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Invasão da Rússia à Ucrânia: Implicações

A invasão da Ucrânia por parte da Rússia terá impactos que ultrapassam em muito as fronteiras destes países.

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Invasão da Rússia à Ucrânia: Implicações

A invasão da Ucrânia por parte da Rússia terá impactos que ultrapassam em muito as fronteiras destes países.

Após muitas ameaças, a Rússia invadiu a Ucrânia e iniciou um conflito em que ninguém sai a ganhar, até porque a guerra nunca será uma solução.

Deixando de parte os motivos políticos para esta invasão (que até serão o motivo mais forte), vamo-nos focar nas consequências económicas e sociais deste passo dado por Vladimir Putin.

Mundo Global

Ao contrário da maior parte do seculo XX, hoje vivemos num mundo global. A forma como a informação se transmite não tem precedentes e permite criar uma ideia clara sobre os motivos que desencadearam os acontecimentos.

Para os ucranianos, a situação é catastrófica: Perdas de vidas humanas, destruição de património, medo, instabilidade, incerteza ou fuga pela segurança, deixando para trás as suas raízes, o seu passado e, muitas vezes, os seus familiares.

Já a Rússia, após esta tomada de posição, ficou (quase) isolada no mundo, desencadeando um conjunto de emoções e apoio à Ucrânia, que se reflete em atos, mas sobretudo em medidas que irão ter um reflexo muito negativo na economia russa.

Dois fatores importantes

Importa realçar dois pontos distintos e que têm de ser tidos em conta, a Rússia não é uma potência económica, mas é uma potência militar. Como tal, todas as medidas de apoio que têm de ser tomadas por parte dos países que condenam estes atos, devem ser ponderadas, tendo em conta que pela “frente” existe um líder que tem nas suas mãos armamento nuclear.

Sanções: Rússia isolada

Desde o início da invasão que a resposta, em termos económicos, da Europa/EUA foi forte e sem precedentes. Numa primeira fase foram implementadas algumas sanções que rapidamente foram aumentadas, colocando a economia russa numa posição muito frágil. As sanções têm como objetivo afetar a Rússia em termos económicos, isolando-a do resto do mundo.

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As sanções são aplicadas a cidadãos russos, a empresas russas, ao Estado Russo. Retirar o acesso a liquidez ou congelar bens, de forma a que Putin diminua a sua capacidade de financiar a guerra e em simultâneo fique internamente numa situação frágil, porque a Rússia é uma economia que vive de duas receitas principais: cereais e energia, dependendo muito das importações.

A partir do momento em que se fecham as portas ao exterior, a população russa deixará de ter acesso a muitos bens essenciais e, em simultâneo, irá ter uma desvalorização da sua moeda que irá originar uma subida descontrolada da inflação (como nota, no dia 1 de março e de uma forma abrupta, o Banco Central Russo subiu a taxa de juro em 20%, de forma a tentar estancar a desvalorização do rublo).

O grande objetivo é que a Rússia ceda na sua posição pela via económica, que é aquela que colocará maior pressão em Putin, porque poderá gerar contestação interna, não só porque muitos não concordam com esta invasão, como pela degradação das condições económicas das famílias e empresas russas.

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Reflexo da invasão russa

Ao longo deste artigo referimos que a resposta da Europa/EUA foi forte e sem precedentes em termos económicos. Esta afirmação é suportada pelas consequências que estas tomadas de posição irão ter para quem as concretiza. Como exemplo, a Alemanha ao tomar estas medidas sabe que irá ser penalizada porque é muito dependente da energia (gás) que provem da Rússia.

Mesmo assim adotou e contribuiu para que estas medidas fossem implementadas, complementando-as com a disponibilização de dinheiro para fornecer armamento à Ucrânia, algo que a Alemanha afirmou e reiterou não fazer após a segunda guerra mundial. Estas posições demonstram o apoio e a perceção do perigo que a invasão da Rússia pode concretizar para a Europa e que só uma tomada de posição firme poderá evitar um escalar de toda esta situação.

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Contexto Macroeconómico

O passo dado por Putin surge num contexto macroeconómico muito desafiante e em que as economias desenvolvidas se encontram fragilizadas. Nos últimos 2 anos o rumo da economia global foi marcado pelo Covid e pela resposta que entidades governamentais e monetárias deram para a suportar.

A implementação de fortes estímulos económicos (nunca antes vistos) e a redução das taxas de juro, permitiram que a economia mantivesse uma trajetória positiva. Contudo, os efeitos secundários têm-se feito sentir, nomeadamente o enorme aumento da inflação (7,5% EUA e 5,4% Europa). Ao longo dos últimos meses houve muitos economistas que demonstraram preocupação com a escalada consistente da inflação e pela ausência de medidas por parte dos Bancos Centrais de forma a controlarem o escalar dos preços nas economias.

O conflito Rússia/Ucrânia veio agravar este tema, porque temos assistido ao aumento galopante dos preços da energia, que tem reflexo em todas as áreas económicas. Desta forma, é natural que a inflação venha a “ser pressionada” e a pressionar as entidades oficiais.

Numa fase em que os Bancos Centrais começavam a equacionar o fim dos estímulos económicos e o aumento gradual das taxas de juro, o contexto atual agravou esta urgência. A questão é que com um conflito destas dimensões e as disrupções que pode originar, poderemos ter um abrandamento económico que poderá ser agravado por uma subida das taxas de juro.

Importante realçar que a subida das taxas de juro, aumenta os custos de financiamento das famílias, empresas e Estados, passando uma mensagem de poupança para a economia e não de investimento. Num cenário de possível abrandamento económico, se os custos de financiamento aumentarem, podemos ter consequências muito negativas para famílias e empresas, pelo que todas as decisões de investimento devem ser bem ponderadas e fundamentadas.

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Enfraquecimento interno para gerar recuo

Em suma, o enorme apoio à Ucrânia tem-se feito sentir de várias formas, por palavras, por atos, com apoios económicos e com as fortes medidas/sanções aplicadas à Rússia, que têm como objetivo enfraquecer e criar uma enorme pressão interna, pela queda da sua economia e pela falta de liquidez, de forma a que Putin seja “obrigado” a recuar nas suas intenções.

Terminamos o artigo como o começámos, a guerra nunca será uma solução e todos saem a perder.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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