Duas pessoas sentadas numa mesa, uma com uma casa numa mão e outra com uma chave a ilustrar o processo para comprar um imóvel

Comprar um imóvel é muito mais do que assinar um contrato. É um marco que transforma vidas e realiza sonhos. Seja a primeira casa, um apartamento para arrendar ou um refúgio para a família, a compra de um imóvel é um passo que exige planeamento, informação e atenção aos detalhes.

Além disso, adquirir um imóvel é também uma forma de proteger e aumentar o seu património. Contudo, o processo é composto por decisões financeiras importantes, burocracias e responsabilidades. Ao possuir o máximo de informações sobre este passo, consegue reduzir os riscos e tomar decisões mais acertadas, podendo evitar imprevistos financeiros.

Para o ajudar a percorrer cada etapa com segurança e conhecimento, criámos o manual para comprar um imóvel, que aborda vários temas, desde os documentos iniciais até à assinatura da escritura.

Preparar o terreno: O que deve saber antes de comprar um imóvel

Comprar um imóvel não é uma decisão que se tome normalmente num curto intervalo de tempo. Trata-se de um investimento de longo prazo que exige preparação, pesquisa e contas bem-feitas. Seja a primeira casa, uma segunda habitação ou uma compra para rendimento, o primeiro passo é perceber o seu perfil financeiro. Isso significa avaliar rendimentos, poupanças e encargos mensais antes de iniciar qualquer procura. 

Além de saber o que pode pagar, é essencial compreender todos os custos associados à compra. Não basta olhar para o valor anunciado da casa. Ao preço do imóvel somam-se despesas como impostos, taxas de registo, escritura, e eventuais comissões bancárias.

Por isso é fundamental planear cada etapa com rigor. Assim, evita surpresas e garante que o seu sonho de comprar um imóvel não se transforma num pesadelo financeiro.

Comprar um imóvel é um dos maiores investimentos da sua vida. Antes de avançar, comece pela definição do orçamento, pela avaliação da sua taxa de esforço e pela identificação dos custos reais associados à aquisição.

Além disso, deve saber que, em 2025, o mercado português continua competitivo e com procura elevada, sobretudo nas grandes cidades e zonas costeiras. Os preços médios mantêm-se altos e as oportunidades exigem rapidez e critério.

Dito isto, estude o mercado, acompanhe os preços na zona que pretende e mantenha-se atento a medidas de apoio que podem reduzir custos, especialmente se tem até 35 anos.

De quanto precisa para comprar um imóvel?

Saber quanto custa comprar um imóvel vai muito além do preço da casa. Se vai comprar recorrendo a um crédito habitação, o banco não financia o valor total.

De acordo com as regras do Banco de Portugal, o limite máximo de financiamento é 90% do valor da avaliação ou do valor de aquisição (considera-se sempre o mais baixo dos dois). Por isso, é necessário dispor de pelo menos 10% a 20% em capitais próprios para a entrada.

Ou seja, se precisa de recorrer a um crédito habitação para comprar um imóvel (para habitação própria permanente) com o valor de 250.000 euros, uma instituição de crédito pode conceder-lhe um financiamento de 225.000 euros no máximo. Isto significa que precisaria de 25.000 euros só para cobrir o valor não financiado pelo banco.

No entanto, o cenário muda, caso se trate de uma segunda habitação. Segundo o Banco de Portugal, neste tipo de aquisição, as instituições de crédito podem, no máximo, financiar até 80% do valor de avaliação ou de aquisição (consoante o que for mais baixo). Por isso, se o imóvel tiver um valor de 250.000 euros, na melhor das hipóteses, consegue um financiamento de 200.000 euros, tendo de possuir 50.000 euros em capitais próprios para avançar com a compra.

Leia ainda: Há montantes máximos de financiamento no crédito habitação?

Impostos

Mas o valor da entrada é apenas uma parte da equação. Ao comprar um imóvel, terá de contar também com o pagamento de impostos obrigatórios: o Imposto Municipal sobre Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) e o Imposto do Selo.  

O IMT varia consoante o valor de aquisição do imóvel ou valor patrimonial tributário (é considerado mais alto), a taxa a aplicar (de 2 a 8%), a sua localização e a sua finalidade, podendo existir casos em que está isento do pagamento deste imposto. Já relativamente ao Imposto do Selo, o Estado cobra 0,8% do valor do imóvel. 

Usando o mesmo exemplo, numa habitação própria e permanente com o valor de 250.000 euros, teria de pagar de impostos 9.247,08 euros (7.247,08 euros de IMT e 2.000 euros de Imposto do Selo).

Contudo, numa segunda habitação com o mesmo preço, os dois impostos representam um total de 10.289,69 euros. O valor sobe porque o IMT aumenta para 8.289,69 euros.

Nestes dois exemplos, só no valor não financiado pelo banco e nestes dois impostos, teria de ter aproximadamente 34.250 euros para comprar uma habitação própria e permanente de 250.000 euros e cerca de 60.300 euros para a aquisição de uma habitação secundária.

Nota: Estes valores não contemplam nenhum tipo de isenção nem as medidas em vigor para os jovens até aos 35 anos.

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Outros custos

Embora o valor não financiado pelo banco e os custos associados ao IMT e Imposto do Selo representem os encargos mais elevados na compra de um imóvel, existem outras despesas que tem de suportar. É o caso de comissões e Imposto do Selo do crédito habitação, registos e escritura. Porém, mais adiante indicaremos o valor aproximado destes encargos.

Ao fazer estas contas, saberá exatamente de quanto precisa para comprar um imóvel, seja para viver, passar férias ou investir. E este é um passo fundamental antes de iniciar o processo de compra.

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Avalie o potencial de valorização da casa

Comprar um imóvel é sempre um investimento, mesmo que seja para habitação própria. Antes de tomar uma decisão, analise o potencial de valorização do imóvel. Isto significa olhar para fatores como localização, acessibilidade, transportes, oferta de comércio, escolas e serviços de saúde. Imóveis situados em zonas com estas infraestruturas tendem a manter ou aumentar o seu valor ao longo do tempo.

Outro fator importante é o estado de conservação e o tipo de construção. Uma casa nova, além de ter menos necessidade de obras, oferece mais garantias legais, como a garantia de construção, que é de 10 anos para elementos estruturais.

Já uma casa usada pode exigir investimentos adicionais em remodelação. Contudo, se conseguir um bom negócio, pode obter um retorno se o objetivo for vender ou arrendar no futuro.

Em 2025, segundo dados do INE, as zonas periféricas de Lisboa, Porto e Algarve continuam a mostrar um crescimento sustentado de valor. Esta pode ser uma opção vantajosa para quem procura comprar um imóvel como investimento ou segunda habitação.

Documentos essenciais para a compra

Comprar um imóvel não é só escolher a casa ideal. Antes de fechar negócio, é essencial reunir todos os documentos necessários. Sem eles, o processo não avança e arrisca perder tempo e dinheiro.  

Dado que a maioria das pessoas precisa de um crédito habitação para dar este passo, saiba que existem documentos essenciais para obter a pré-aprovação do seu crédito. Fazem parte da lista de documentos, os seguintes:

Após o banco verificar a sua situação financeira e profissional, bem como o seu perfil de risco, vai calcular a sua taxa de esforço. Esta taxa representa, em termos percentuais, o peso que os empréstimos têm no orçamento de uma família. Para este cálculo, é usada a seguinte fórmula:

Taxa de esforço = (total de prestações financeiras / rendimento mensal líquido) x 100 

Quando não tem nenhum outro financiamento, o crédito habitação não deve pesar mais de 30% no rendimento mensal líquido do seu agregado familiar. Mas se tiver mais de um crédito, a taxa de esforço não pode ultrapassar os 50%. Acima deste valor, nenhuma instituição de crédito pode conceder um novo financiamento. Quanto mais baixa for taxa de esforço, mais probabilidades tem de o seu crédito ser aprovado.

Nota: Se tiver dificuldades em apurar a sua taxa de esforço, recorra ao Simulador de Taxa de Esforço para facilitar este cálculo. 

Documentos do imóvel

Depois da fase de pré-aprovação, o comprador deve verificar alguns documentos do imóvel que quer comprar. Estes vão ter de ser apresentados para obter as condições finais do seu financiamento e para a celebração da escritura.

Entre os documentos que deve analisar (que estão na posse do vendedor), encontra-se:

Ao ter acesso a estes documentos e verificar o estado legal do imóvel, pode evitar várias dores de cabeça. Afinal, sem alguns destes documentos, não consegue obter um crédito habitação nem efetuar a escritura do imóvel. Por isso, antes de fechar qualquer negócio, exija sempre toda a documentação e, se possível, peça apoio especializado.

Leia ainda: Checklist de documentos necessários para Crédito Habitação

Vai vender uma casa para comprar outra? Há mais procedimentos a considerar

Se pretende vender uma casa para comprar outro imóvel, este processo exige um planeamento redobrado. Neste tipo de situação, é habitual utilizar o valor da venda da habitação atual como entrada para o novo imóvel. No entanto, os prazos nem sempre coincidem. Por isso, é importante negociar bem os timings de ambas as transações ou preparar um contrato de arrendamento temporário, caso haja um intervalo entre a venda e a compra.

Leia ainda: Quanto vale a minha casa?

Além disso, comprar um imóvel nestas condições também obriga a atenção redobrada com os impostos. Ao vender um imóvel e reinvestir o valor noutra habitação própria e permanente, pode ficar isento de pagar mais-valias, mas só se respeitar os prazos definidos pela lei.

Leia ainda: Mais-valias imobiliárias: Vendas a partir de 11 de setembro com regras menos apertadas

CPCV: O contrato que protege comprador e vendedor

O Contrato-Promessa de Compra e Venda, conhecido como CPCV, é um documento que formaliza o compromisso entre quem vende e quem pretende comprar um imóvel.

Apesar de não ser obrigatório por lei, o CPCV é amplamente usado em Portugal, porque protege ambas as partes até ao momento da escritura. Neste contrato ficam definidas as condições essenciais da transação: o preço, a data para a escritura, o valor do sinal e eventuais cláusulas específicas, como a devolução em dobro do sinal se o vendedor desistir.

O CPCV garante que o imóvel não será vendido a terceiros durante o período acordado e dá segurança jurídica a quem pretende comprar ou vender um imóvel. O valor do sinal, geralmente entre 10% e 20% do preço da casa, é uma forma de mostrar que existe intenção séria de concretizar o negócio. Caso o comprador desista sem motivo, perde esse valor. Por isso, antes de assinar, leia todas as cláusulas com atenção e, se possível, peça aconselhamento jurídico.

Leia ainda: Cuidados a ter com o CPCV

Onde pesquisar o seu imóvel de sonho

A procura de casa começa muitas vezes na internet. Sites como Idealista, Imovirtual, Casa Sapo e OLX são plataformas populares para quem quer comprar um imóvel. Nestes portais pode filtrar resultados por preço, localização, tipologia e estado da casa. Ainda utilizando as plataformas digitais, pode recorrer aos sites de várias imobiliárias, dado que estas não colocam todos os imóveis que possuem em carteira noutras plataformas.

Porém, há outras formas de encontrar oportunidades. Os bancos, por exemplo, mantêm carteiras de imóveis recuperados de crédito malparado que são vendidos a preços competitivos. Mas estes imóveis ficam rapidamente indisponíveis, sendo difícil a sua aquisição.

Outra opção são os leilões eletrónicos de bens penhorados, que podem ser consultados em plataformas como o e-leilões.pt, Citius ou no Portal das Finanças. Nestes casos, os preços costumam ser mais baixos, mas é importante ter cuidado e avaliar bem o imóvel antes de licitar. Não se precipite, pois pode comprar um problema em vez da sua casa de sonho.

Por fim, não subestime os métodos tradicionais. Esteja atento aos anúncios de rua, placas de “vende-se” e à sua própria rede de contactos, que podem ser decisivos na hora de encontrar o imóvel certo.

Cuidados essenciais na escolha do imóvel

Escolher o imóvel certo é mais do que uma questão de gosto. Comprar um imóvel envolve avaliar se a casa se adapta ao seu estilo de vida atual e futuro. A localização é um dos fatores-chave. Quanto mais central, mais valorizada tende a ser, mas também mais cara. Já nas zonas periféricas, os preços podem ser mais acessíveis, com maior potencial de valorização a médio prazo. Antes de decidir, analise também o acesso a transportes, escolas, supermercados, serviços de saúde e opções de lazer. 

Outro ponto essencial na avaliação é o estado de conservação da casa. Ao visitar o imóvel, verifique a presença de fissuras, humidade, luz natural, estado da canalização e sistema elétrico. Questione o vendedor sobre remodelações recentes e peça sempre documentação que comprove a legalidade das obras. Lembre-se: problemas estruturais são caros e difíceis de resolver. Comprar um imóvel sem esta análise detalhada pode significar gastos inesperados e comprometer o retorno do investimento.

Por fim, visite o imóvel mais do que uma vez em alturas diferentes do dia. Ao ter este cuidado pode perceber melhor o nível de ruído do prédio, se é realmente uma zona sossegada e até detetar alguns problemas na habitação que com outro tipo de luminosidade não tinha reparado.

Leia ainda: Visitar casas para comprar: olhe para estes aspetos

Comprar casa nova ou usada: Vantagens e armadilhas

Na hora de comprar um imóvel, outras das decisões que tem de tomar é se vai adquirir uma casa nova ou usada. As casas novas, além de estarem prontas a estrear, oferecem garantia legal de construção: 10 anos para defeitos estruturais e 5 anos para falhas não estruturais. Isso dá maior segurança ao comprador, já que eventuais reparações ficam a cargo do construtor dentro desse prazo. Além disso, os imóveis novos estão, regra geral, preparados para responder a normas de eficiência energética mais exigentes.

Por outro lado, as casas usadas podem ter preços mais competitivos, sobretudo em localizações centrais ou históricas. No entanto, é fundamental verificar o estado de conservação, o certificado energético e o histórico de manutenção do imóvel. Muitos imóveis antigos necessitam de obras, e estas podem exigir um investimento significativo. Comprar um imóvel usado pode ser uma oportunidade, mas é importante calcular os custos de eventuais renovações antes de fechar negócio.

Não tenha receio de fazer perguntas antes de comprar um imóvel

Antes de fechar negócio, faça todas as perguntas que forem necessárias. Comprar um imóvel é uma decisão que não deve ser tomada às cegas. Ao vendedor, pergunte sobre o histórico do imóvel. Por exemplo, questione quantos proprietários teve, se sofreu obras recentes, se existem encargos ou dívidas associadas ao condomínio. Se for um apartamento, informe-se sobre as obras previstas no edifício e sobre o valor das quotas mensais do condomínio.

Contudo, não se fique apenas por colocar as suas dúvidas ao vendedor. Tente falar com outros moradores do imóvel ou condóminos. Desta forma, pode apurar se houve algum problema no prédio e/ou no apartamento que pretende comprar. Em alguns casos, pode acontecer que o imóvel não aparente qualquer problema, por ter sido renovado ou pintado, mas isso não significa que não existam problemas complexos escondidos.

Como já referido, outro detalhe importante é confirmar a situação legal do imóvel. Peça sempre os documentos que atestam a legalidade da construção e a inexistência de hipotecas ou penhoras. Pergunte também sobre as condições de pagamento, a data prevista para escritura e a flexibilidade para negociar cláusulas no CPCV. Ao estar bem informado evita surpresas desagradáveis no futuro. Mais vale perguntar agora do que lamentar depois.

Preços médios das casas em Portugal: O que dizem os números

Segundo os dados estatísticos dos preços da habitação ao nível local (referentes ao 4.º trimestre de 2024), publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o preço mediano dos 44.115 alojamentos familiares transacionados em Portugal atingiu os 1.870 euros/m2, uma subida de 15,5% face ao mesmo período do ano anterior.

Porém, em várias zonas do país, os preços medianos de habitação nesse período estão longe desse valor. Por exemplo, o preço mediano de habitação do município de Lisboa foi de 4.425 euros/m2. Logo a seguir, surgem os municípios de Cascais (4.201 euros/m2), Funchal (3.693 euros/m2) e Oeiras (3.622 euros/m2).

Contudo, quem pretende comprar um imóvel longe da capital, o preço por metro quadrado pode ser inferior. Mesmo tendo registado uma subida, o preço por metro quadrado no município de Coimbra fixou-se em 1.930 euros/m2. Já em Guimarães, o preço mediano de habitação no 4.º trimestre de 2024 foi de 1.471 euros/m2 e em Barcelos de 1.330 euros/m2 (valores abaixo da média nacional).

A importância da avaliação na compra de um imóvel

Para quem quer comprar um imóvel como investimento, convém ter em conta a avaliação por metro quadrado e se a localização tem procura. Ao comprar em áreas de reabilitação urbana pode garantir um retorno interessante, sobretudo se o imóvel for destinado a arrendamento ou revenda. Já para habitação própria, é importante ponderar não só o preço, mas também o custo de vida na região e o acesso a serviços essenciais. Comparar os dados do INE por município é uma excelente forma de ajustar expectativas ao orçamento disponível.

Além disso, tenha em conta que a avaliação bancária pode condicionar a compra de um imóvel ao recorrer um financiamento. Os bancos são obrigados a cumprir as regras relativas ao rácio LTV (loan-to-value). E se a avaliação for menor do que o preço de aquisição do imóvel, o valor do financiamento será mais baixo. Desta forma, se não tiver capitais próprios para cobrir o valor não financiado pelo banco, o negócio não se pode concretizar.

Leia ainda: O valor de avaliação da casa pode ser muito diferente do preço de venda?

Crédito habitação: Como financiar a compra sem erros

Geralmente, comprar um imóvel implica recorrer a crédito habitação. Este é um empréstimo de longo prazo, com prazos que podem ir até 40 anos (se tiver menos de 30 anos). Entre os 30 e 35 anos, o prazo limite é de 37 anos e, com mais de 35 anos, o seu crédito habitação não pode exceder os 35 anos. 

Leia ainda: Prazos do crédito habitação: Conhece os novos limites?

Porém, deve perceber como este crédito funciona, uma vez que pode optar por um crédito com uma taxa de juro variável (onde a prestação varia consoante o valor médio da Euribor, no prazo acordado) taxa fixa (fica com a mesma prestação do início ao fim do contrato) ou taxa mista (no período inicial acordado a prestação é fixa, passando a variável após o período fixo terminar). 

A taxa de juro, Taxa Anual Nominal (TAN) é composta pelo spread (que é a margem de lucro dos bancos, estipulada livremente consoante as garantias e riscos de cada financiamento) e pelo indexante do crédito habitação (Euribor nos créditos com taxa variável e taxa swap nos créditos com taxa fixa). 

Como escolher a melhor proposta de crédito?

Tendo noção destes pontos, ao saber o preço de aquisição do imóvel e o valor que pretende pedir de financiamento (lembre-se das regras do Banco de Portugal) deve começar a pedir várias simulações e comparar propostas de várias instituições de crédito. Para perceber qual é a solução mais vantajosa, não se foque apenas na prestação mensal, nem no valor do spread.  

Leia ainda: Proposta de crédito: As taxas a que deve estar atento

Olhe sim para a Taxa Anual Efetiva Global(TAEG) e o Montante Total Imputado ao Consumidor (MTIC). Estes dois indicadores revelam, além dos juros, os seguintes encargos: 

  • Comissões;
  • Seguros associados ao seu crédito (seguro de vida do crédito habitação e o seguro multirriscos).
  • Despesas com impostos e emolumentos relativos ao registo da hipoteca (quando se trata de um crédito com garantia hipotecária);
  • Comissão da manutenção da conta à ordem, sendo esta obrigatória para a gestão do seu crédito;
  • Engloba a remuneração ao intermediário se esta for paga pelo consumidor. Contudo, se quiser usufruir dos serviços de um intermediário de crédito, existem entidades credíveis que não cobram qualquer tipo de serviços ao consumidor.
  • Entre outras despesas associadas ao seu contrato de crédito.

Os únicos encargos que não estão contemplados na TAEG e MTIC são os valores que tem de pagar caso não cumpra com as obrigações estipuladas no contrato, as comissões de reembolso antecipado do seu empréstimo e custos notariais.

Nota: Quanto mais elevada for a TAEG e o MTIC, mais caro será o seu crédito habitação.

Leia ainda: MTIC e TAEG: Os melhores amigos na comparação de propostas de crédito

Passos para obter o seu financiamento

Assim que analisar todas as propostas e escolher a mais vantajosa para si, peça à instituição de crédito a pré-aprovação do seu crédito. Esta etapa permite saber até que valor o banco está disposto a financiar, o que facilita a procura do imóvel.

Leia ainda: Simulação e aprovação de crédito: Quais as principais diferenças?

Após o banco fazer a avaliação e verificar todos os documentos (dos futuros titulares do crédito e do imóvel), pode ter o seu crédito aprovado, se reunir as condições para tal. É nessa altura que o banco emite a Ficha de Informação Normalizada Europeia (FINE) e, após sete dias de reflexão, o contrato é assinado e registado. No dia da escritura, a instituição de crédito liberta o valor total do financiamento para fechar o negócio.

Leia ainda: Como analisar a FINE de uma proposta de crédito habitação?

Custos invisíveis: Saiba calcular antes de se comprometer

Os custos invisíveis são todas as despesas que surgem além do valor da casa. E são muitas. Estes “custos invisíveis” começam logo com os impostos que referimos anteriormente: IMT e Imposto do Selo. Mas como indicado, ainda tem de suportar outros encargos até ao dia da escritura. São estes:

  • Comissões bancárias: Neste tipo de financiamento costumam ser cobradas comissões de avaliação, de estudo de processo, de formalização, entre outras. Os valores variam de banco para banco.Mas, por norma, este encargo ronda os 800 a 1.000 euros.
  • Registo do imóvel: Se optar pelo serviço Casa Pronta, tem um encargo de 700 euros. Este é o valor tabelado para registos associados a um crédito habitação.
  • Imposto do Selo relativo ao crédito habitação: Uma vez que a maioria dos contratos é superior a cinco anos, este corresponde a 0,6% do valor financiado.

Após a aquisição do imóvel, passa a ter de suportar os custos da sua prestação mensal do crédito habitação. No entanto, este não é o único encargo.

Leia ainda: Quanto custa a escritura de uma casa?

Seguros do crédito habitação

Prepare o seu orçamento familiar para o pagamento dos seguros associados ao seu financiamento, o seguro de vida do crédito habitação e seguro multirriscos. Estes dois seguros são exigidos pelas instituições de crédito para conceder-lhe o empréstimo que precisa. Porém, nenhum cliente é obrigado a contratar estes seguros na entidade que concedeu o crédito habitação.

Assim, deve fazer contas e ver se é mais vantajoso subscrever estas duas apólices com o seu crédito habitação (podendo beneficiar de uma bonificação no seu spread) ou noutra seguradora. Caso tenha subscrito mais produtos, não se esqueça de equacionar essas despesas.

Leia ainda: Seguros do crédito habitação: Que coberturas devo escolher?

IMI

Além dos seguros, existe um imposto que terá um impacto significativo no seu orçamento familiar: o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI). Embora este seja um custo anual que terá no ano seguinte à compra do seu imóvel (caso não fique isento do IMI), dependendo do valor do IMI, há a possibilidade de liquidar este imposto em prestações.

Se a fatura do seu IMI for até 100 euros, terá de pagar o imposto de uma só vez no mês de maio. Caso o valor do IMI seja superior a 100 euros, mas não ultrapasse os 500 euros, poderá pagar este imposto em duas prestações (maio e novembro). Mas se o seu IMI superar os 500 euros, pode dividir o pagamento em três prestações, que terá de liquidar nos meses de maio, agosto e novembro.

Caso queira apurar o valor do IMI, deve multiplicar a taxa praticada pelo município onde se localiza o seu imóvel pelo Valor Patrimonial Tributário – VPT. Para facilitar as suas contas e saber quanto ficará a pagar anualmente de IMI, recorra ao Simulador de IMI.

Leia ainda: Quem paga IMI? 10 perguntas e respostas sobre o imposto

Outras despesas

No caso dos apartamentos e algumas moradias, tem ainda de pagar as quotas do condomínio. Por fim, caso esteja a ponderar a compra de um imóvel que precisa de obras de renovação, é essencial que faça um levantamento de todos os custos que terá de suportar.

Leia ainda: Como são calculadas as quotas de condomínio?

Afinal, a remodelação de uma cozinha, casa de banho ou até obras estruturais, podem custar vários milhares de euros. E dado que este é um encargo elevado, faça bem as contas para não sufocar o seu orçamento familiar.

Leia ainda: Obras em casa: Como definir um orçamento e evitar surpresas

Jovens até aos 35 anos: Novos apoios e benefícios

Em 2025, o Governo português reforçou os apoios para facilitar a entrada dos jovens no mercado da habitação. Uma das medidas mais relevantes é a isenção total de IMT e Imposto do Selo para jovens até aos 35 anos na compra da primeira habitação própria e permanente, até ao limite de 324.058 euros.

Acima deste valor, aplica-se uma isenção parcial até aos 633.453 euros. Esta medida representa uma poupança imediata de milhares de euros no momento da compra.

Além disso, foi criada uma garantia pública que cobre até 15% do valor do imóvel, para quem não tem capitais próprios suficientes para a entrada. Para beneficiar da garantia pública, que permite que os bancos financiem a totalidade do valor da casa, precisa de reunir os seguintes critérios:

  • Não pode ter mais de 35 anos e tem de ter um domicílio fiscal em Portugal;
  • Os rendimentos não podem ultrapassar o 8.º escalão do IRS. Em 2025, o valor dos escalões de IRS mudaram, passando a abranger os rendimentos entre 44.987 euros e 83.696 euros;
  • valor da transação não pode exceder os 450 mil euros;
  • Não pode ser dono de outro imóvel (nem de parte dele);
  • Não pode ter dívidas às Finanças ou à Segurança Social;
  • Não pode ter usufruído da garantia pessoal do Estado.
  • A taxa de esforço não pode ultrapassar os 50% e precisa de ter uma situação profissional e financeira estável.

Estas medidas tornaram mais acessível o sonho de comprar um imóvel até aos 35 anos. Contudo, saiba que, embora a garantia pública seja válida até ao final de 2026, é preciso que a instituição de crédito tenha verba disponível para usufruir desta medida.

Leia ainda: Garantia pública: O apoio financeiro pode terminar antes de 2026?

Checklist final: Pronto para realizar o sonho?

Antes de fechar negócio, use esta checklist para garantir que está tudo em ordem:

  • Definiu o objetivo da compra (habitação própria, segunda habitação ou investimento)?
  • Fez o planeamento financeiro (calculou a “entrada”, prestações mensais e todos os custos associados à compra do imóvel e despesas após a aquisição)?
  • Definiu o seu orçamento e avaliou a taxa de esforço?
  • Tem os documentos pessoais prontos (Declaração de IRS, recibos, extratos bancários, mapa de responsabilidades do Banco de Portugal, comprovativos e declaração da entidade patronal)?
  • Reuniu os documentos do imóvel (caderneta, registos, licença e certificado energético)?
  • Conferiu se há hipotecas, penhoras ou dívidas pendentes?
  • Escolheu o imóvel com base na localização, potencial de valorização e necessidades futuras?
  • Visitou o imóvel mais de uma vez para verificar se existem problemas?
  • Leu e confirmou todas as cláusulas do CPCV antes de assinar?
  • Comparou propostas de crédito habitação e verificou a TAEG, MTIC e tipo de taxa (fixa, variável, mista) para obter a solução mais vantajosa para si?
  • Verificou se tem direito a apoios e medidas em vigor?
  • Preparou o sinal, os prazos e a escritura?
  • Está consciente das suas obrigações futuras (IMI, condomínio, obras de renovação e manutenção, prémios de seguros, etc.?)

Se respondeu “sim” a todas as perguntas, está pronto para dar o passo. Comprar um imóvel exige rigor, paciência e informação. Mas com tudo bem preparado, o sonho da casa própria ou do investimento certo, pode tornar-se realidade.

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