Por norma, agosto é um mês marcado por uma liquidez mais reduzida nos mercados financeiros. Tratando-se de um mês tipicamente associado a férias, muitos investidores acabam por ter uma postura mais calma neste período, refletindo-se nas transações que são efetuadas a nível global.

Simpósio Jackson Hole

Apesar da menor atividade que tendencialmente se verifica neste período, no final do mês de agosto existe um evento de enorme importância para os mercados financeiros e economia. O Simpósio Jackson Hole é um evento que junta diferentes personalidades com influência económica, tendo como objetivo o debate sobre o rumo que a economia global está a seguir, analisando-se os riscos que enfrentamos, assim como as oportunidades.

De entre todos os convidados, o discurso que gera maior expectativa é o do presidente da Reserva Federal Americana (FED), que nos transmite a visão desta instituição para a economia e qual a política monetária que irá seguir tendo em conta o contexto e as perspetivas económicas. Este ano não foi exceção.

Na sua intervenção, Jerome Powell, reafirmou a importância de combater a inflação, realçando que esta é a grande “luta” que a FED está a travar. Os níveis de subida de preços que estamos a atravessar geram uma enorme instabilidade na economia, com a perda de poder de compra real e as implicações que este facto têm no desenvolvimento das diferentes economias mundiais.

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Reforço do caminho a seguir

Quando muitos esperavam que o discurso pudesse ser mais calmo, Powell reafirmou o foco que todos os membros da FED têm neste momento. As subidas das taxas de juro continuarão a ser uma realidade, mesmo que tal implique um período de recessão no curto prazo.

Naturalmente que este reforço de posição teve reflexo nos mercados financeiros, com as obrigações a “sofrerem” quedas consideráveis e com o dólar a fortalecer-se. Os mercados acionistas também apresentaram uma correção expressiva, retirando os ganhos que tinham sido alcançados durante todo o mês.

O reforço consistente por parte de Jerome Powell, do caminho que tem vindo a ser seguido pela grande maioria dos Bancos Centrais, baixou as expectativas dos investidores, que tinham esperança que o presidente da FED tivesse um discurso mais soft. A perceção de que o contexto continua a ser desafiante e que ainda teremos muitos obstáculos pela frente, fez com que muitos investidores voltassem à realidade.

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Carteiras de investimento

Como reflexo do mês, as carteiras apresentaram performances negativas. A que mais corrigiu foi a com perfil moderado, o que se justifica pelo facto de ter maior exposição ao segmento obrigacionista, que foi muito penalizado pela sinalização de continuação de subida de taxas de juro.

O mercado acionista também não teve uma boa rentabilidade, apesar de ter tido uma melhor performance que o segmento de obrigações. A valorização do dólar também foi um dado importante e que contribuiu positivamente, uma vez que temos em carteira alguns ativos em dólares.

Desempenho da carteira com perfil moderado

A composição da carteira com perfil moderado

Desempenho da carteira com perfil dinâmico

A composição da carteira com perfil dinâmico

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Objetivo inicial

Muito mais do que analisarmos as performances dos ativos que compõem as carteiras que criámos, o nosso objetivo passa sempre por explicar o que está a acontecer e o motivo pelo qual as carteiras sobem ou descem. Se analisarem a evolução das carteiras, perceberão que houve momentos em que estivemos a valorizar 4/5% e referimos que se tratava de um momento de euforia, uma vez que não existia base económica que sustentava tal valorização.

O caminho que as carteiras têm vindo a seguir é um excelente exemplo para quem quer iniciar a “viagem” do investimento/poupança. É fundamental ter a perceção que os mercados são dinâmicos, que não se investe para o curto prazo, que a viagem vai ser turbulenta em alguns momentos e pacífica noutros, mas que acima de tudo tem de ser ter uma estratégia e um racional de investimento bem definido.

Nota: As carteiras do Doutor Finanças não são nem devem ser entendidas como um conselho a investir neste ou naquele tipo de instrumento financeiro. As nossas carteiras foram criadas apenas para permitir ilustrar quais os riscos e os benefícios potenciais de investir, direta ou indiretamente, em instrumentos financeiros como ações e obrigações.