Finanças pessoais

Investir em ações: O que deve saber antes de começar a investir

Se está a ponderar investir em ações, mas não sabe ao certo como funciona este tipo de investimento, conheça alguns conceitos essenciais.

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Investir em ações: O que deve saber antes de começar a investir

Se está a ponderar investir em ações, mas não sabe ao certo como funciona este tipo de investimento, conheça alguns conceitos essenciais.

A maioria das pessoas já ouviu falar sobre investimentos em ações, e nos ganhos e perdas que este tipo de investimento proporciona. No entanto, para quem está a pensar aplicar uma parte das suas poupanças em ações, é fundamental que perceba exatamente naquilo que está a investir, os riscos associados, e todos os procedimentos e etapas que envolve o investimento em ações.

Não se esqueça que a literacia financeira no mundo dos investimentos é essencial para tomar decisões de forma informada. Por isso, antes de começar a investir, deve estar a par de alguns conceitos, saber que informações deve procurar, e perceber o que influencia as cotações. Saiba ainda alguns cuidados que deve ter e que despesas pode esperar se investir em ações.

Ler mais: Quero começar a investir: qual o caminho que devo seguir?

O que são ações?

Se já ouviu falar de ações mas não sabe ao certo em que consiste este tipo de ativos, saiba que no fundo está a investir em frações do capital social de uma empresa. Ou seja, cada ação que compra é um título que corresponde por norma a uma pequena fração do capital social de uma empresa. E ao possuir títulos ou ações de uma certa empresa, passa a ser denominado de acionista dessa sociedade. Já uma empresa que emite esses títulos é designada de emitente.

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E caso pretenda investir em ações, é fundamental que perceba que o retorno deste investimento depende de diversos fatores. O mais é óbvio é a evolução das cotações, ou seja, a evolução do preço das ações. Lembre-se que quando compra ações essa aquisição é feita a um determinado valor, que a curto, médio e a longo prazo irá subir ou descer consoante os fatores que influenciam estas alterações. E por isso, é importante ter em mente que o retorno do seu investimento é influenciado a longo prazo, mas também por eventos da própria sociedade, como é o caso da distribuição de dividendos, aumentos e diminuições de capital, bem como outros eventos, como investimentos.

Além disso, deve saber que este tipo de investimento implica o pagamento de comissões e tem alguns custos associados na hora de transacionar ou fazer a detenção das suas ações. Ao contrário de outro tipo de investimento, as ordens de compra e venda de ações apenas podem ser dadas através de intermediários financeiros registados junto da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. Não se esqueça que deve consultar junto da CMVM se um intermediário está apto para ficar a cargo das ordens das suas ações.

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Os riscos de investir em ações e as caraterísticas destes títulos

A maioria das pessoas quando ouve falar em investir em ações pensa em duas coisas: no risco e na rentabilidade que pode existir. E na realidade esta perceção não é de todo errada, uma vez que o investimento em ações pode oferecer a possibilidade de uma rentabilidade mais elevada face a outras aplicações financeiras. O problema é que este tipo de investimento traz riscos elevados, uma vez que não existe nenhuma garantia do capital aplicado. Ou seja, não há nada que garanta a um investidor que ele consegue recuperar o seu investimento ou que não perde a maioria do dinheiro que investiu a determinada altura.

Quando se diz que é preciso olhar para este investimento a médio e a longo prazo, esta visão está associada à cotação das ações. Imagine que investiu determinado valor em alguns títulos. Se por algum motivo o mercado passar por um momento mais adverso, é normal que caso queira vender as suas ações, por receio de perder esse capital ou por precisar desse montante, essa venda pode implicar que o montante que vai encaixar seja inferior ao que investiu inicialmente, caso o valor das ações tenha descido. Este é um risco inerente a este tipo de investimento. Por isso, é determinante que tenha noção destes riscos, até porque, num período mais atribulado nos mercados pode fazer sentido manter o investimento durante mais algum tempo, dando espaço para alguma recuperação. Contudo, existe sempre o risco de tal não acontecer. E, por isso, mesmo, este é um investimento de risco mais elevado, quando comparado com outro tipo de investimentos.

As ações são ativos cuja sua cotação está sempre sujeita a constantes variações, durante o horário de negociação. Por isso, quem investe em ações precisa de ter um perfil de investidor mais dinâmico ou arrojado, estando à procura de uma maior rentabilidade, mas também preparado para assumir o risco de algumas perdas no capital investido, devido aos riscos dos produtos, mercados e até de liquidez.

O risco de liquidez

Para quem já está minimamente por dentro do mundo dos investimentos, sabe que em alguns investimentos existe algo chamado de risco de liquidez. O risco de liquidez apura-se através da facilidade ou da dificuldade de se vender um ativo no mercado. Quanto maior for o volume de negociação das ações de uma empresa em bolsa, menor será o risco de liquidez. Mas há outros fatores a ter em consideração. Uma empresa que tenha emitido poucas ações pode não ter um volume de negociação elevado, mas ter um risco de liquidez reduzido (por haver uma procura por essas ações superior à oferta disponível). Por outro lado, existem títulos que apresentam uma liquidez reduzida porque, de facto, há pouca procura. Imagine que não se informa bem sobre as ações que vai comprar, e acaba por adquirir alguns títulos que têm um risco de liquidez mais elevado. Isto significa que pode ter dificuldade em vender essas ações.

E dado que as ações estão entre os ativos financeiros que garantem maior liquidez aos investidores, é muito importante ter atenção a este aspeto. E como é que pode se informar sobre a liquidez de algumas ações em concreto? Através do volume médio de transações diárias. Este tipo de informação pode facilmente ser adquirida junto das entidades que gerem o mercado ou através de meios de comunicação especializados nestas áreas.

A importância da literacia financeira e da informação antes de investir em ações

Tal como acontece com as finanças pessoais e poupanças, a literacia financeira pode ser a chave do sucesso na hora de alcançar bons resultados no que toca aos investimentos. Afinal, um investidor que não possua o mínimo de conhecimentos sobre literacia financeira, pode cometer alguns erros na hora de investir uma parte da suas poupanças, e, desta forma, colocar o seu orçamento familiar em risco. Uma das regras básicas antes de investir é, em primeiro lugar, organizar as suas finanças e poupanças, tendo as suas contas em dia e o seu fundo de emergência criado. Só depois de ter cumprido estes passos é que deve ponderar qual o montante que está disposto a investir, e que não lhe fará falta em caso de perdas.

Mas quando falamos especificamente em investir em ações, deve saber que quanto mais informação possuir sobre as suas ações, maior é a sua possibilidade de sucesso. E sobre o que é que deve estar a par? Sobre diversas informações sobre as empresas em que pretende investir, mas também sobre várias questões que envolvem este tipo de investimento.

Por exemplo, é importante que tenha noção sobre:

  • Informação das empresas de que pretende comprar ações. Deve estar atento a fatores que podem ter impacto direto nas cotação, como os aumentos de capital, planos de investimento, resultados trimestrais e/ou semestrais.
  • O investimento realizado. Neste tipo de investimento não basta comprar as ações e vendê-las. É essencial que tenha disponibilidade para acompanhar de forma regular os seus investimentos e o próprio mercado.
  • Como se constrói uma boa carteira de ativos. Ter uma carteira de ativos equilibrada e diversificada (com diferentes produtos, riscos e duração) é considerada a chave do sucesso por muitos especialistas.
  • Fatores que também vão influenciar a sua rentabilidade, como as comissões cobradas, e a própria fiscalidade ligada a este tipo de investimento.

O que influencia as cotações dos seus títulos

Já aqui referimos que existem vários fatores que influenciam o preço das ações. Numa análise superficial, uma empresa que tem uma boa situação financeira é potencialmente mais atrativa na hora de adquirir ações. Isto porque, à primeira vista, essa empresa tem uma boa probabilidade d ver a cotação das suas ações subir.

Mas se fosse assim tão simples, não era tão comum ver-se as cotações de algumas empresas de grande renome descerem consideravelmente. E afinal porque é que isto acontece? Porque existe um conjunto de condições que influencia a evolução do preço de negociação das ações no mercado, a cada momento. E para ter alguma noção do que estamos a falar, são exemplos destas condições:

  • O comportamento do setor a nível local, regional e até global, bem como a conjuntura económica a nível local, regional e global. Por exemplo, não é incomum, em determinadas alturas em que existe uma maior fragilidade na economia, ver vários investidores a deixarem certos mercados para se refugiarem noutros. Este tipo de comportamento provoca, muitas vezes, uma queda das ações.
  • A própria evolução dos mercados financeiros desde a nível local, regional até a um nível da escala global.
  • O estado específico da empresa. A situação de uma empresa pode ser avaliada pelos investimentos realizados ou projetos em que estejam envolvida, pela análise de resultados trimestrais e anuais que apresenta, e até no seu potencial de crescimento.
  • Por fim, tal como já referimos, os eventos societários também têm um forte peso nas cotações de ativos. Por exemplo, na hora de distribuição de dividendos, aumentos de capital ou ofertas públicas de aquisição é normal que as cotações tenham oscilações mais pronunciadas.

Antes de investir deve ter presente que há inúmeros eventos que podem influenciar o valor das ações de uma empresa. Alguns de forma direta, e que estão relacionados com a atividade da empresa, outros estão relacionados com o setor onde atuam, outros com a economia local ou mundial. E depois há ainda a possibilidade de haver comportamentos atípicos e oscilações que nem sempre se conseguem perceber. Por isso, é fundamental que antes de investir perceba se tem "coração" (e carteira) para correr estes riscos.

A probabilidade de perder dinheiro em bolsa não é assim tão elevada. Contudo, é preciso ter atenção a algumas premissas, como explica David Almas.

O que saber sobre as ordens de compra e venda das ações

Não sendo o objetivo entrar em muitos pormenores sobre este tema, todos os investidores que pretendam saber mais sobre ações devem estar a par de como funcionam as ordens de compra e venda das ações. Já aqui referimos que as ordens de compra e de venda das ações só podem ser realizadas através de intermediários financeiros que estejam obrigatoriamente registados e autorizados juntos da CMVM. São exemplos deste tipo de intermediários financeiros as sociedades corretoras e as sociedades financeiras de corretagem. No entanto, as ordens também podem ser feitas por consultores para investimento, agentes vinculados e sociedades de consultoria para o investimento que estejam autorizadas para o fazer.

Se já se decidiu que quer investir no mercado bolsista, antes de avançar informe-se sobre com quem vai trabalhar. Ou seja, confirme que o intermediário ou consultor a quem vai recorrer está registado e autorizado pela CMVM. O mercado de capitais já representa um grau considerável de risco, não corra mais riscos, recorrendo a alguém que não está autorizado a operar neste setor.

Caso não saiba como é que estas ordens funcionam, resumidamente, estas são transmitidas e executadas de acordo com algumas regras que promovem o encontro entre a oferta e a procura, sempre tendo em consideração as quantidades e as cotações. No entanto, deve saber que nem sempre as ordens que transmitir a um intermediário são possíveis de ser executadas. Por exemplo, imagine que deu ordem para vender um determinado número de ações. Caso não exista no mercado um investidor que tenha intenção de comprar esse número de ações a esse preço, a ordem não vai ser executada.

É também fundamental que saiba que ao dar uma ordem tem sempre a possibilidade de definir um prazo para a concretização dessa ordem. Caso não o faça, essa ordem só é válida até ao final da sessão de negociação no dia em que foi introduzida. Existem algumas situações em que também se deve informar sobre a validade das ordens, como a validade para valores mobiliários cotadas na "Euronext Lisbon", entre outras situações que podem levar ao cancelamento automático das ordens.

Que comissões existem para quem pretende investir em ações

Por último, antes de investir em ações é essencial que se informe sobre as comissões que existem e a fiscalidade associada a estas. Afinal, para perceber se um investimento é rentável é preciso ter noção do conjunto de comissões que será aplicado. Por exemplo, existem diferentes tipos de comissões, como:

  • As que são cobradas pelos intermediários financeiros. Ou seja, a cada ordem de bolsa que realizar, vai ser-lhe cobrada uma comissão;
  • Taxas aplicadas pela própria bolsa de valores onde estão a decorrer as transações;
  • E custos relacionados com a abertura e gestão de uma conta de títulos (exemplo: comissão de custódia de títulos).

Nota: Antes de começar a investir em ações deve consultar o preçário dos vários intermediários financeiros e comparar os mesmos.

Para além das comissões, não se esqueça que a fiscalidade também assume um peso significativo nos rendimentos obtidos com as ações. Por exemplo, um investidor é obrigado a declarar as ações que vende ao longo do ano na sua declaração de IRS, através do anexo G. Ou seja, vai ter que identificar os títulos vendidos, o valor a que os comprou e os custos que suportou com a venda. Em termos de tributação esta apenas ocorre se as mais-valias (lucros) excederem os valores das menos-valias (prejuízos). Cada investidor tem a possibilidade de optar pela tributação autónoma ou pelo englobamento nos restantes rendimentos. Deve sempre ver qual é a situação mais vantajosa para o seu caso concreto.

Por fim, não se esqueça que os dividendos estão sujeitos a uma taxa de liberatória de 28%. No entanto, quem paga os dividendos que retém a parcela correspondente à aplicação dessa taxa e posteriormente entrega-a ao Estado. Dito isto, tenha sempre em consideração as comissões e a tributação aplicada, de forma a conseguir avaliar melhor a rentabilidade de cada investimento que faz.

Ler mais: Ações, ETF e Fundos de investimento: mais-valias em IRS

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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