“É de pequenino que se torce o pepino”. Já dizia a sabedoria popular que os bons hábitos devem ser incutidos logo desde cedo nas crianças. Mas, quando o tema é “dinheiro”, a partir de que idade devem os pais incluir os filhos na conversa?
Um terço dos portugueses acha que falar sobre dinheiro e finanças pessoais não faz sentido até aos seis anos de idade. Esta é uma das conclusões do 1.º Barómetro de Hábitos Financeiros, uma iniciativa do Doutor Finanças em parceria com a Universidade Católica Portuguesa. Este é um estudo que tem como objetivo acompanhar a evolução dos comportamentos e competências financeiras da população portuguesa.
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A percentagem vai diminuindo à medida que as crianças crescem, tornando-se o “dinheiro” um tema a envolver os mais novos. A maioria dos pais que falam com os filhos sobre esta temática, fá-lo com o objetivo de dar apoio na gestão do dinheiro e das poupanças.
É entre os 10 e os 15 anos que o número aumenta. 73% dos inquiridos costumam falar sobre dinheiro com os filhos, a maioria para ajudar na gestão, mas também para os envolver na tomada de decisões e quando surgem problemas.
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Dar mesada e semana aos filhos ainda é pouco comum
À medida que os filhos crescem, vão crescendo também as suas responsabilidades com o dinheiro. Ainda assim, o barómetro mostra que, apesar das conversas sobre dinheiro, há uma grande percentagem de menores que não têm responsabilidade de gestão do dinheiro. Entre 49 e 59% dos pais com filhos com mais de 6 anos, dão-lhes dinheiro apenas quando eles precisam.
Quanto aos pais que dão dinheiro aos filhos, a semanada é a modalidade preferida dos pais com filhos entre 10 e 15 anos, sendo que quando os filhos têm entre 15 e 18, a preferência vai para a mesada.
As respostas foram dadas pelos pais, que indicam que os filhos gastam dinheiro essencialmente em lanches e refeições na escola, roupas e artigos pessoais.
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Como é que as crianças poupam o seu dinheiro?
No que toca à poupança, independentemente da idade, mais de 70% dos filhos poupam uma parte do rendimento. E dentro de cada faixa etária, os filhos entre os 15 e 18 anos são aqueles cujos pais referem mais que poupam uma parte (81%), seguido dos mais novos (até 6 anos) com 80% das respostas.
Do dinheiro que poupam, os pais sublinham que quase metade não tem um objetivo específico de poupança, enquanto 43% poupa com objetivos específicos, como uma viagem ou um artigo mais caro.
O estudo do Doutor Finanças e da Católica revela ainda que a maior parte guarda o seu dinheiro em mealheiros em casa, enquanto 39% prefere depósitos a prazo. Apenas uma pequena parte dos pais inquiridos refere que as poupanças dos filhos são investidas noutros produtos financeiros (3%).
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Ficha técnica: Este inquérito foi realizado pelo Centro de Estudos Aplicados (CEA) da Universidade Católica Portuguesa em colaboração com o Doutor Finanças, entre os dias 2 e 17 de abril de 2025. O universo-alvo é composto por indivíduos com 18 ou mais anos residentes em Portugal. Os inquiridos foram selecionados aleatoriamente a partir de uma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 700 inquiridos é de 4%, com um nível de confiança de 95%.