Comprar uma casa usada é um passo decisivo na vida de muitas famílias. Em 2025, o mercado imobiliário português está mais caro e competitivo do que nunca. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), o preço mediano por metro quadrado atingiu 1.951 euros no primeiro trimestre de 2025, um aumento histórico de 18,7% face a 2024.
Com este cenário, cada euro conta. E quem opta por comprar uma casa usada precisa de olhar para muito mais do que o valor anunciado. Além do preço de compra, é preciso considerar obras de melhoria, impostos, custos fixos e documentação legal, que podem transformar uma boa oportunidade num encargo difícil de suportar. Dito isto, comprar uma casa usada pode ser uma boa oportunidade, mas só se for feita com rigor.
Neste artigo, saiba quanto custa comprar casa usada, os cuidados a ter antes de avançar e as melhores formas de negociar.
Quanto custa realmente comprar casa usada?
O custo de uma casa usada pode variar bastante. É preciso ter em conta o preço por metro quadrado, encargos com impostos (IMT e Selo), despesas de escritura e registos, comissões bancárias, seguros, custos de avaliação e até obras de renovação. Estes fatores podem disparar o custo final do negócio.
Preço médio das casas em Portugal
Os dados do INE mostram que 2025 trouxe preços recorde. Entre janeiro e março, foram transacionados 40.163 imóveis, mais 24,9% do que no mesmo período de 2024. O preço médio fixou-se em 1.951 €/m², mas há zonas onde os valores estão muito acima desta média.
Lisboa continua a ser o concelho mais caro do país, com 4.492 €/m², seguida de Cascais (4.477 €/m²), Oeiras (3.983 €/m²), Porto (3.066 €/m²) e Odivelas (3.048 €/m²). Em contrapartida, cidades como Guimarães, Braga ou Leiria apresentam valores mais acessíveis.
Quando se compara casas novas e usadas, a diferença é clara. Em 23 dos 24 municípios com mais de 100 mil habitantes, as casas novas são mais caras. Em Cascais, a diferença chega a 1.201 €/m². A exceção é a Amadora, onde as casas usadas superam ligeiramente o preço das novas.
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Como se define o valor de uma casa usada?
O preço pedido nem sempre corresponde ao valor real de mercado. Para perceber o valor de uma casa usada, é preciso recorrer a diferentes métodos de avaliação.
Os peritos independentes recorrem a três técnicas: comparação de mercado (com base em imóveis semelhantes vendidos recentemente), capitalização de rendimentos (nos casos de imóveis para arrendamento) e método do custo (substituição por uma construção equivalente).
Na prática, o fator mais determinante é sempre a localização. Um T2 em Lisboa pode custar o dobro do mesmo T2 em Santarém. Mas outros critérios também pesam: ano de construção, estado de conservação, remodelações recentes, existência de elevador, garagem ou espaços exteriores.
Para quem quer uma primeira noção, já existem ferramentas digitais como o Simulador de Valor de Imóvel, desenvolvido pelo Doutor Finanças em parceria com a Alfredo, que se baseia em dados reais de transações.
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Custos que não podem cair no esquecimento: Impostos e comissões
Comprar uma casa usada não é apenas pagar o preço ao vendedor. É também assumir um conjunto de encargos obrigatórios.
O mais pesado é o Imposto Municipal sobre Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT). A taxa varia entre 2% e 8%, dependendo do valor e da finalidade (habitação própria ou secundária). Segue-se o Imposto do Selo, fixado em 0,8% do preço de aquisição.
Num exemplo de uma casa usada de 250 mil euros, o comprador pode gastar cerca de 9.247 euros em impostos se for primeira habitação, ou 10.289 euros se for segunda habitação.
Nota: Se tiver até 35 anos, pode beneficiar da isenção destes impostos na compra da primeira habitação.
Porém, caso não queira fazer contas, pode recorrer ao Simulador de IMT e descobrir quanto é que vai ter de pagar.
Outros custos a considerar
Se recorrer a um crédito habitação para comprar uma casa usada ou nova, ainda tem de suportar o imposto do selo relativo ao financiamento. Uma vez que a maioria dos contratos é superior a cinco anos, este corresponde a 0,6% do valor financiado.
Há ainda os custos de escritura e registo, que podem rondar 700 euros com o serviço Casa Pronta, e as comissões bancárias associadas ao crédito, que variam entre 800 e 1.000 euros.
Além dos impostos e comissões para a aquisição do imóvel, ao comprar uma casa tem de assumir despesas que se repetem todos os anos. O Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) é uma delas. O valor depende da taxa aplicada pelo município e do Valor Patrimonial Tributário (VPT). Pode ser pago em uma, duas ou três prestações, consoante o montante.
Para saber quanto vai pagar de IMI, aceda ao Simulador de IMI do Doutor Finanças.
Se comprar um apartamento, terá ainda as quotas de condomínio, que podem variar muito consoante os serviços incluídos e o estado do edifício. Em prédios antigos, é comum haver necessidade de obras de conservação, o que pode representar custos extra. Por isso, pergunte se estão previstas obras no edifício. Uma intervenção no telhado ou na fachada pode custar milhares de euros e recair sobre todos os condóminos.
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Crédito habitação: O banco não financia o preço total para comprar casa
Quem recorre a crédito habitação precisa de saber que o banco não cobre 100% do valor. Para habitação própria e permanente, o limite é 90% do menor valor entre o preço e a avaliação bancária. Para segundas habitações, baixa para 80%.
Isto significa que, numa casa de 250 mil euros, pode precisar de 25 mil a 50 mil euros em capitais próprios apenas para a entrada. A estes valores somam-se os impostos e as despesas adicionais.
Além disso, há os seguros obrigatórios: o seguro de vida e o seguro multirriscos. Podem ser contratados dentro ou fora do banco, mas representam um custo mensal fixo que pesa no orçamento familiar.
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Obras de melhoria: Um fator decisivo
Ao contrário das casas novas, muitas casas usadas exigem remodelações. Pode ser apenas pintura e pequenas reparações, troca de pavimentos, mas também obras estruturais.
Problemas de canalização, eletricidade antiga, isolamento térmico ou humidade podem obrigar a investir milhares de euros. Só uma remodelação de cozinha pode custar entre 8 mil e 15 mil euros. Uma renovação completa de casa de banho ultrapassa facilmente os 5 mil euros.
Estas despesas podem transformar um negócio promissor num erro caro. Por isso, ao calcular quanto custa comprar uma casa usada, deve sempre incluir uma margem para obras. Antes de fechar um negócio, tente ter um orçamento credível de quanto vai gastar nas obras de remodelação, para saber quanto vai custar a sua casa.
Contudo, as remodelações têm uma vantagem: podem aumentar o valor de mercado da casa. Modernizar a cozinha, melhorar a eficiência energética com janelas novas ou instalar painéis solares pode valorizar o imóvel e torná-lo mais atrativo para uma futura revenda ou arrendamento.
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