Ignorar uma dívida do cartão de crédito é abrir caminho para mais encargos, juros elevados e pressão no orçamento familiar. Cada mês de atraso aumenta o valor em dívida e pode comprometer a sua reputação financeira junto das instituições de crédito. A boa notícia? Existem várias formas de resolver o problema, desde soluções imediatas até estratégias de longo prazo.
A chave está em agir rápido. Seja por meio de amortizações, renegociações ou consolidação de créditos, é possível reduzir o peso da dívida e evitar que a situação se agrave.
Neste artigo, conheça os principais caminhos para liquidar dívidas de um cartão de crédito.
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Negociar com o banco: Uma porta que pode estar aberta
O primeiro passo para eliminar uma dívida do cartão de crédito é contactar a instituição financeira. Muitos consumidores adiam esta conversa por receio, mas negociar pode trazer benefícios concretos. Bancos e emissores de cartões preferem rever condições a enfrentar o incumprimento.
Uma das soluções mais comuns é propor um plano de pagamentos com prestações fixas. Ao transformar a dívida que renova mensalmente num valor estável, o cliente ganha previsibilidade e, muitas vezes, consegue reduzir a taxa de juro aplicada. Há também casos em que é possível conseguir um período de carência, pagando apenas juros durante alguns meses, enquanto estabiliza as finanças.
Segundo o Banco de Portugal, estas renegociações não eliminam o histórico da dívida, mas alteram o seu estatuto na Central de Responsabilidades de Crédito. Um crédito renegociado não é reportado como vencido, o que protege a imagem do consumidor no sistema financeiro.
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Amortizar: Usar poupanças para cortar nos juros
Quando existem poupanças disponíveis, amortizar a dívida pode ser uma decisão inteligente. Os cartões de crédito em Portugal podem cobrar até 19,1% de TAEG, segundo o limite legal definido para o terceiro trimestre de 2025. Isto significa que, a cada mês, o custo de manter a dívida é muito superior ao rendimento de um depósito a prazo (caso tenha as suas poupanças aplicadas neste tipo de produto).
Amortizar, de forma parcial ou total, permite poupar significativamente em juros futuros. No entanto, esta decisão deve ser ponderada. É essencial manter um fundo de emergência e não comprometer toda a liquidez.
Antes de avançar, compare as taxas líquidas que recebe pelas poupanças com os juros que paga pelo cartão.
Outra dica: se tiver vários créditos, priorize sempre aquele com a taxa mais alta – regra que, na maioria dos casos, coloca o cartão de crédito no topo da lista. Ao reduzir ou eliminar este encargo, o impacto no orçamento é imediato e duradouro.
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Consolidar créditos: Transformar várias dívidas numa só
Se a dívida do cartão de crédito se junta a outros empréstimos pessoais, automóvel ou cartões adicionais, o crédito consolidado pode ser uma solução. Esta operação combina todos os créditos num único contrato, geralmente com uma taxa de juro mais baixa e uma prestação mensal que pode ser reduzida até 60%.
A grande vantagem é a simplicidade de gestão. Em vez de vários pagamentos e prazos, o cliente lida com uma única mensalidade. O alívio financeiro imediato pode ser significativo, permitindo libertar rendimento para outras despesas essenciais.
Contudo, é importante analisar o custo total do crédito. Alargar o prazo reduz a prestação, mas aumenta o montante pago em juros ao longo do tempo. A consolidação é mais eficaz quando combinada com um compromisso firme de não contrair novas dívidas.
Nota: A consolidação de créditos só é possível se tiver uma situação profissional estável e não estiver em incumprimento.
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Substituir o cartão por um crédito pessoal
Em alguns casos, trocar a dívida do cartão de crédito por um crédito pessoal pode compensar. As taxas de juro médias dos créditos pessoais são mais baixas. No terceiro trimestre de 2025, a TAEG máxima era de 15,9% contra 19,1% nos cartões. Esta diferença de 3,2 pontos percentuais traduz-se numa poupança real, sobretudo em dívidas de valor elevado.
A conversão para crédito pessoal fixa as condições desde o início, com prazo e montante definidos. Esta previsibilidade ajuda na gestão do orçamento e evita o efeito “bola de neve” típico dos cartões de crédito, onde os juros incidem sobre saldos não pagos.
No entanto, é fundamental comparar propostas de várias instituições e considerar custos adicionais, como comissões de abertura e imposto do selo. Uma escolha apressada pode anular a poupança esperada.
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Como evitar uma nova dívida do cartão de crédito?
Eliminar a dívida é apenas metade da solução. A outra metade é prevenir que volte a surgir. Isto implica adotar hábitos financeiros mais sustentáveis, ajustando o uso do cartão de crédito às suas reais necessidades.
Sempre que possível, opte por pagar o saldo total no final do mês. Evitar o pagamento mínimo é essencial para não prolongar a dívida e aumentar os juros. Também é aconselhável usar o cartão para despesas planeadas, e não como um complemento de rendimento.
Por fim, reveja periodicamente as condições do cartão e compare com outras opções no mercado. Taxas de juro, anuidades e benefícios variam de emissor para emissor. Manter-se informado é a melhor defesa contra custos desnecessários.
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