Crédito Habitação

Juros continuam a subir em 2023. Até onde?

Os analistas antecipam que o BCE vai continuar a subir os juros durante o primeiro semestre deste ano para um nível próximo dos 3,5%.

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Juros continuam a subir em 2023. Até onde?

Os analistas antecipam que o BCE vai continuar a subir os juros durante o primeiro semestre deste ano para um nível próximo dos 3,5%.

A subida acentuada dos juros em 2022, juntamente com o aumento generalizado dos preços, impôs um fardo acrescido a grande parte das famílias portuguesas.

Para a inflação, as perspetivas são de algum alívio em 2023, depois do pico acima de 10% atingido em outubro do ano passado. E quanto aos juros? Ainda que não haja um consenso sobre o nível que poderão atingir este ano, há a perspetiva praticamente unânime de que continuarão a subir pelo menos durante o primeiro trimestre de 2023.

Sobretudo para as famílias com crédito habitação, as notícias não são animadoras, já que o aumento das prestações ao banco vai continuar este ano. E aquelas que pensam pedir financiamento, podem preparar-se para eventuais dificuldades acrescidas, na medida em que os critérios de atribuição de critério serão tendencialmente mais apertados.

Neste artigo, mostramos-lhe quais são as perspetivas para a evolução dos juros nos próximos tempos, para que possa preparar-se, a si e ao seu orçamento, para o novo ano.

Até quando – e até que ponto – sobem os juros este ano?

Na última reunião de política monetária, a 15 de dezembro, o Banco Central Europeu (BCE) subiu os juros pela quarta vez consecutiva e sinalizou novos aumentos nos próximos tempos, já que a inflação ainda está muito acima da meta – abaixo, mas próxima de 2% - e assim se deverá manter pelo menos até 2025.

“O Conselho do BCE considera que as taxas de juro ainda terão de aumentar de forma significativa a um ritmo constante, no sentido de serem atingidos níveis que sejam suficientemente restritivos para assegurar um retorno atempado da inflação ao objetivo de 2% a médio prazo”, informou, no mês passado, a autoridade monetária.

Estas perspetivas para a evolução dos juros estão apoiadas nas estimativas de uma taxa de inflação de 6,3% este ano, 3,4% em 2024 e 2,3% em 2025.

Após a decisão de dezembro, Klaas Knot, membro do Conselho do BCE, reiterou a mensagem garantindo que o banco central só está a começar “a segunda metade” do ciclo de aumento de juros.

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Analistas antecipam subidas apenas no primeiro semestre

Apesar da garantia do BCE de que os juros devem subir “de forma significativa a um ritmo constante” nos próximos tempos, a maioria dos analistas acredita que os aumentos irão parar no primeiro semestre deste ano. Isto porque o banco central estará a sobrestimar os riscos da inflação e a subestimar as perspetivas de recessão na região da moeda única. Sobre este tema, a própria diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, alertou recentemente que metade da União Europeia será atingida pela recessão durante este ano.

Neste cenário, 80% de um grupo de 37 economistas consultados pelo Financial Times acredita que o BCE vai parar de subir os juros nos primeiros seis meses de 2023, enquanto dois terços preveem que a autoridade monetária vai mesmo começar a descer os juros no próximo ano, em resposta ao fraco crescimento económico.

Em média, os especialistas antecipam que a taxa dos depósitos – que subiu, em dezembro, de 1,5% para 2% - será elevada para um nível máximo próximo dos 3%, abaixo do nível que está a ser apontado pelos investidores, como indicado pelo preço dos swaps de taxas de juro.

Considerando que as três taxas do BCE costumam ser alteradas na mesma proporção, as perspetivas são de que a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento – que aumentou, em dezembro, de 2% para 2,5% - atinja um nível próximo dos 3,5% no primeiro semestre deste ano.

Este valor está em linha com as estimativas do maior banco do mundo, o JPMorgan, que atualizou recentemente as suas projeções, apontando agora para uma taxa terminal de 3,25%.

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Subida dos juros atinge famílias e empresas na primeira metade do ano

Com os juros a atingirem, previsivelmente, o pico na primeira metade deste ano, o impacto sobre as famílias e empresas deverá materializar-se neste período, não só através do aumento dos custos de financiamento como das condições mais restritivas de acesso ao crédito.

“O choque das taxas de juro está a aproximar-se, materializando-se provavelmente em 2023, já que, em média, a passagem da subida das taxas de juro de referência para as taxas bancárias varia entre quatro meses em Itália e Espanha e até seis meses na Alemanha e França, e esperamos um pico nas principais taxas de juro no primeiro trimestre de 2023”, referem os especialistas da Allianz Trade, numa nota de análise.

Os aumentos continuados desde o verão do ano passado já estão a levar os bancos a apertar os critérios para a atribuição de crédito às famílias e empresas, uma realidade que deverá agudizar-se nos próximos meses. De acordo com o último Bank Lending Survey, do BCE, já houve um aperto considerável no terceiro trimestre do ano passado, podendo esperar-se ainda mais restrições este ano.

O relatório refere que a dimensão deste “aperto” é semelhante à registada durante os estágios iniciais da crise do Covid-19 em 2020, mas que, ainda assim, em comparação com as consequências da crise financeira global, não estamos perante uma crise de crédito.

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Juros dos depósitos também sobem. Mas pouco

Para as famílias e empresas, a face mais visível da subida dos juros tem sido o aumento das prestações pagas ao banco pelos créditos contraídos, com especial destaque para os empréstimos da casa. Isto porque os bancos têm refletido muito pouco esta subida nos juros que pagam aos depositantes pelas suas poupanças.

Senão vejamos: em novembro, quando a taxa dos depósitos estava em 1,5% - significando que os bancos comerciais recebiam 1,5% pelo dinheiro depositado no BCE – o juro pago nos novos depósitos a prazo de particulares era, em média, de 0,35% (ainda assim, um máximo de dezembro de 2016), segundo os dados do Banco de Portugal.

Uma vez que os bancos não têm falta de liquidez, não têm muitos incentivos para inverter a situação, pelo que o aumento esperado dos juros não deverá, para já, ter um grande impacto na remuneração das poupanças dos portugueses.

Leia ainda: Bancos recebem mais juros do crédito mas pagam menos pelos depósitos

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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