Investimentos

Os perigos de “entrar na onda” sem um racional

Quando decidimos investir é preciso termos noção dos riscos que corremos. A recomendação é optar por investimentos racionais.

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Os perigos de “entrar na onda” sem um racional

Quando decidimos investir é preciso termos noção dos riscos que corremos. A recomendação é optar por investimentos racionais.

Ao longo dos últimos meses temos alertado para a importância de investir de uma forma racional, devidamente fundamentada e percebendo bem os riscos que podemos ou estamos a incorrer.

Conforme temos reforçado, existem formas de reduzir o risco. Investir num ETF (que replique um índice) ou num fundo de investimento, faz com que o nosso investimento esteja diversificado por um conjunto de ativos que compõe estes “veículos” que podem ter uma gestão ativa (fundos de investimento) ou passiva (ETF).

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Ciclos e sentimentos

Os mercados financeiros vivem em ciclos e acabam por influenciar os sentimentos dos investidores. Num ciclo positivo (que é o que estamos a atravessar nos últimos meses, ou mesmo anos), os investidores “sentem-se imbatíveis” e acabam, muitas vezes, por esquecer algumas das regras fundamentais do investimento: equilíbrio, diversificação, racionalidade e uma teoria de investimento fundamentada.

Temos vindo a abordar este tema com regularidade. Muito mais do que nos deixarmos “ir na onda” ou de a querermos apanhar a todo o custo (FOMO – fear of missing it out), devemos sempre perceber o motivo pelo qual estamos a investir num ativo, o seu enquadramento no nosso portefólio e ter uma estratégia bem definida num cenário negativo.

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Exemplos de euforia

Neste artigo, deixamos alguns exemplos do que pode acontecer quando não temos um racional nas nossas decisões e apenas nos deixamos levar pelo sentimento que estamos a assistir.

Na era covid-19, além das meme stocks, tivemos muitas empresas que beneficiaram do contexto de confinamento para apresentarem bons resultados e excelentes performances bolsistas, devido ao facto de terem tido mais procura nos seus produtos/serviços.

Numa primeira fase, se existe mais procura e se os resultados melhoraram, é normal que as empresas valorizem, pelo menos no curto prazo. Contudo, convém abordar este tema através de duas questões: Será que a valorização de determinada empresa é justificada pelos resultados apresentados? A empresa tem solidez e consistência para manter o crescimento verificado?

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Moderna, Zoom, Netflix e Peloton

Estes são alguns exemplos que queremos partilhar. Em comum, têm o facto de terem valorizado de uma forma abrupta durante os confinamentos, mas também o facto de terem apresentado desvalorizações consideráveis desde que atingiram os máximos históricos.

Moderna

A Moderna é uma empresa que se dedica ao desenvolvimento e descoberta de medicamentos com base no RNA mensageiro. Com o surgimento da pandemia, conseguiu desenvolver o seu primeiro produto, a vacina contra a covid.

O facto de ter sido um produto inovador e muito útil no mundo, permitiu que a empresa conseguisse resultados positivos e apresentasse uma valorização bolsista incrível. Contudo, a euforia foi tanta, que mesmo com resultados positivos, não havia forma de justificar a valorização apresentada. Como tal, após a euforia acalmar, o título apresentou uma correção severa, que consistiu numa queda de 70% desde o seu máximo.

Para teremos uma noção da volatilidade deste título, desde que atingiu o mínimo dos últimos meses, 147,34 dólares, já valorizou aproximadamente 10% em poucos dias.

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ZOOM

Esta empresa foi uma das mais utilizadas durante o confinamento. A notoriedade e dimensão que ganhou devido à pandemia foram enormes. Esta realidade acabou por atrair os investidores, que procuraram encontrar soluções/empresas que beneficiassem do contexto stay at home.

A Zoom foi uma dessas empresas. Em termos bolsistas, teve um crescimento exponencial. Passou de 73 dólares para 559 dólares (máximo histórico) em apenas alguns meses.

Contudo, à semelhança da Moderna, existem pressupostos que devemos analisar. Os resultados da empresa não acompanharam a vertiginosa subida da capitalização bolsista. Naturalmente, com o passar do tempo o título acabou por corrigir 77% desde o máximo, tendo chegado a 134,7 dólares recentemente. Este facto (valorização difícil de enquadrar nos resultados da empresa), é complementado por um progressivo regresso à normalidade, com reuniões presenciais e uma menor dependência da ferramenta Zoom.

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Netflix

Este foi outro dos “campeões” dos confinamentos. Com a “obrigatoriedade” de as pessoas terem de ficar em casa, a Netflix acabou por ser uma companhia que muitos consumidores não dispensaram. O número de subscritores disparou e potenciou o crescimento das receitas e das expectativas.

A questão é que com a normalização da pandemia, a expectativa relativamente ao crescimento do número de subscritores no futuro foi reduzida, por diferentes motivos, falta de tempo, racionalização de custos, inflação… Isto fez com que o título, que chegou a 700 dólares a 29 de outubro de 2021, tenha corrigido para 351 dólares no fim de janeiro de 2022, ou seja, uma queda de 50% em poucos meses.

Peloton

A Peloton é uma empresa que produz equipamentos para a realização e exercício físico. Mais uma vez, e à semelhança das empresas anteriores, a Peloton teve uma grande procura pelos seus produtos nos meses do confinamento. Com a impossibilidade da sair de casa ou de frequentar ginásios, as pessoas procuraram alternativas de forma a puderem continuar a praticar desporto.

Desta forma, os números de encomendas dispararam, assim como a sua capitalização bolsista. A empresa passou de 20 dólares em janeiro de 2020 para 162,72 dólares (máximo) em dezembro do mesmo ano. A realidade é que, seguindo o mesmo racional apresentado nos títulos anteriores, com o regresso à normalização, a empresa teve uma redução drástica nas encomendas que a obrigou a ajustar a sua produção.

Como consequência, os resultados caíram e as expectativas de crescimento foram revistas em baixa. Em termos bolsistas, de 24 de dezembro de 2020 (162,72 dólares) chegou a um mínimo de 22,81 dólares no fim de janeiro de 2022, ou seja, uma queda de 86%.

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Aposte em investimentos racionais

Estes são alguns exemplos de empresas que tiveram um grande crescimento momentâneo sem consistência. Geraram uma grande onda de euforia nos investidores, alguns dos quais inexperientes, que se limitaram a seguir a tendência, sem terem a preocupação de perceberem e analisarem o que estava por detrás das subidas vertiginosas que estavam a apresentar.

Como temos vindo a referir, o nosso objetivo passa por alertar, instruir e dotar os nossos leitores de ferramentas que lhes permitam tomar decisões fundamentadas e conscientes.

Acompanhe os nossos artigos sobre investimentos.

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