o pagamento de impostos obrigatórios: o Imposto Municipal sobre Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) e o Imposto do Selo.
O IMT varia consoante o valor de aquisição do imóvel ou valor patrimonial tributário (é considerado mais alto), a taxa a aplicar (de 2 a 8%), a sua localização e a sua finalidade, podendo existir casos em que está isento do pagamento deste imposto. Já relativamente ao Imposto do Selo, o Estado cobra 0,8% do valor do imóvel.
Usando o mesmo exemplo, numa habitação própria e permanente com o valor de 250.000 euros, teria de pagar de impostos 9.247,08 euros (7.247,08 euros de IMT e 2.000 euros de Imposto do Selo).
Contudo, numa segunda habitação com o mesmo preço, os dois impostos representam um total de 10.289,69 euros. O valor sobe porque o IMT aumenta para 8.289,69 euros.
Nestes dois exemplos, só no valor não financiado pelo banco e nestes dois impostos, teria de ter aproximadamente 34.250 euros para comprar uma habitação própria e permanente de 250.000 euros e cerca de 60.300 euros para a aquisição de uma habitação secundária.
Nota: Estes valores não contemplam nenhum tipo de isenção nem as medidas em vigor para os jovens até aos 35 anos.
Recorra ao simulador de IMT para saber quanto vai pagar.
Outros custos
Embora o valor não financiado pelo banco e os custos associados ao IMT e Imposto do Selo representem os encargos mais elevados na compra de um imóvel, existem outras despesas que tem de suportar. É o caso de comissões e Imposto do Selo do crédito habitação, registos e escritura. Porém, mais adiante indicaremos o valor aproximado destes encargos.
Ao fazer estas contas, saberá exatamente de quanto precisa para comprar um imóvel, seja para viver, passar férias ou investir. E este é um passo fundamental antes de iniciar o processo de compra.