Contratar um seguro de saúde é uma das formas mais eficazes de reduzir despesas médicas e garantir acesso rápido a consultas, exames e internamentos. Mas há erros que custam caro e que muitos só descobrem quando mais precisam de proteção.
Entre exclusões pouco claras, períodos de carência longos e copagamentos esquecidos, há falhas que comprometem o valor real do seguro. Evitá-las é garantir que o investimento compensa e que a cobertura responde às suas necessidades.
Neste artigo, explicamos os 12 erros mais comuns ao contratar um seguro de saúde e como evitá-los para não ser surpreendido quando precisar de usá-lo.
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1 – Escolher só pelo preço: O barato sai caro
Um prémio baixo é tentador, mas não conta toda a história. O preço não reflete a rede de prestadores, os limites de capitais ou as exclusões do contrato. Um seguro de saúde barato pode esconder copagamentos altos, franquias elevadas e reembolsos limitados.
Antes de decidir, compare mais do que o valor mensal. Analise o que está realmente incluído, as coberturas dentro e fora da rede e os mecanismos de reembolso. Peça várias simulações e alinhe o seguro ao seu perfil clínico e local de residência. Só assim saberá se está a pagar um bom preço ou apenas um preço baixo.
2 – Ignorar períodos de carência do seguro de saúde
A carência é o tempo que decorre entre a adesão e o momento em que pode começar a usar certas coberturas. Pode ir de algumas semanas a vários meses. Por exemplo, o parto costuma ter uma carência mínima de 12 meses.
Quem contrata “em cima do acontecimento” (por exemplo, após um diagnóstico ou gravidez) descobre que não pode usar o seguro imediatamente. Verifique sempre as carências por cobertura (ambulatório, hospitalização, parto, etc.) antes de assinar.
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3 – Não ler exclusões e sublimites
Muitos erros começam aqui. Todos os seguros têm exclusões (o que não está coberto) e sublimites (limites dentro de cada cobertura). Entre os mais comuns estão tratamentos estéticos, terapias alternativas e doenças pré-existentes.
A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) recomenda a leitura integral das condições gerais e particulares. Só assim saberá se o seu seguro responde ao que espera ou se deixa de fora o que mais precisa.
4 – Confundir plano de saúde com seguro de saúde
É um dos enganos mais frequentes. Os planos de saúde oferecem descontos em consultas e exames, mas o custo dos atos é suportado pelo utilizador. Já os seguros de saúde transferem o risco para a seguradora, que cobre despesas até aos capitais contratados e pode reembolsar serviços fora da rede.
Se procura apenas descontos pontuais, um plano pode bastar. Mas se quer proteção contra despesas elevadas, como cirurgias ou internamentos, só um seguro de saúde a pode garantir.
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5 – Descurar a rede de prestadores do seguro de saúde
Ter seguro e descobrir que o seu hospital ou clínica habitual não faz parte da rede é um problema. Acaba por pagar mais, deslocar-se ou lidar com reembolsos parciais.
Antes de subscrever, confirme a rede de prestadores por concelho e especialidade. Peça listas atualizadas e verifique a disponibilidade real de marcações. Uma rede extensa, mas com poucas vagas, é apenas marketing, não acrescenta valor ao produto.
6 – Aceitar franquias e copagamentos sem fazer contas
Franquias e copagamentos servem para baixar o prémio, mas pesam no orçamento ao longo do tempo. Cada consulta, exame ou tratamento soma valores adicionais.
Analise bem a tabela de copagamentos e simule um ano de utilização. Compare o custo total entre apólices aparentemente semelhantes. Às vezes, pagar um pouco mais por mês garante uma poupança significativa no uso real.
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7 – Omitir informação clínica no questionário
Responder de forma incompleta ao questionário médico pode sair caro. A omissão de doenças, cirurgias ou medicação pode levar à recusa de um sinistro ou até à anulação da apólice.
As seguradoras usam o questionário para avaliar o risco e definir exclusões. Seja transparente. Se tiver condições de saúde prévias, procure seguradoras que analisem o caso com base em relatórios clínicos. A honestidade protege-o no futuro.
8 – Aderir só quando precisa
Esperar por um problema para contratar um seguro de saúde é um erro. Os períodos de carência impedem o uso imediato e as condições pré-existentes podem ser excluídas. Além disso, o prémio tende a subir com a idade e o histórico clínico.
Planeie com antecedência. A proteção deve ser vista como prevenção, não como reação. Um único internamento pode custar mais do que anos de prémios.
9 – Depender apenas do seguro oferecido pela empresa
O seguro oferecido pela entidade patronal é uma vantagem, mas nem sempre suficiente. Pode ter capitais limitados, exclusões importantes ou copagamentos elevados.
Verifique as condições e, se possível, complemente com um seguro individual. Além disso, confirme o que acontece em caso de cessação do contrato de trabalho. Afinal, pode perder o acesso de um dia para o outro. Um plano alternativo garante continuidade de proteção.
10 – Comparar propostas sem referências padrão
Comparar apólices sem referências é comparar o incomparável. A ASF recomenda o uso de condições padrão, para facilitar a análise entre seguros com coberturas semelhantes.
Peça várias simulações com capitais e coberturas equivalentes. Compare rede de prestadores, carências, exclusões, franquias e limites etários. E, se necessário, recorra a um mediador independente que o ajude a interpretar os detalhes técnicos de um seguro de saúde.
11 – Esquecer necessidades futuras (e da família)
A saúde muda com o tempo e o seu seguro deve acompanhar essa evolução. Pense nas necessidades futuras: internamentos, maternidade, saúde mental ou doenças graves.
Avalie também incluir o agregado familiar. Além de simplificar a gestão numa única apólice, pode obter melhores condições por vida segurada e garantir que todos têm o mesmo nível de proteção.
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12- Não ler as condições gerais e particulares do seu seguro de saúde até ao fim
A pressa é inimiga da segurança. Muitos consumidores só descobrem limitações depois de precisarem de acionar o seguro.
Os detalhes mais importantes estão nas condições gerais e particulares: limites por exame, exclusões técnicas, autorizações prévias, prazos de reembolso e regras da rede.
Assim, leia tudo antes de assinar. Se algo não estiver claro, peça explicações por escrito. No seguro de saúde, informação é sinónimo de proteção.
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