Finanças pessoais

Porque é que o ouro tem valor?

Saiba porque é que o ouro tem valor há milhares de anos e continua a ser usado em reservas dos bancos centrais.

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Porque é que o ouro tem valor?

Saiba porque é que o ouro tem valor há milhares de anos e continua a ser usado em reservas dos bancos centrais.

O ouro é um metal precioso para o qual muitos se viram na altura de investir algum dinheiro que têm de parte, ou para conservar valor para o futuro. Um pouco por todo o lado encontramos lojas que nos permitem comprar e vender ouro, e vemos este metal como um símbolo de poder atribuído de várias formas.

Numa altura em que a inflação em Portugal e no resto do mundo tem subido a olhos vistos e muitos portugueses tentam contrariar a subida de preços que têm sentido, vale a pena questionar porque é que o ouro tem valor.

Uso do ouro em civilizações antigas

Antes de entendermos porque é que o ouro é valioso nos tempos de hoje, é importante vermos porque foi tão usado por civilizações antigas, e porque subiu o seu valor com o passar do tempo.

O ouro é usado há pelo menos cinco mil anos como um metal precioso, tendo sido usado por várias civilizações antigas – incluindo pelos romanos – como moeda de troca. O metal tem algumas características que o ajudam a ser valioso para ser usado como dinheiro, e como tal como moeda de troca.

Existem outras características importantes como a aceitação de um produto como dinheiro, incluindo ter uma oferta limitada para conseguir ter valor. Antes do dinheiro como o conhecemos hoje, vários produtos foram usados como dinheiro, incluindo o sal.

Para algo poder ser usado como dinheiro numa sociedade precisa de ter as seguintes características:

  • Durabilidade: precisa de ser durável para permitir poupanças, investimentos, e outros usos;
  • Portabilidade: precisa de ser fácil de carregar e manusear para facilitar trocas
  • Divisibilidade: precisa de ser divisível para facilitar transações
  • Limite de oferta: uma moeda com oferta ilimitada não teria valor
  • Uniformidade: sem uniformidade, seria difícil quantificar valor

O ouro encaixa-se em quase todas, sendo a sua portabilidade, uniformidade e divisibilidade melhoradas através da criação de moedas e barras. O metal precioso não se estraga com o tempo, e por ser difícil de encontrar mantém o seu valor. O uso do ouro por civilizações antigas como moeda de troca ajudou a que florescesse, e manteve-se popular durante muito tempo.

De facto, o ouro foi usado de forma indireta como moeda de troca até 1971, altura em que os Estados Unidos deixaram de permitir a redenção de dólares por ouro a um preço fixo de 35 dólares por onça.

A "beleza" do ouro teve sempre um papel importante no seu valor, tanto que ainda hoje em dia é muito usado em joias com elevado valor, inclusive sentimental. Este valor sentimental também ajudou a valorização do ouro ao longo do tempo.

jovem mulher atende, numa loja de venda de ouro, uma jovem cliente que está a escolher qual a peça a comprar

A psicologia por detrás do valor do ouro

As propriedades do ouro tornam o metal precioso uma ótima solução para se criar uma moeda de troca, mas não explicam o porquê de ter valor ainda hoje em dia, numa altura em que não pagamos pelas compras no supermercado com moedas de ouro.

Neste ponto, a razão baseia-se na psicologia que sustenta a relação do ser humano com o metal precioso. Alguns especialistas nesta matéria, argumentam que o ouro é uma relíquia antiga, que nada faz e para nada serve hoje em dia, salvo alguns usos industriais e para joias.

No entanto, a beleza do ouro e a dificuldade em encontrá-lo criam um efeito no ser humano que o torna útil para experiências subjetivas. O ouro é o material escolhido para medalhas, gravações especiais, ou joias com significados únicos não só porque não se estraga, mas porque a sua beleza nos atrai.

Esta atração cria uma perceção de maior valor, que também contribui para o preço do metal precioso nos mercados de hoje em dia. O ouro é tão precioso que é uma parte essencial das reservas de vários bancos centrais em todo o mundo. Estes bancos centrais, como o Banco de Portugal, têm entre os seus principais objetivos a estabilização de preços e a criação de condições económicas favoráveis.

Reservas de ouro de bancos centrais

O ouro é considerado um ativo seguro que pode ser usado enquanto reserva de valor. Este estatuto tem visto a sua importância aumentar em alturas de crise, nas quais os investidores receiam ativos mais arriscados, como as ações, e procuram o máximo de segurança possível, por norma ouro e o mercado imobiliário.

A história do ouro enquanto ativo tem mais de cinco mil e, como tal, a sua segurança está estabelecida. Durante perto de 50 anos, entre 1871 e 1914, existiu um "padrão ouro", no qual moedas fiduciárias como o euro e o dólar estavam ligadas ao metal precioso.

Até 1971, este "padrão ouro" manteve-se de forma indireta, sendo que hoje em dia o valor do ouro é determinado pelas leis da oferta e da procura. O metal precioso tem um papel crucial enquanto ativo, e é usado como reserva por bancos centrais em todo o mundo.

Segundo o World Gold Council, uma organização que promove a indústria do ouro, a maior reserva de ouro do mundo pertence aos Estados Unidos, que contam com mais de oito mil toneladas nos seus cofres.

Portugal aparece entre as 15 maiores reservas (em 14.º lugar) com mais de 382 toneladas de ouro. Isto coloca Portugal à frente de países como Espanha, o Reino Unido, a Bélgica, e o Brasil. Estas reservas não se limitam a ficar nos cofres, mas são usadas como fonte de rendimento através de complexas operações financeiras chamadas swaps.

Entre 2018 e 2019, por exemplo, o Banco de Portugal acumulou 109 milhões de euros através destas operações, sem vender uma única barra de ouro. Perto de metade das reservas de ouro portuguesas estão no Banco de Inglaterra, no Banco de Pagamentos Internacionais (BIS), e no Banco de França.

Ouro contra a inflação?

Enquanto alguns recursos existem em abundância no mundo, o ouro é relativamente escasso. Esta escassez, juntamente com outros fatores (acima mencionados) que dão valor ao ouro, tem ajudado o metal precioso a ser visto como um investimento seguro contra a inflação.

Hélder Rosalino, administrador no Banco de Portugal, afirmou, recentemente, que a procura do ouro deve manter-se alta nesta altura, visto que na década de 1970, quando choques no preço do petróleo levaram a uma subida da inflação, o metal precioso provou a sua utilidade enquanto investimento.

À data deste artigo, o ouro tem também demonstrado força contra a inflação. Cada onça de ouro começou em 2022 a ser negociada por €1,594, tendo desde então subido mais de 7,5% para €1,714.60.

Note que antes de investir em ouro existem vários fatores a ter em conta, incluindo possíveis diferenças no preço face ao mercado quando se compra o metal físico. Se procura vender o seu ouro, lembre-se de que há cuidados indispensáveis a ter.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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