A utilização do cartão de crédito pode ser uma ferramenta financeira poderosa ou um risco sério para o seu orçamento. Depende de como é gerida. Quando usada de forma consciente, oferece flexibilidade, benefícios e segurança. Mas, se mal utilizada, abre caminho para dívidas difíceis de controlar.
O problema é que muitos sinais de má utilização passam despercebidos no dia a dia. Pequenos hábitos repetidos podem transformar-se rapidamente numa dívida difícil de travar. Saber identificá-los é o primeiro passo para evitar problemas.
Reduza os encargos e ganhe folga financeira
8 sinais de alerta da má utilização do cartão de crédito
1. Dependência para despesas essenciais
Um dos sinais mais preocupantes é recorrer ao cartão para pagar despesas básicas como supermercado, renda ou contas de luz. Isto significa que o rendimento mensal já não cobre as necessidades essenciais. O cartão deixa de ser um apoio pontual para ser uma muleta financeira. Se este padrão se repete, é sinal de que o orçamento precisa de ser revisto com urgência.
2. Compras por impulso
O cartão de crédito reduz a perceção do gasto porque o dinheiro não sai imediatamente da conta.
Isto facilita compras emocionais ou não planeadas que, no fim do mês, somam contas pesadas.
Se o extrato mensal traz surpresas constantes, é hora de repensar como o cartão é usado.
3. Pagamento mínimo como hábito
O pagamento mínimo existe para dar flexibilidade em momentos pontuais. Mas transformá-lo num hábito é um erro caro.
Ao pagar apenas 3% ou 5% da fatura, o valor restante acumula juros elevados. Ao fim de meses, a dívida cresce mesmo que não se gaste mais nada. Este comportamento prolonga a dependência do crédito e consome parte significativa do rendimento com juros.
4. Não saber o saldo em dívida
Desconhecer quanto deve ou quando vence o pagamento é perder o controlo financeiro. A utilização do cartão de crédito exige disciplina. Assim, é fundamental saber a data de fecho da fatura, o valor total e o mínimo a pagar.
Ignorar estes prazos leva a juros, comissões por incumprimento e mancha o histórico de crédito.
5. Levantamentos frequentes em numerário
Levantar dinheiro com o cartão de crédito, o chamado cash advance, é das operações mais caras no sistema bancário. Envolve comissões altas e juros que começam a contar de imediato. Repetir este gesto é sinal evidente de má utilização.
Caso precise de liquidez, existem alternativas de crédito mais baratas e com condições mais adequadas à maioria dos consumidores, como o crédito pessoal sem finalidade.
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6. Vários cartões com saldo em dívida
Ter dois ou mais cartões pode ser útil em casos específicos. Mas, quando todos acumulam dívida, a gestão torna-se mais difícil e cara. Cada fatura traz a sua própria taxa de juro e comissões, o que dispara os custos no orçamento.
Este é um alerta de que a utilização do cartão de crédito deixou de ser estratégica e passou a ser uma fuga para adiar pagamentos.
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7. Uso próximo do limite
Chegar ao limite do cartão todos os meses é um sinal de alerta. Além disso, fica com margem zero para emergências.
Uma boa prática é usar, no máximo, 30% do limite disponível. Acima disso, aumenta o risco de incumprimento e prejudica a avaliação do seu perfil de crédito.
8. Falhar prestações e entrar em incumprimento
Não pagar a fatura do cartão dentro do prazo é um dos erros mais graves na utilização do cartão de crédito. Mesmo que se trate apenas do pagamento mínimo, o atraso gera juros de mora (calculados com uma sobretaxa anual máxima de 3% sobre a taxa contratada) e comissões por incumprimento. Estas comissões podem chegar a 4% do valor em falta, com um mínimo de 12 euros e um máximo de 150 euros, segundo o Banco de Portugal.
O registo de incumprimento fica também inscrito no Mapa de Responsabilidades do Banco de Portugal, o que prejudica a imagem junto das instituições financeiras.
Estar nesta situação compromete a capacidade de obter novos créditos, incluindo crédito habitação ou pessoal, pois o histórico revela risco elevado de incumprimento. Além disso, as instituições podem reduzir o limite de crédito ou mesmo cancelar o cartão.
Ignorar esta realidade apenas agrava o problema, já que os juros continuam a acumular diariamente até a dívida ser regularizada. Por isso, se existir dificuldade em pagar, o ideal é contactar o banco de imediato para negociar soluções.
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Como evitar a má utilização do cartão de crédito
Evitar problemas começa por pagar sempre a fatura na totalidade. Ao fazê-lo, evita qualquer aplicação de juros e a possibilidade de suportar a TAEG máxima legal para cartões de crédito, atualmente fixada em 19,1% (durante o 3.º trimestre de 2025).
Este simples hábito garante que o crédito funciona como um meio de pagamento gratuito e não como um financiamento caro. Quando não for possível liquidar a totalidade, opte pelo valor mais alto que conseguir, cortando os encargos no mês seguinte.
O segundo passo é monitorizar os gastos de forma regular. As apps bancárias permitem acompanhar as transações em tempo real, definir alertas e até estabelecer limites de utilização. Criar um limite pessoal de utilização inferior ao crédito disponível ajuda a manter a disciplina e assegura que existe margem para situações de emergência. Este controlo evita surpresas no extrato e facilita a deteção imediata de compras não autorizadas.
Por fim, reserve o cartão para compras planeadas ou para emergências, evitando o uso diário para despesas correntes. Sempre que possível, utilize métodos de pagamento a débito para compras de rotina e guarde o crédito para situações específicas em que ofereça benefícios ou segurança acrescida.
Esta estratégia preserva a saúde financeira e garante que a utilização do cartão de crédito é feita de forma estratégica, evitando as armadilhas do consumo por impulso e da dívida crónica.
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