Os preços atribuídos às casas pelos bancos para efeitos de concessão de concessão de crédito habitação caíram, em agosto, pela primeira vez desde o início da pandemia.
Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que, no mês passado, o valor mediano de avaliação bancária foi 1.414 euros por metro quadrado, menos três euros face a julho. Nesse mês, depois de uma série de 11 meses consecutivos de aumentos, a avaliação bancária atingiu o valor mais alto de sempre, nos 1.417 euros.
Em agosto assistiu-se, assim, a uma redução muito ligeira de 0,2% face ao recorde observado em julho, e que marcou a primeira quebra desde março de 2020, no início da pandemia (sendo que em agosto de 2021 e setembro de 2020 a variação em cadeia foi nula).
Esta diminuição resultou da queda dos preços a que os bancos avaliam as moradias, já que os valores atribuídos aos apartamentos até aumentaram ligeiramente para um novo máximo histórico. Nas moradias, a avaliação mediana caiu de 1.129 euros por metro quadrado para 1.126 euros, enquanto nos apartamentos o preço subiu de 1.575 para 1.577 euros, um novo recorde.
Em termos gerais, a queda mais expressiva na avaliação bancária da habitação observou-se no norte do país (-0,3%), ao passo que o maior crescimento foi registado na Região Autónoma dos Açores (2,7%).
É de salientar, contudo, que, face a agosto de 2021, a avaliação bancária das casas ainda registou um aumento muito significativo de 15,8%, depois de já ter subido 16,1% em julho, em termos homólogos.
Leia ainda: Que erros devo evitar cometer na compra da primeira casa?
Avaliação bancária dos apartamentos só caiu em Lisboa
Como vimos, o preço mediano a que os bancos avaliam os apartamentos subiu dois euros, em agosto, face ao mês anterior, para 1.577 euros, um novo máximo histórico. Este aumento esteve relacionado sobretudo com a valorização dos apartamentos T2, cuja avaliação mediana subiu oito euros para 1.597 euros por metro quadrado. No caso dos T3, até houve uma descida ligeira de um euro para 1.403 euros. No seu conjunto, estas tipologias representaram 78,9% das avaliações de apartamentos realizadas no período em análise.
Olhando para as diferentes regiões do país, os valores mais elevados foram observados no Algarve (1.913 euros/m2) e na Área Metropolitana de Lisboa (1.875 euros/m2), a única que registou uma quebra face ao mês anterior (-0,3%). Pelo contrário, é no Alentejo que se encontram os apartamentos com avaliações mais baixas, de 1.019 euros por metro quadrado.
Comparativamente com agosto do ano passado, a avaliação mediana dos apartamentos no país cresceu 16,3%. Nesta comparação anual, foi a Região Autónoma dos Açores que apresentou o crescimento mais expressivo (23,2%), tendo a Região Autónoma da Madeira apresentado o menor (8,2%).
Moradias T2 e T4 com maior subida de preços
Ao contrário dos apartamentos, nas moradias observou-se uma descida da avaliação bancária de 1.129 para 1.126 euros, ou seja, menos três euros em agosto relativamente a julho. A maior quebra aconteceu no Alentejo (-1,4%) enquanto o maior aumentou registou-se na Região Autónoma da Madeira (3,9%).
Considerando as diferentes tipologias, o valor mediano das moradias T2 subiu seis euros, para 1.080 euros, tendo as T3 descido quatro euros, para 1.107 euros e as T4 aumentado igualmente seis euros, para 1.198 euros por metro quadrado. No seu conjunto, estas tipologias representaram 88,6% das avaliações de moradias realizadas no período em análise.
Olhando, porém, para a evolução do último ano – ou seja, comparando com agosto de 2021 – o preço a que os bancos avaliam as moradias aumentou 14,1%. Nesta ótica, o maior crescimento aconteceu no Algarve (28,1%) e o menor ocorreu na Região Autónoma dos Açores (8,2%).
Em termos gerais, o Algarve (2.037 euros/m2) e a Área Metropolitana de Lisboa (1 926 euros/m2) têm os preços mais elevados nesta categoria, enquanto o Alentejo e o Centro têm os valores mais baixos (898 euros/m2 e 913 euros/m2, respetivamente).
Leia ainda: Subida da Euribor: É o momento certo para amortizar o crédito habitação?
Bancos podem limitar financiamento para a casa
Esta descida ligeira na avaliação bancária da habitação acontece numa altura em que o aumento das Euribor está a ditar uma subida acentuada da fatura das famílias portuguesas com o crédito da casa, podendo, ao mesmo tempo, limitar os novos empréstimos.
Isto porque as taxas de juro altas, conjugadas com o preço elevado dos imóveis, vão traduzir-se numa quebra da capacidade de endividamento das famílias, devido à subida da taxa de esforço. Consequentemente, o valor do financiamento que conseguirão obter junto dos bancos será inferior, inviabilizando, em muitos casos, a compra de casa.
Leia ainda: Euribor: Devo escolher a 3, 6 ou 12 meses?
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
Etiquetas
- #avaliação bancária,
- #casas,
- #habitação
Deixe o seu comentário