Investimentos

Certificados “roubam” atenção aos depósitos. Dinheiro nos bancos cai em janeiro

Em janeiro, os depósitos registaram a primeira quebra desde setembro, enquanto os certificados bateram um recorde. O segredo está no juro.

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Certificados “roubam” atenção aos depósitos. Dinheiro nos bancos cai em janeiro

Em janeiro, os depósitos registaram a primeira quebra desde setembro, enquanto os certificados bateram um recorde. O segredo está no juro.

As famílias portuguesas deslocaram parte do dinheiro alocado nos depósitos a prazo para os produtos de poupança do Estado. Os números não enganam. O “stock” mensal do dinheiro colocado nos bancos recuou pela primeira vez desde setembro, enquanto o montante investido em certificados bateu um novo recorde no mesmo período.  

Em janeiro, o total do dinheiro colocado pelos clientes particulares nos bancos registou uma quebra de 117 milhões de euros para 192,6 mil milhões, de acordo com os dados divulgados pelo Banco de Portugal (BdP). No mesmo mês, o montante alocado em Certificados de Aforro contabilizou um crescimento de 381 milhões de euros para 35 mil milhões, um recorde.  

No entanto, nem a tendência de desaceleração dos depósitos, nem de reforço dos montantes investidos nos produtos de poupança do Estado é de agora. O Banco de Portugal diz mesmo que janeiro foi o “terceiro mês consecutivo” de abrandamento dos depósitos. Por outro lado, houve um regresso aos Certificados de Aforro, que surgiu no último trimestre de 2024, depois de 11 meses seguidos de valores negativos (mais resgates do que subscrições).   

A razão para esta deslocação dos montantes investido pelas famílias está sobretudo relacionada com as remunerações (diferentes) pagas pelos dois produtos, o que torna um mais atrativo que o outro. “É evidente que os Certificados pagam mais. Além disso não há comissões envolvidas e existe um efeito de capitalização” dos juros recebidos, o que não acontece nos depósitos, salienta Filipe Garcia, presidente da IMF - Informação de Mercados Financeiros. 

Também Jorge Bravo, professor de economia e finanças da Universidade Nova de Lisboa recorda que “sempre que a taxa paga pelos certificados é mais generosa que nos depósitos há sempre uma realocação” do dinheiro das famílias. A taxa de juro média dos novos depósitos de particulares caiu 0,92 pontos percentuais em 2024, para 2,16%.  

Já do lado dos Certificados, quando o governo decidiu baixar a remuneração máxima para 2,5%, em junho de 2023, a procura destes produtos estagnou, até porque a taxa dos depósitos bancários estava em trajetória ascendente, tendo mesmo superado a fasquia dos 3% no final desse ano.  

A remuneração dos Certificados de Aforro tem estado estagnada neste patamar de 2,5%, ao contrário do que se verifica nas taxas de juro dos depósitos, que baixaram de forma constante ao longo de 2024, num movimento que deverá persistir este ano. É esta tendência que explica o regresso em força dos portugueses aos Certificados de Aforro na reta final de 2024, pois estes produtos estão agora mais atrativos na comparação com os depósitos. Ainda assim, a queda da Euribor, que esta quinta-feira fechou abaixo dos 2,5% em todos os prazos aponta para que a remuneração variável dos Certificados também ceda, mas não o suficiente para ser ofuscada pelos depósitos.

Além disso, é preciso ter em conta que esta inversão da tendência negativa da procura dos aforradores coincidiu com as mudanças das regras anunciadas pelo Governo em setembro. O Executivo subiu o limite máximo de subscrição para os certificados de aforro da atual série F de 50 mil euros para 100 mil.  

Gastos no Natal ditam quebra em janeiro    

Além da realocação das poupanças das famílias para os produtos de poupança do Estado, também a época festiva do final do ano tende a contribuir para uma quebra do stock mensal dos depósitos em janeiro. “Há sempre uma quebra ligeira dos depósitos em janeiro, devido às despesas gerais no Natal e às viagens de fim de ano, pelo que os valores depositados costumam ser menores”, lembra Jorge Bravo. 

Até porque muitas das despesas pagas com “cartão de crédito são cobradas em janeiro e até em fevereiro, dependendo das situações”, acrescenta Filipe Garcia.  

Além disso, o mês costuma sair reforçado pelos pagamentos de bónus e subsídios de Natal pelo que é difícil não observar uma quebra de rendimentos quando se comparam os dois meses.  

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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