No primeiro dia do Summit Academia Doutor Finanças, refletiu-se sobre um tema que está na base de muitas das nossas decisões do dia-a-dia: a nossa relação com o dinheiro. A conversa “Como está o nosso mindset financeiro?” juntou Filipa Jardim da Silva, psicóloga clínica e fundadora da Academia Transformar, e Lourenço Reis, cofundador da Laicos Behavioural Change – entidade parceira do Doutor Finanças no estudo “O Bem-Estar Financeiro em Portuagal” -, com a moderação de Sara Antunes, diretora de Conhecimento e Relação com os Media do Doutor Finanças.
Mais do que falar de números, a conversa debruçou-se sobre as emoções, crenças e comportamentos que moldam as decisões financeiras e sobre a importância de aliar literacia financeira e literacia emocional.
“Saber muito sobre dinheiro é diferente de saber lidar bem com o dinheiro”, lembrou Filipa Jardim da Silva. “Qualquer literacia financeira precisa de assentar numa boa literacia emocional.”
Lourenço Reis destacou que a relação com o dinheiro evolui ao longo da vida e deve ser entendida como algo dinâmico. “O dinheiro deve ser visto como uma ferramenta para apoiar a nossa procura por objetivos pessoais”, referiu. Ainda assim, não deixou de parte o “contexto desafiante” de Portugal. “Somos o país da OCDE onde as pessoas têm de trabalhar durante mais tempo para conseguir comprar uma casa. Não podemos colocar o peso todo no indivíduo, descurando o contexto.”
Ambos os convidados sublinharam que as emoções estão intrinsecamente ligadas às decisões financeiras. “A forma como reagimos às emoções é determinante para o modo como agimos”, disse Lourenço Reis. Já Filipa Jardim da Silva acrescentou que as preocupações financeiras são hoje um dos principais gatilhos de ansiedade. Por isso, defende que é preciso aprender a nomear emoções, reestruturar crenças e ajustar comportamentos.
Nesta conversa destacou-se também a normalização do pedido de ajuda, seja ela financeira ou psicológica. “Nunca deve ser visto como uma fraqueza”, sublinhou Filipa. “É um dos hábitos mais estratégicos que podemos ter”, adiantou a especialista em saúde mental e bem-estar.
Ao falar de poupança e planeamento, Lourenço Reis defendeu que é fundamental dissociar o momento da necessidade do momento da decisão, e que pequenas ações — como por exemplo, poupar no início do mês ou falar abertamente sobre dinheiro — ajudam a quebrar o estigma e a criar uma relação mais saudável.
Filipa Jardim acrescentou ainda uma mudança de linguagem: “Prefiro substituir a palavra sacrifício por escolha. Devemos capacitar as pessoas para perceberem que, com mais ou menos margem, podem sempre fazer melhores escolhas.”
A conversa terminou com um apelo à sensibilização e disseminação de conhecimento. Como concluiu Lourenço Reis, “a relação com o dinheiro não é apenas sobre finanças. É sobre psicologia, emoções e, no fundo, sobre a nossa vida.”
O Summit Academia Doutor Finanças 2025 apresentou três dias de sessões inspiradoras e focadas em literacia financeira. Aceda às gravações aqui.
