banner publicitário
grafico com moedas com pessoas em cima a ilustrar o que é rendimento equivalente

O rendimento equivalente é uma métrica essencial para analisar o poder de compra real dos agregados familiares. Ou seja, permite comparar rendimentos ajustados à composição do agregado.

Atualmente, esta abordagem continua a ser a base para avaliar pobreza, desigualdade e condições de vida em Portugal e na União Europeia, com validação oficial da OCDE e do Eurostat.

Leia ainda: Rendimento das famílias com maior subida em 20 anos

O que é o rendimento equivalente?

O rendimento equivalente corresponde ao rendimento de um agregado familiar, dividido pelo número de “adultos equivalentes”. O termo “adultos equivalentes” é uma medida de dimensão dos agregados que resulta da aplicação da escala modificada da OCDE. Na prática, ao primeiro adulto do agregado é atribuído um valor mais alto (1), aos restantes adultos – indivíduos com 14 e mais anos – um valor médio (0,5) e a cada criança um valor menor (0,3).

Este valor é atribuído a cada membro do agregado, permitindo ajustar o rendimento à sua realidade. Isto significa que esta fórmula ajusta o rendimento para o tamanho e composição do agregado, reconhecendo que nem todos os membros consomem da mesma forma.

Passo a passo: Como se calcula o rendimento equivalente

1. Determinar o rendimento disponível do agregado

Incluir todos os rendimentos brutos (salários, pensões, rendas, juros) e deduzir impostos diretos e contribuições sociais, para obter o rendimento líquido.

2. Calcular o número de adultos equivalentes

Aplicar a escala: primeiro adulto = 1; cada adulto adicional = 0,5; cada criança (<14 anos) = 0,3. A seguir, deve somar estes valores.

3. Dividir o rendimento disponível pelos adultos equivalentes

O resultado é o rendimento equivalente, expresso em euros por adulto equivalente.

Exemplos práticos

Veja exemplos práticos para entender como funciona o cálculo do rendimento equivalente:

  1. Adulto sozinho:
    • Adultos equivalentes: 1
    • Rendimento líquido anual: 15.000 €
    • Rendimento equivalente = 15.000 € / 1 = 15.000 €/ano
  2. Casal sem filhos:
    • Equivalentes: 1 + 0,5 = 1,5
    • Rendimento: 30.000 €
    • Rendimento equivalente = 30.000 € / 1,5 = 20.000 €/ano
  3. Casal com 2 crianças (<14 anos):
    • Equivalentes: 1 + 0,5 + 0,3 + 0,3 = 2,1
    • Rendimento: 30.000 €
    • Rendimento equivalente = 30.000 € / 2,1 = Cerca de 14. 286 €/ano

Nota: Este valor serve depois como base para comparações mais justas.

Porque se utiliza esta métrica?

Ajustar o rendimento com base na composição do agregado é fundamental para avaliar o bem-estar económico real. O mesmo rendimento bruto tem impacto diferente num casal com filhos e numa pessoa sozinha.

Esta medida permite:

  • Avaliar risco de pobreza relativo (60% da mediana dos rendimentos monetários da população);
  • Construir indicadores de desigualdade com base em rendimentos ajustados;
  • Realizar comparações fiáveis entre países, como faz a OCDE.

No Boletim Económico de junho de 2025, o Banco de Portugal destaca que a linha de pobreza em Portugal situava-se em 7.095 euros anuais por adulto equivalente. Ou seja, 591 euros por mês. Estes dados são referentes a rendimentos de 2022.

Leia ainda: Barómetro Doutor Finanças avalia os hábitos financeiros dos portugueses 

A importância do rendimento equivalente em comparações internacionais

O Eurostat define rendimento equivalente como rendimento líquido dividido pelas unidades de consumo, calculadas com base na escala modificada. Esta escala é usada de forma homogénea em todas as estatísticas europeias, incluindo indicadores de pobreza e desigualdade.

Vantagens do rendimento equivalente

  • Garante equidade de comparação entre agregados de tamanhos diferentes;
  • Ajusta economias de escala (partilha de despesas) e diferentes necessidades (adultos vs. crianças);
  • Permite definir limiares de pobreza e medir desigualdade de forma mais justa.

Limitações e críticas

Apesar da sua utilidade, a escala modificada da OCDE limita-se à idade e ao número de membros do agregado. Não considera:

  • Diferenças geográficas (custos nas grandes cidades vs. interior);
  • Impacto do rendimento do agregado;
  • Composições especiais (mais idosos, dependentes, etc.)

Estas limitações fazem com que seja apenas um instrumento orientativo, apesar de oficial e amplamente utilizado.

Concluindo, o rendimento equivalente continua a ser um indicador robusto e confiável em 2025 para avaliar condições de vida, pobreza e desigualdade em Portugal, seguindo a escala modificada da OCDE. Cálculos claros e ajustados permitem comparar rendimentos, definir políticas públicas e realizar estudos com base em dados reais e homogéneos.

Leia ainda: Mulheres enfrentam mais desafios ao longo da vida

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

Literacia Financeira