A poupança não é um conceito de adultos. Parece, mas não é só. Há várias formas de envolvermos também as crianças nesse processo. Descubra neste artigo alguns conselhos para incentivar bons hábitos de poupança nos seus filhos.
31 anos. Casada, mãe de 4.Desafios diários: viver a vida alegre (independentemente das horas dormidas!), encaixar a rotina em 24 horas e provar que tudo é possível… incluindo poupar numa família de 6 nos dias que correm!
As crianças também devem ser envolvidas no processo da poupança familiar. Não digo logo com mealheiros e contas bancárias, mas há sempre detalhes do dia-a-dia em que podem ser alertados para o tema. Está nas nossas mãos ajudar a criar alguns hábitos que passem a fazer parte da sua rotina e que levem para o futuro.
Para ser sincera, cá em casa não abordamos muito o assunto do dinheiro porque ainda são todos muito pequenos e hão de ter tempo para familiarizar-se com o tema.
Isto não quer dizer que nunca tenham ouvido, por exemplo, a palavra "caro". É importante perceberem desde cedo que as coisas têm um custo e estão associadas a um esforço que, neste momento, (ainda) vem da parte dos pais.
No entanto, se queremos fazê-los realmente perceber as coisas, temos em mente alguns tópicos, aos quais tentamos tanto quanto possível ser fiéis.
Exemplo
![mae e filha a brincar com bolas de sabao](https://cache.doutorfinancas.pt/wp-content/uploads/2020/02/11111354/playing-fun-cheerful-child-blowing-mother-bubbles-parent-happy-kids_t20_09Ewmk.jpg)
Temos de ter em conta que os nossos filhos querem ser como nós. Quantas vezes não damos por eles a usar expressões típicas nossas e com a postura corporal igual à nossa em algumas situações? Há que aproveitar o tempo em que somos os heróis (porque rapidamente passamos a ser os maus da fita) para criar certos hábitos nos nossos filhos.
Em nossa casa temos especial atenção com a água e a luz: os banhos são curtos e nunca de banheira cheia e a água é desligada quando se põe champô e sabonete. Isto também nos ajuda a respeitar horários, já que chegar a casa ao fim da tarde com 4 banhos e 4 jantares para dar também não dá aso a muito tempo dedicado a cada tarefa.
Também não custa nada irmos apagando as luzes quando deixamos um espaço e é uma luta que temos também com os nossos filhos. Quando nos apercebemos que deixaram a luz do quarto acesa, por exemplo, mesmo que já estejam instalados noutro lado, mandamo-los parar com o que estão a fazer e voltar atrás para apagar a luz. Nunca apagamos por eles. Algum dia hão de lembrar-se de apagar à primeira para não terem de interromper o que vão fazer!
Leia ainda: Como preparar financeiramente a chegada de um filho
Comida
As refeições são outra boa oportunidade para ensiná-los a evitar desperdícios.
Ensinamo-los a comer tudo até ao fim e tentamos adaptar as quantidades no prato ao que já sabemos que cada um é capaz de comer. Não é matemático; às vezes repetem, às vezes deixam. Mas tentamos por tudo que percebam que, o que pedem, é para comer mesmo. Os mais crescidos já têm noção que o que sobra poderia ter sido usado para outra refeição.
Outra solução é cozinhar com sobras de refeições anteriores. Não deixamos de ouvir um "Frango, outra vez?!", mas é esse "outra vez" que os faz perceber que se aproveitou exactamente o frango da refeição anterior para outra receita. Tudo se transforma!!
Por falar nisso, escrevi também um artigo com as minhas 5 dicas para poupar tempo e dinheiro nas compras de supermercado e que convido o leitor a ler.
Remuneração
![criança com as duas maos cheias de moedas de euro](https://cache.doutorfinancas.pt/wp-content/uploads/2020/02/11111341/boy-holding-large-amount-of-coins-in-his-hands-sitting-on-wood-table_t20_EO0xYZ.jpg)
Não sou completamente a favor do "Lava-me o carro, dou-te 3€". Acho que os pais não têm de incentivar os filhos a fazer favores ou ajudar em tarefas que vão beneficiar a família. Podem perfeitamente fazer isso só por essa mesma recompensa. Contribuir com o que está ao alcance deles para o bem-estar de todos.
De qualquer das maneiras, acho que a partir de certa idade, devem ser incentivados a inscrever-se em animação de campos de férias, babysitting e actividades em que sim, recebam uma remuneração. Ter noção do que significa ser recompensado financeiramente por determinado esforço a partir de certa idade faz-lhes bem e é necessário (claro que cada pai saberá a melhor idade consoante os filhos e a responsabilidade de cada um).
Claro que devem ser incentivados a canalizar o dinheiro para qualquer coisa que querem já há uns tempos ou a fazer poupança para quando surgir essa coisa que tanto desejam.
Leia ainda: Como utilizar a regra 50-40-10 para as crianças aprenderem a poupar?
Presentes e exageros
Este ponto é crítico, principalmente quando há capacidade financeira dos pais. Tentam compensar-se ausências com presentes. Às vezes, mesmo estando presentes, não queremos que os nossos filhos fiquem atrás dos amigos da escola que, aparentemente, têm sempre tudo! É estranho, não é? Os caminhos escola – casa são sempre um devaneio de "o Manel tem isto", "os pais da Maria deram-lhe aquilo" ou "a mãe nem sabe o que é que o João tem"…
Somos sempre os forretas, ou não é? Os nossos filhos nunca têm nada e são os únicos que não recebem presentes fora de época... Pois não! Cá em casa os presentes são para dar nos anos e no Natal. Até lá entretenham-se com os do Manelinho e da Mariazinha, sff.
Está fora de questão a política do "quero!", "toma!"
Não queremos que pareça tudo fácil e queremos que os dias especiais sejam mesmo especiais. Que haja alguma expectativa na altura certa e que fiquem agradecidos quando recebem o que pediram.
Já para não dizer que numa casa de seis há prioridades. E essas prioridades nunca passam por caprichos... nem de crianças nem de adultos!
Mealheiros
![criança a colocar moedas num porquinho mealheiro cor de rosa](https://cache.doutorfinancas.pt/wp-content/uploads/2020/02/11111329/cute-little-girl-holding-coin-of-money-and-put-in-pink-piggy-bank-with-blur-background-subject-is_t20_B8QV8K.jpg)
Não tem de começar por aqui mas, uma vez que há sempre aqueles tios ou avós que dão uma moeda de vez em quando, a certa altura torna-se necessário. O desafio aqui é desviar a atenção dos miúdos dos gelados e pastilhas elásticas. Estas pequenas compras-flash que encaixam no orçamento que têm disponível em cada momento vão habituá-los ao típico "chapa ganha, chapa gasta".
É importante focá-los num objectivo maior, a tal coisa que querem desde há uns tempos mas, por ainda não ter chegado a ocasião, ainda não receberam.
Isto aplica-se também à semanada. É importante que percebam que o orçamento de várias semanas, ao fim de um ou dois meses, ganha outra dimensão. E permite compras com base num orçamento maior. E dá outro sentido à compra e outro valor ao que é comprado. Acredite que lhes dá verdadeiro gozo o "é meu porque EU comprei"!
Leia ainda: A Literacia Financeira Infantil: porque dar mesada aos meus filhos?
Em resumo
São pequenas coisas. Hábitos que irão ajudar os pais a poupar enquanto os filhos estão em casa e os filhos a poupar quando forem eles no comando da gestão.
Pequenos hábitos que levam com eles para a vida.
Detalhes que - nunca esquecer este pormenor - devem aprender connosco... por palavras e exemplo.
Já agora e a propósito do tópico poupança e crianças, não deixe de conhecer o livro "Faz Crescer o teu Mealheiro", da autora Elisabete Lourenço, criado especialmente para ajudar os pais a ensinarem bons hábitos de poupança às crianças. 🙂
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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6 comentários em “Poupança: Sim, as crianças também podem (e devem) colaborar”