Crédito Habitação

Euribor: Prós e contras dos diferentes prazos

Euribor a 3, 6 ou 12 meses? Se vai fazer crédito habitação, saiba o que significam os prazos e veja os prós e contras de cada um.

Crédito Habitação

Euribor: Prós e contras dos diferentes prazos

Euribor a 3, 6 ou 12 meses? Se vai fazer crédito habitação, saiba o que significam os prazos e veja os prós e contras de cada um.

Se tem crédito habitação, ou está a pensar em contratar, certamente já se questionou sobre qual a melhor taxa para o seu caso. Taxa fixa, mista ou variável? Optando pela taxa variável, há outra dúvida que se coloca: Qual a melhor Euribor para mim? Devo escolher a 3, 6 ou 12 meses?

De facto, a escolha do prazo da Euribor é determinante não só para definir quanto pagará, mensalmente pela prestação da casa, mas também o ritmo a que o valor da prestação será atualizado ao longo do contrato. Num cenário de subida das taxas de juro, como aquele a que assistimos atualmente, esta é uma preocupação crescente para as famílias portuguesas, que têm no crédito habitação uma das maiores fatias do orçamento mensal.

Neste artigo, explicamos-lhe quais as diferenças entre as várias maturidades da Euribor e o seu impacto na prestação mensal a pagar ao banco, para que consiga escolher a mais vantajosa para si.

O que é a Euribor?

A Euribor é a forma abreviada de European Interbank Offered Rate, uma taxa de referência baseada na média dos juros praticados por um conjunto de bancos da Zona Euro (incluindo, em Portugal, a Caixa Geral de Depósitos) nos empréstimos que fazem entre si, num determinado prazo. Isto porque as instituições financeiras, tal como as famílias e as empresas, também têm de se financiar, usando, para tal, uma taxa de juro de referência para esses empréstimos.

No entanto, não existe apenas uma Euribor, aplicável a todos os empréstimos, independentemente da sua duração. Existem, na verdade, taxas Euribor para cinco maturidades - uma semana, um mês, três meses, seis meses e 12 meses – que são calculadas com base na média dos empréstimos interbancários com os mesmos prazos.

O valor de cada uma é definido diariamente pela Federação Europeia de Bancos, sendo que, para o cálculo, excluem-se 15% das taxas mais altas e 15% das mais baixas. Feitas as contas, os valores são publicados uma vez por dia, às 11h (CET), 10h de Lisboa.

A Euribor foi criada na mesma altura da moeda única europeia, a 1 de janeiro de 1999, sendo usada, desde então, como referência em vários produtos financeiros como obrigações e derivados, contas poupança e certificados de aforro e, claro, no crédito habitação.

Leia ainda: Subida da Euribor: é o momento certo para amortizar o crédito habitação?

A importância da Euribor no crédito habitação

A Euribor é um dos dois elementos que definem a taxa de juro - mais concretamente a TAN (Taxa Anual Nominal) – num contrato de crédito com taxa variável, ou seja, o “preço” aplicado ao empréstimo da casa. A TAN resulta da soma do valor da Euribor com o spread (o segundo elemento), que é a margem cobrada pelos bancos, e que varia em função do perfil do cliente, características do financiamento e das garantias do empréstimo.

Por exemplo, num contrato de crédito indexado à Euribor a 6 meses e com um spread de 1%, se a Euribor estiver nos 2%, a TAN aplicada será de 2% + 1%, ou seja, 3%. Assim, a variação da Euribor é determinante, já que vai influenciar diretamente o valor da prestação a pagar ao banco.

Como vimos anteriormente, existem várias Euribor com maturidades e valores distintos, sendo que, nos contratos de crédito habitação, os prazos mais usuais são os de 3, 6 e 12 meses. A escolha entre eles influencia não só o valor da prestação mensal (já que o valor da Euribor é usado no cálculo da TAN) como o ritmo de atualização da prestação.

O que significa isso, na prática? Significa que, se tiver um crédito habitação indexado à Euribor a 3 meses, o seu banco só pode rever o valor da taxa de juro de 3 em 3 meses. Com a Euribor a 6 meses, a revisão é semestral e, com a Euribor a 12 meses, a atualização acontecerá apenas uma vez por ano. Em todos os casos, o valor da Euribor utilizado para a prestação que irá vigorar nos 3, 6 ou 12 meses seguintes é calculado com base na média aritmética simples das taxas que vigoraram diariamente no mês anterior. O valor tem de ser obrigatoriamente arredondado à milésima.

Por exemplo, todos os contratos que se iniciem em novembro, ou que tenham a sua revisão regular em novembro, utilizam o valor médio das cotações de outubro.

A escolha da taxa a aplicar no contrato de crédito – Euribor a 3, 6 ou 12 meses – é sempre sua, tal como a opção por taxa variável, fixa ou mista.

Leia ainda: Com a Euribor a subir, devo optar por uma taxa mista?

agente imobiliário a assinar um documento para aprovação do crédito habitação

Os diferentes prazos: prós e contras

Cada um dos prazos da Euribor tem as suas vantagens e desvantagens, pelo que a escolha entre eles deverá sempre depender das características individuais do mutuário, tendo em consideração também as perspetivas para a evolução dos juros.

Isto porque os prazos mais curtos, de 3 e 6 meses, têm valores mais baixos, mas também implicam uma resposta mais rápida às oscilações, visto que as atualizações são mais frequentes (trimestrais e semestrais, respetivamente). Assim, a prestação mensal é mais baixa, comparando com a que resultaria do prazo a 12 meses, mas a volatilidade também é maior.

Se pensarmos no cenário atual, em que os juros estão a subir e as perspetivas são de mais aumentos, a prestação mensal deverá crescer a cada 3 ou 6 meses, podendo gerar maior instabilidade na gestão do orçamento familiar.

A Euribor a 12 meses assegura, pelo contrário, maior estabilidade dos custos, com a desvantagem de ser mais elevada. Neste prazo, paga-se uma espécie de prémio pela estabilidade do preço.

Consideremos um cenário em que contrata um crédito habitação numa altura em que a Euribor está num pico máximo. Se optar pelo prazo a 3 meses, beneficiará mais rapidamente das descidas, enquanto se escolher o prazo de 12 meses, terá de esperar um ano para sentir o efeito do alívio, ficando a pagar mais, todos os meses, quando poderia estar a pagar menos.

O mesmo se aplica no cenário inverso, em que contrata um crédito numa altura em que as taxas Euribor estão em mínimos. Num prazo mais curto, sentirá mais rapidamente os aumentos, mas de forma mais progressiva, enquanto num prazo mais longo, beneficiará por mais tempo dos juros baixos. Contudo, quando chegar a altura da atualização, um ano depois, o aumento será muito mais expressivo.

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Evolução da Euribor

Depois de mais de seis anos em terreno negativo, as taxas Euribor começaram a subir de forma mais significativa no primeiro trimestre deste ano, tendo superado a fasquia dos 0% pouco depois. A inversão aconteceu após o Banco Central Europeu (BCE) ter admitido que poderia subir os juros, perante os sinais de crescimento da inflação na Zona Euro. A invasão russa da Ucrânia, em fevereiro, acelerou ainda mais a tendência, encaminhando decisivamente os juros para uma trajetória de agravamento.

Em julho, o BCE acabou por pôr um ponto final à era do dinheiro barato, anunciando o primeiro aumento dos juros em 11 anos. Voltou a fazê-lo dois meses depois, em setembro, perspetivando ainda mais subidas nas próximas reuniões.

Ainda que não seja o BCE a determinar o valor da Euribor, a sua evolução tende a acompanhar (e muitas vezes antecipar) o movimento das taxas diretoras, pela que a sua trajetória é muito influenciada pelas políticas económicas e monetárias do banco central da Zona Euro.

Nesta altura, as taxas Euribor a 3, 6 e 12 meses já estão em terreno positivo e a expectativa é que continuem a aumentar nos próximos meses, e ao longo do próximo ano. No entanto, é importante sublinhar que a subida dos juros por parte do BCE acontece sempre de forma gradual, não sendo de esperar aumentos muito bruscos nas taxas diretoras.

Leia ainda: Subida da Euribor: Qual o impacto e o que fazer?

Impacto da Euribor na prestação mensal

Para percebermos o impacto das diferentes maturidades da Euribor no valor da prestação da casa, nada melhor do que olhar para um caso concreto, e para a evolução ocorrida durante o último ano. Consideremos, para isso, o exemplo de um crédito habitação de 150 mil euros, com um spread de 1% e um prazo de 20 anos (240 prestações).

Como podemos ver na tabela em baixo, com a Euribor a três meses, a prestação mensal estava nos 653,79 euros em outubro do ano passado. Manteve-se nesse valor durante três meses, e depois desceu ligeiramente para os 652,58 euros em janeiro deste ano. Em abril, a prestação aumentou pouco mais de 2 euros para os 654,79 euros e, três meses depois, em julho, para os 663,94 euros. Este mês, o valor foi novamente revisto, tendo subido quase 50 euros para os 713,58 euros.

Com a Euribor a seis meses, a prestação era de 655,15 euros em outubro do ano passado (menos de 2 euros mais elevada do que no prazo a 3 meses), tendo-se mantido neste patamar até abril deste ano, altura em que subiu para os 658,39 euros. Este mês sofreu um aumento mais acentuado, de 83,4 euros, para os 741,79 euros.

Por fim, com a Euribor a 12 meses, a prestação, que era de 657,03 euros em outubro do ano passado, manteve-se nesse valor até outubro deste ano, altura em que aumentou para os 770,65 euros, um agravamento de 113,62 euros.

Crédito habitação de 150.000 euros, a 20 anos, com um spread de 1%

Euribor a 3 meses

Euribor a 6 meses

Euribor a 12 meses

Outubro de 2021

653,79€

655,15€

657,03€

Novemebro de 2021

653,79€

655,15€

657,03€

Dezembro de 2021

653,79€

655,15€

657,03€

Janeiro de 2022

652,58€

655,15€

657,03€

Fevereiro de 2022

652,58€

655,15€

657,03€

Março de 2022

652,58€

655,15€

657,03€

Abril de 2022

654,79€

658,39€

657,03€

Maio de 2022

654,79€

658,39€

657,03€

Junho de 2022

654,79€

658,39€

657,03€

Julho de 2022

663,94€

658,39€

657,03€

Agosto de 2022

663,94€

658,39€

657,03€

Setembro de 2022

663,94€

658,39€

657,03€

Outubro de 2022

713,58€

741,79€

770,65€

Leia ainda: Crédito habitação recente: Posso melhorar as condições?

Afinal, que prazo devo escolher?

Como dissemos anteriormente, a escolha da taxa Euribor é individual, devendo ter em conta aquilo que é mais importante para si: prefere pagar menos e ficar sujeito a mais oscilações no valor da prestação mensal? Ou dá mais importância à estabilidade, mesmo que para isso tenha de pagar um pouco mais?

Da mesma forma, é fundamental considerar na sua decisão as perspetivas para a evolução das taxas de juro. Atualmente, a previsão é de que o ciclo de subidas continue, pelo menos até ao próximo ano. Assim, poderá ser vantajoso optar por um prazo mais longo, garantindo que, durante um ano, não verá a sua prestação afetada pela subida das taxas. Escolhendo um prazo mais curto, sentirá os aumentos com maior frequência, ainda que pague um preço inferior.

Não há uma taxa “melhor” para todos os casos. Algumas pessoas verão mais vantagem em ter mais estabilidade, enquanto outras privilegiarão mais o fator preço. Antes de avançar com um crédito habitação, faça contas, simule a sua situação e tenha em consideração que a Euribor a 3 meses reflete com maior frequência a evolução dos juros, enquanto a Euribor a 12 meses implica uma atualização menos frequente, mas mais pronunciada.

Para que possa avaliar o seu caso, recorra ao simulador da variação da Euribor no crédito habitação, onde pode ensaiar possíveis aumentos da Euribor e que impacto terão no seu crédito, em cada um dos prazos.

Pode ainda ter o apoio da equipa de especialistas do Doutor Finanças. Passo a Passo, os doutores vão ajudá-lo a tomar melhores decisões financeiras, facilitando todo o processo, gratuitamente.

Leia ainda: Crédito habitação: Famílias podem ter “alívio” mensal no IRS em 2023

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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