É cada vez mais recorrente lermos notícias acerca da insustentabilidade da Segurança Social. E não é por acaso! A Segurança Social não vai falir, ao contrário do que possam pensar, mas o que ela poderá proporcionar é uma história muito diferente.
Daí a urgência em pensar no futuro e realizar um plano, o que nem sempre é fácil. O dia a dia é muito exigente e a decisão de poupar e de investir é constantemente adiada. Poupar está associado a restrições, deixar de fazer alguma coisa, em vez do que vou ganhar no futuro, como mais segurança, estabilidade e complemento salarial.
A poupança começa com hábitos. Gastar menos do que se ganha, evitar endividamento, ou aumentar os rendimentos através de atividades extra, part times, aluger de quartos, casa, carro, etc. É esta almofada – da diferença entre o rendimento e o consumo – que nos permite ter uma ajuda preciosa nos momentos dificeis, como fazer face a despesas inesperadas, que são normais ao longo da vida, ou atingir os objetivos de vida como sejam a mudança de casa, carro, uma reforma digna, ou simplesmente a educação dos filhos ou uma viagem.
Mas poupar não é suficiente, é apenas o primeiro passo numa viagem mais complexa. Com efeito, quem poupar e deixar o dinheiro de lado ou “debaixo do colchão” – e aqui incluem-se os depósitos à ordem ou a prazo, cuja remuneração de capital, na maioria das vezes, não cobre sequer as comissões bancárias – está a perder dinheiro ano após ano. Há que, pelo menos, manter o poder de compra das poupanças acumuladas.
A inflação e a desvalorização, embora interligadas, são as maiores inimigas da poupança, já que, ano após ano, reduzem a capacidade de as nossas poupanças manterem o mesmo consumo. A inflação consiste na subida de preços, o que reduz o poder de compra do dinheiro. Uma subida de 10% nos preços, num ano, implica comprar menos bens e serviços, caso não seja acompanhada por um aumento dos salários e poupanças no mesmo percentual. Por sua vez, a desvalorização do dinheiro significa comprar menos bens ao estrangeiro, e está muito associada aos défices comerciais e orçamentais que os países ou blocos económicos têm.
São enormes os desafios nas próximas décadas. À medida que a sociedade se transforma, desta feita com a implementação da Inteligência Artificial na nossa vida, teremos uma sociedade ainda mais díspar em termos de rendimentos e capacidade de consumir. A única opção é rentabilizar as poupanças atraves do investimento.
Múltiplos estudos apontam para que a reforma, a partir de 2050, seja equivalente a menos de metade do último salário. Estes dados deveriam assustar todos, mas como estamos a 25 anos de distância, o melhor é nem pensarmos nisso! O maior problema é que estes dados são subestimados, e não é por pouco! A remuneração total tem em conta benefícios como carro, cheque creche, subsídio de almoço, bónus, seguro de saúde, deslocações, etc, enquanto o cálculo da pensão apenas tem em consideração o salário bruto. Ou seja, em muitos casos, a pensão será inferior a 35% do último salário. Imagina-se a viver com 350 euros por cada 1.000 euros que ganhava?
A diferença entre a pobreza e os que vão conseguir sobreviver a este tsunami chama-se investimento. Não é por acaso que a Comissão Europeia está a lançar iniciativas de literacia financeira e a estudar incentivos para os europeus investirem nos mercados de capitais. É que o efeito de capitalização é pouco aproveitado pelos europeus que deixam as suas poupanças nos bancos, quando comparados com os americanos que têm, em média, 35% da sua riqueza aplicada nos mercados de capitais. Esse é o grande poder que mantém os EUA como potência mundial incontestável, o apoio do mercado de capitais.
Existem muitas opções para investir, para todos os gostos e perfis de risco, desde o investidor mais defensivo ao mais entusiasta pelo mercado. Desde ações, títulos de dívida pública e privada, ETF (fundos cotados), fundos de investimento, Planos de Poupança Reforma, Fundos de Pensões.
Não são necessários mais produtos, nem incentivos fiscais para o investidor. É necessário dar a conhecer o que existe e ajudar as pessoas a perderem o medo de investir.
Não é necessário ter muito dinheiro para investir. A partir de 15/20 euros por mês pode constituir uma poupança recorrente através dos Planos de Investimento. Todos os meses é investida a mesma quantidade de dinheiro num ou em vários produtos. Posso investir por exemplo, 25% em obrigações, 50% em ações, 25% em ETF, com reforço mensal. Estabelecer objetivos é essencial para manter a motivação. Por exemplo, criar subcontas destinadas a cada objetivo, e um Plano de Investimento associada a cada, incentiva o investimento e, à medida que o património cresce, dará ainda mais vontade de poupar e investir. É um círculo virtuoso, onde o que interessa é começar!
E nada melhor do que começar logo quando nascemos. Quando um bebé nasce, deveria ter uma conta de investimento ou PPR, por forma a que as prendas em dinheiro dos avós, pais, ou amigos fossem investidas e beneficiassem do efeito de capitalização. Aos 18/20 anos, os filhos terão um valor acumulado que lhes dará uma segurança para o resto da vida.
Poupar e investir é o melhor que podemos fazer por nós e pela nossa saúde. Reduz discussões, stress, aumenta a confinaça, liberdade e a nossa longevidade.
Descobrir o caminho do investimento pode parecer complexo, mas o que importa é começar esta viagem e atingir a liberdade individual. E nada paga a nossa liberdade!