A ida para a universidade de um filho é uma fase desafiante para pais e filhos. Afinal, muitos jovens saem pela primeira vez de casa dos pais, para morarem perto da universidade onde vão estudar. Sim. A verdade é que muitos estudantes acabam por estudar noutra cidade devido ao curso superior que escolheram, à média obtida ou até por vontade própria.
Independentemente da razão, a verdade é que para os pais, os encargos com o ensino superior revelam-se um desafio na hora de gerir o orçamento familiar. Mas mesmo nas famílias onde a situação financeira é mais estável, existem questões a refletir, sendo o alojamento uma das principais preocupações.
Embora a maioria dos estudantes fique numa residência universitária ou alugue um quarto perto da universidade, estas duas soluções nem sempre são do agrado de todas famílias. E por isso, se está a ponderar comprar ou arrendar uma casa para o seu filho, é fundamental que conheça as suas opções, os preços praticados e o que deve ter em consideração. Para ajudá-lo nesta análise, de seguida, apresentamos os pontos chave a avaliar e os preços praticados em três cidades portuguesas.
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A ida do seu filho para a universidade aproxima-se? Analise diferentes soluções de alojamento
Com a ida do seu filho para a universidade, surgem novas despesas que precisa contemplar no seu orçamento familiar. Por um lado, terá o encargo das propinas, livros, materiais escolares, alimentação, e eventuais deslocações. Mas se o seu filho for estudar numa universidade fora do distrito da sua residência, pode haver a necessidade de arranjar um alojamento para ele viver nos próximos anos.
Devido à subida dos preços das casas em Portugal nos últimos anos, o alojamento do seu filho pode representar uma grande fatia dos gastos mensais. E como esta é uma despesa que se irá manter no mínimo por três ou cinco anos, é aconselhável estudar várias opções de alojamento.
Caso o seu filho beneficie de uma bolsa de estudo, as residências universitárias públicas são a solução mais económica de alojamento. Afinal, estas residências pertencem ao Estado, embora sejam geridas pelas instituições de ensino.
Contudo, é bastante complicado arranjar vagas nestas residências, pois a maioria dos quartos está preenchido por estudantes de anos anteriores. Além disso, o processo é feito por candidatura, mas só terá a certeza que o alojamento será assegurado após o período de inscrições e matrículas.
Assim, se as residências universitárias públicas não forem uma opção, resta-lhe as seguintes opções:
- Residências universitárias privadas;
- Arrendar um quarto numa casa partilhada;
- Arrendar uma casa;
- Comprar uma casa numa zona perto da universidade do seu filho.
No caso das residências universitárias privadas, o arrendamento de um quarto privado é tendencialmente mais elevado do que o de um quarto numa casa partilhada. Mas existem alguns prós a ter em consideração, como o valor incluir as despesas de água, luz, internet, gás, e ainda poder usufruir em algumas residências de serviço de limpeza e lavandaria. Além disso, neste caso o seu filho pode usufruir dos espaços comuns da residência e conviver com vários estudantes alojados nesse espaço.
Arrendar um quarto na ida para a universidade
O arrendamento de um quarto é uma das soluções mais comuns na ida para a universidade. Nesta opção, estaria a arrendar um quarto numa casa de terceiros, em que o valor costuma incluir os custos de despesas como água, gás, luz e alguns casos de internet.
A maioria dos senhorios que arrendam quartos a estudantes, dispõem de quartos mobilados e de zonas comuns, como a sala e a cozinha, com móveis e eletrodomésticos que permitem o mínimo de conforto. No entanto, é importante verificar as condições do alojamento, para não pagar por um quarto com poucas condições e ter acesso restrito a áreas comuns.
Para ter ideia dos valores que se praticam atualmente, é possível encontrar quartos relativamente perto de universidades ou com transportes a poucos minutos a pé, entre:
- 350 e 500 euros em Lisboa, consoante a zona e o espaço de cada quarto. O preço mais alto é referente ao centro de Lisboa. Já os 350 euros correspondem a quartos nos arredores da cidade, mas com uma boa rede de transportes. Tenha em conta que em Lisboa existem cada vez mais quartos para arrendar, e pode encontrar quartos por preços mais baixos e mais elevados.
- 250 a 450 euros no Porto. Com um número de oferta mais reduzida, pode encontrar um quarto para o seu filho por preços bastantes distintos. A maioria das opções nos sites imobiliários, inserem-se no intervalo apresentado. Mas um quarto de 450 euros costuma oferecer excelentes condições de alojamento, num apartamento renovado.
- 150 a 350 euros em Coimbra. Na cidade de Coimbra, o preço do arrendamento de um quarto numa casa partilhada é relativamente mais baixo em comparação com as cidades de Lisboa e Porto. Embora existam algumas opções de alojamento nesta zona, é possível por 250 euros arrendar um quarto com boas condições numa zona minimamente próxima da universidade ou de transportes públicos.
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Quanto vou pagar por arrendar um apartamento para o meu filho?
Como pode imaginar, arrendar um apartamento para uso exclusivo do seu filho representa um custo muito superior aos valores até agora apresentados. Embora o seu filho tenha mais privacidade, é preciso ter em consideração que a ida para a universidade representa um acréscimo de despesas.
E com o arrendamento de um apartamento individual, não irá só pagar a renda, como todas as despesas mensais associadas a uma habitação. Além disso, muitos dos apartamentos T0 e T1 não se encontram mobilados. Por isso, a mudança pode implicar a compra de certas mobílias, eletrodomésticos, etc.
O preço a pagar pelo arrendamento de um apartamento individual vai depender muito da zona escolhida e das condições que pretende num apartamento. Por exemplo, é possível encontrar um apartamento T0 e T1 entre os seguintes preços:
- 600 e os 1.200 euros em Lisboa. Arrendar um apartamento T0 ou T1 em Lisboa tem um custo bastante elevado, principalmente se pretender que a localização seja no centro da cidade. Se optar por uma zona nos arredores, um apartamento T1 ronda em média os 700/800 euros.
- 500 e os 1000 euros no Porto. Caso a ida para a universidade do seu filho implique uma mudança para o Porto, pondere bem o tipo de alojamento, bem como a localização que pretende. Em média, um apartamento T1 com cerca de 50 metros quadrados custa cerca de 750 euros.
- 450 e os 700 euros em Coimbra. Em média, é possível encontrar um apartamento T1 em Coimbra por cerca de 550 euros. No entanto, tenha atenção que a oferta de apartamentos destas dimensões é menor na cidade de Coimbra, e por isso o arrendamento de um T2 pode compensar. Afinal, é possível encontrar apartamentos T2 em Coimbra entre os 650 e 800 euros. Se esta despesa for dividida por duas pessoas, o arrendamento do apartamento poderá ficar ao preço de um quarto numa casa partilhada por várias pessoas.
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Na ida para a universidade, vale a pena comprar uma casa em vez de arrendar?
Como última opção de alojamento, a ida para a universidade do seu filho pode ser um bom motivo para realizar um investimento. Afinal, se o seu filho fizer uma licenciatura e posteriormente um mestrado ou pós graduação, ele pode necessitar de alojamento durante 5 anos ou mais.
Aliás, se o seu filho pretende prosseguir os estudos, estagiar e até arranjar um primeiro trabalho nessa zona, é possível que a sua estadia nessa zona se prolongue. E nestes casos, se a sua situação financeira permitir, a compra de uma segunda habitação pode ser uma solução mais económica mensalmente, pois uma prestação mensal de crédito tende a ser mais baixa do que uma renda numa grande cidade.
Mas para tirar as suas próprias conclusões apresentamos três exemplos relativos à compra de uma habitação, tendo em conta os preços praticados nas cidades de Lisboa, Porto e Coimbra.
Em Lisboa, é possível comprar um apartamento T2 entre 140 mil a 160 mil euros, por exemplo, nos arredores de Benfica, em Marvila ou na Ajuda. Já no Porto, pode encontrar um apartamento T2 perto do centro do Porto, entre os 130 mil e 145 mil euros. Por fim, em Coimbra, é possível comprar apartamentos T3, a 8 quilómetros da Universidade de Coimbra, por 140 mil euros.
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Qual seria o encargo com a compra de uma nova habitação?
Para ter uma ideia geral da prestação mensal que ficaria a pagar num crédito habitação para uma segunda habitação, vamos supor que compra um imóvel por 140 mil euros. Dado que se trata de um crédito habitação para uma segunda casa, o financiamento máximo é de 80% do valor do imóvel. Assim, na melhor das hipóteses, conseguiria um financiamento de 112 mil euros, e teria de ter em capitais próprios 28 mil euros para dar de entrada.
Caso conseguisse um financiamento com um prazo de 360 meses, 30 anos, e uma TAN de 2% (spread + indexante), pagaria uma prestação mensal de 413,97 euros. Claro que este é um investimento que envolve o pagamento do seguro de vida do crédito habitação, seguro multirriscos e do condomínio.
Além disso, teria de pagar comissões ao banco que podem rondar os 800 e 1.000 euros, o registo do imóvel que é de 700 euros através do serviço Casa Pronta, o IMT (Imposto Municipal Sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis) e Imposto do Selo relativo à aquisição, que no caso de uma segunda habitação em Portugal Continental com o valor de 140 mil euros seria de 3.403,78 euros (IMT de 2.283,78 euros + Imposto do selo de 0,8% de 1.120 euros).
Por fim, ainda teria o encargo do imposto do selo relativo ao seu crédito habitação, que para a maioria dos futuros proprietários representa 0,6% do valor do crédito. Já anualmente, tem de fazer contas ao IMI, Imposto Municipal sobre os Imóveis.
Em caso de querer calcular os impostos que irá pagar com um novo imóvel, pode recorrer ao simulador de IMT e ao simulador de IMI.
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Possibilidade de rentabilizar a segunda habitação
Ao comprar uma segunda habitação com a ida para a universidade do seu filho, pode aproveitar para rentabilizar esse investimento. Afinal, se adquirir um imóvel T2 ou T3, pode arrendar um ou dois quartos na habitação a outros estudantes.
Tendo em conta os valores médios, se comprar um imóvel por 140 mil e ficar com uma prestação mensal de 413,97 euros, sendo esse imóvel um T2, pode arrendar o quarto extra da habitação a outro estudante.
Na zona de Lisboa, se cobrar 400 euros, essa renda paga quase a totalidade da sua prestação de crédito. Se o seu filho permanecer na habitação apenas durante o tempo da universidade, após a sua saída, poderá arrendar os dois quartos, tendo uma renda desse imóvel de 800 euros.
Nota: Atenção que o arrendamento de quartos está sujeito ao pagamento de impostos, e por isso, deve fazer contas com a tributação desses rendimentos.
No caso de conseguir comprar um T3 por esse preço, durante a estadia do seu filho pode arrendar dois quartos e mais tarde, se ele quiser mudar-se, pode colocar os três quartos a arrendar. Neste cenário, os seus encargos mensais com o novo imóvel ficam totalmente pagos. Ou pode optar por vender o imóvel.
Esta é uma solução que requer um investimento inicial elevado. Mas posteriormente poderá suportar os encargos com o imóvel através do arrendamento e até fazer lucro, a longo prazo, com esse investimento.
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Uma segunda habitação tem condições diferentes de financiamento
Embora a compra de uma segunda habitação permita-lhe aumentar o seu património e até rentabilizar o dinheiro que investiu, é importante que saiba que as condições de financiamento são diferentes de um crédito habitação para uma habitação própria e permanente.
Num crédito habitação para uma segunda casa, o banco irá medir a sua taxa de esforço. Caso tenha um crédito habitação em vigor devido à compra de Habitação Própria Permanente, a sua taxa de esforço pode ser demasiado elevada. E, como tal, o banco pode não ver com bons olhos a concessão de um segundo financiamento.
Uma vez que um segundo empréstimo imobiliário representa uma risco maior, a maioria das instituições financeiras acaba por oferecer condições menos favoráveis num contrato de crédito para uma segunda habitação. Ou seja, é comum ser aplicado um spread e uma TAEG mais elevada ao seu segundo crédito.
Além disso, como referimos, o montante de financiamento numa segunda habitação é menor. Isto porque os bancos impõem o limite máximo de financiamento de 80% numa habitação secundária.
Dito isto, antes de dar este passo, deve analisar várias propostas de financiamento, e ter em conta o spread, as taxas de juro, comissões e produtos associados ao seu crédito. Caso precise de auxílio neste processo, pode contar com a ajuda gratuita do Doutor Finanças para encontrar a melhor solução do mercado para si. Afinal, os nossos especialistas vão tratar de toda a burocracia por si, e será acompanhado desde o início ao fim do processo.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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