Em abril, regressámos a um registo menos exuberante. A volatilidade voltou a estar presente num mês em que não existiram noticias relevantes. Os investidores continuam a demonstrar algum receio relativamente ao futuro próximo.
Resultados trimestrais positivos
Com exceção dos mercados emergentes, os principais índices globais apresentaram valorizações interessantes. Nos EUA, as empresas estão a apresentar os resultados relativos ao primeiro trimestre. De uma forma geral, a surpresa tem sido positiva. Até ao fim de abril, 82% apresentaram EPS (earnings per share) superiores ao estimado.
No que diz respeito aos resultados, 68% das empresas apresentaram receitas superiores às estimativas. No passado, a apresentação de resultados era o grande dinamizador dos mercados de capitais nos EUA. As intervenções dos bancos centrais nas economias vieram alterar a perceção dos investidores que, apesar de continuarem a analisar os resultados das empresas, estão muito mais focados nas políticas que estão a ser implementadas pelas entidades monetárias.
Houve um setor que se destacou no mês que acaba de terminar: o tecnológico, que é composto pelas maiores empresas americanas e que apresentou resultados que superaram as expectativas dos mercados.
Em termos gerais, os resultados apresentados vieram trazer tranquilidade aos investidores sobre o rumo que a economia está a seguir, apesar dos receios em torno de uma recessão económica.
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Mercados emergentes: Incerteza a comandar
A China tem cada vez mais peso no índice de mercados emergentes. Este facto ajuda a perceber o motivo pelo qual este é o único dos grandes índices acionistas que está negativo desde o início do ano, apesar de ter sido aquele que teve o melhor arranque em janeiro.
A falta de transparência das autoridades chinesas e as posições políticas que assumem fazem com que os investidores aumentem os receios relativamente ao mercado de capitais. É certo que, na China, existem empresas com capacidade de crescimento e que geram cash flow recorrente. Mas a questão política e a forma como rapidamente se “alteram as regras do jogo”, geram dúvidas e incertezas nos investidores. Se juntarmos este desconforto com o aumento da volatilidade nos mercados financeiros, percebemos que o contexto de curto prazo não é favorável para os mercados emergentes.
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Outros dados relevantes
A instabilidade no setor bancário ainda não desapareceu, após a incerteza que culminou na falência do Silicon Valley Bank. Como exemplo, o First Republic anunciou, na apresentação dos resultados trimestrais, que a fuga de depósitos da instituição foi superior ao que os analistas antecipavam. Este anúncio teve reflexo imediato nos mercados financeiros, com o título a cair mais de 60% e a espoletar novamente os receios em torno de um sector que é fundamental para qualquer economia.
No campo geopolítico, o destaque vai para o posicionamento da China no conflito Rússia/Ucrânia. O presidente chinês, Xi Jinping, falou com o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky. O objetivo da China é ganhar espaço em termos internacionais, tentando ser um mediador de paz para o conflito que já dura há mais de um ano. Assim, Pequim olha para a falta de capacidade do Ocidente em concretizar uma aproximação entre os dois países que estão no conflito como uma oportunidade para ganhar dimensão em termos internacionais e se assumir não só como uma grande economia mundial, mas também como um pacificador no mundo.
Evolução da performance das carteiras
No segmento obrigacionista, os ativos que compõem a nossa carteira ficaram praticamente inalterados. As exceções foram os que estão expostos ao dólar americano. No mês de abril, o dólar recuou 1,6% face ao euro, o que acabou por penalizar alguns ativos da carteira, nos dois segmentos: obrigações e ações.
O segmento acionista teve uma performance positiva, com exceção da exposição aos mercados emergentes e Ásia. A questão da desvalorização do dólar acabou também por fazer com que ativos que valorizaram por si tivessem ficado negativos no mês, no momento em que os convertemos em euros. É importante reforçar este facto. Os ativos em dólares têm duas formas de contribuir positiva ou negativamente para a performance da carteira: a primeira, é pela valorização dos títulos que o compõem; a segunda pela valorização/desvalorização do USD.
Em termos globais, a carteira moderada desvalorizou 0,41% e a dinâmica 0,84%.
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Desempenho da carteira com perfil moderado
![Carteira de investimento abril conservador](https://cache.doutorfinancas.pt/wp-content/uploads/2023/05/04145033/Conservador_1_ABR_-23.png)
Composição da carteira com perfil moderado
Desempenho da carteira com perfil dinâmico
![Carteira de investimento abril dinamico](https://cache.doutorfinancas.pt/wp-content/uploads/2023/05/04145040/Dinamico_2_ABR_-23.png)
Composição da carteira com perfil dinâmico
Objetivo das nossas carteiras
Quando, em março de 2021, criámos estas duas carteiras virtuais, o nosso objetivo passou sempre por saber explicar os movimentos de mercado e a influência que tinham nas nossas carteiras. Temos tido sempre esta preocupação, até porque o investimento é um processo que se prolonga no tempo.
Como exemplo, em maio de 2021, reduzimos risco nas carteiras por entendermos que a performance dos mercados financeiros não tinha uma justificação lógica ou racional. Demorou algum tempo, mas a realidade é que o nosso posicionamento atual, apesar de apresentar uma performance negativa, está melhor do que a carteira inicial.
É importante também realçar que ao longo da viagem ou processo de investimento irão existir muitas oscilações e momentos de enorme volatilidade. O fundamental é perceber onde estamos investidos e porquê. Perceber que no meio do pânico existem sempre oportunidades, e ter a racionalidade para distinguir e encontrar ativos de qualidade. Porque esses, quando tudo acalmar, irão recuperar e gerar retorno…
Nota: As carteiras do Doutor Finanças não são nem devem ser entendidas como um conselho a investir neste ou naquele tipo de instrumento financeiro. As nossas carteiras foram criadas apenas para permitir ilustrar quais os riscos e os benefícios potenciais de investir, direta ou indiretamente, em instrumentos financeiros como ações e obrigações.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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