Os bancos não têm a obrigação de ser nossos amigos. O negócio deles não é fazer amizades: é ganhar dinheiro com o seu dinheiro. Se percebermos isto, a nossa relação com os bancos torna-se clara e transparente. E não tem nenhum mal. É mesmo assim.
A importância de procurar sempre os melhores juros
Os bancos são essenciais para a nossa vida: sem eles não tínhamos dinheiro para comprar a nossa primeira casa, carro, fazer obras ou iniciar um negócio. Também oferecem serviços essenciais como contas à ordem para recebermos o nosso salário e pagarmos contas.
No entanto, é importante percebermos que os bancos também são negócios, e como tal, visam o lucro. Uma das formas de garantirem esse lucro é manterem o seu dinheiro parado em contas com baixos juros. Por isso, é crucial, como consumidores informados, entendermos como funciona o sistema bancário e como podemos tomar decisões mais inteligentes para fazermos o nosso dinheiro trabalhar para nós, em vez de estar a trabalhar para o banco.
Porque os bancos querem o seu dinheiro parado?
Quando deixa o seu dinheiro numa conta à ordem ou numa poupança com juros baixos, o banco usa esse capital para financiar empréstimos, investimentos e outras operações que geram lucros significativos. Enquanto isso, você recebe uma remuneração ridícula, muitas vezes abaixo da inflação, o que significa que o seu dinheiro está, na verdade, a diminuir de valor com o tempo.
Os bancos preferem que o seu dinheiro fique parado porque quanto menos eles precisarem pagar em juros aos clientes, maior é a margem de lucro nas operações que realizam com o seu dinheiro. Por isso, é comum que as opções mais seguras e conservadoras oferecidas pelos bancos tenham rentabilidades baixas, mantendo o cliente numa zona de conforto que, a longo prazo, é prejudicial para o consumidor.
Procure sempre juros melhores
A boa notícia é que você não está casado com o seu banco. Existem diversas alternativas no mercado que podem oferecer rentabilidades mais atrativas, seja em investimentos de capital garantido, como os certificados de aforro ou depósitos a prazo de bancos mais pequenos, seguros de capitalização ou em opções com algum risco, mas com potencial de retorno muito maior, como ações, fundos imobiliários ou ETF.
Investir em produtos com maior rentabilidade não significa necessariamente assumir riscos excessivos. Com um pouco de pesquisa e orientação, é possível encontrar opções que equilibrem segurança e rentabilidade.
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Quando arriscar um pouco pode valer a pena
Imagine a seguinte situação: a Ana tem 10.000 euros num depósito a prazo, que rende cerca de 1% ao ano. Ela sabe que esse dinheiro está "seguro", mas também percebe que, um ano depois, o rendimento será de apenas 100 euros, antes dos impostos. Além disso, descontando a inflação, o poder de compra desse dinheiro diminuiu.
Depois de estudar um pouco, a Ana descobre que pode investir parte desse dinheiro em Certificados de Aforro, que atualmente oferecem uma taxa de juro mais atrativa, próxima de 2,5% ao ano, com capital garantido e liquidez depois dos primeiros três meses. Isso significa que, ao final de um ano, ela pode ganhar cerca de 250 euros, mais do dobro do depósito a prazo.
Mas a Ana arranjou coragem e vai um pouco mais além. Ela decide alocar uma pequena parte do seu dinheiro, por exemplo, 2.000 euros, num ETF SP500 ou num fundo PPR. Ela sabe que este tipo de investimento tem mais volatilidade, mas também entende que, no longo prazo, investir em bolsa tende a oferecer retornos muito superiores.
Após um ano, enquanto os Certificados de Aforro renderam 250 euros (arredondando, porque tirámos 2.000 euros), o fundo ou ETF valorizou 10%, gerando um retorno de 200 euros. No total, Ana obteve 450 de rendimentos, em vez dos 100 euros que teria ganho se tivesse deixado todo o dinheiro no depósito a prazo.
Este exemplo mostra que, ao diversificar e assumir um risco calculado, é possível conseguir multiplicar o seu dinheiro, com o mesmo esforço.
Claro que o investimento em bolsa poderia ter tido um resultado diferente, mas ao alocar apenas uma parte do seu capital numa aplicação de maior risco, minimizamos a possibilidade de perdas significativas. Além disso, o retorno superior compensa normalmente o risco assumido.
Não tenha medo de ganhar dinheiro
O exemplo da “Ana” ilustra como, às vezes, vale a pena sair da zona de conforto e arriscar um pouco para obter melhores resultados. Isso não significa colocar todo o seu dinheiro em investimentos de risco, mas sim equilibrar a sua carteira, equilibrando segurança com oportunidades de crescimento.
Ao fazermos isso, podemos aumentar a possibilidade de alcançarmos os nossos objetivos financeiros mais rapidamente e com menos esforço.
É verdade que os bancos têm interesse em manter o seu dinheiro parado, mas não precisamos contentar-nos com os que eles nos dão. O objetivo dos bancos é ganhar dinheiro, mas o nosso também. Pense pela sua cabeça. O dinheiro é seu. Não é do banco.
Pedro Andersson nasceu em 1973 e apaixonou-se pelo jornalismo ainda adolescente, na Rádio Clube da Covilhã. Licenciou-se em Comunicação Social, na Universidade da Beira Interior, e começou a carreira profissional na TSF. Em 2000, foi convidado para ser um dos jornalistas fundadores da SIC Notícias. Atualmente, continua na SIC, como jornalista coordenador, e é responsável desde 2011 pela rubrica "Contas-Poupança", dedicada às finanças pessoais. Tenta levar a realidade do dia a dia para as reportagens que realiza.
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