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Comprar casa aos 30: Será que tem as condições para dar este passo?

Está a pensar comprar casa aos 30, mas não tem a certeza se tem as condições necessárias para dar este passo? Saiba o que ter em consideração

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Comprar casa aos 30: Será que tem as condições para dar este passo?

Está a pensar comprar casa aos 30, mas não tem a certeza se tem as condições necessárias para dar este passo? Saiba o que ter em consideração

Com a atual situação do mercado imobiliário, são muitas as pessoas que começam a ponderar se comprar casa aos 30 anos é a melhor opção. Afinal, nas grandes cidades os preços das rendas estão bastante elevados, e a aquisição de uma casa através de um crédito habitação acaba, na maioria das vezes, por oferecer prestações mensais mais atrativas do que o valor de muitas rendas.

O problema é que comprar casa aos 30 anos não é uma possibilidade para todas as pessoas, uma vez que é preciso reunir as condições necessárias para a concessão de um crédito habitação. Para além disso, dar este passo numa fase precoce também pode ter um impacto muito pesado nas finanças pessoais, podendo correr o risco de ficar numa situação de incumprimento caso a sua situação pessoal ou financeira se altere. E para ter uma noção mais alargada deste problema, segundo o ECO, em Portugal, 40% dos jovens adultos entre os 25 e os 34 anos continua a viver em casa dos pais (dados de 2019), por não reunirem as condições necessárias para arrendar ou comprar casa.

Por isso, se está a perguntar-se se reúne as condições necessárias para comprar casa aos 30, tenha em consideração os fatores seguintes e faça a sua análise.

Se não tem poupanças, comprar casa aos 30 pode ser uma má decisão

Comprar casa é um grande passo para a maioria das pessoas, uma vez que este é um investimento de valor elevado que tem um impacto direto no orçamento familiar durante vários anos. Esta decisão não deve ser tomada de ânimo leve e requer alguma preparação financeira, dado que atualmente os bancos já não financiam 100% do valor dos imóveis.

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Caso não esteja por dentro deste tema, desde de 2018, nenhuma instituição financeira pode financiar mais de 90% do valor da escritura de aquisição ou da avaliação (conta o valor mais baixo). A exceção são os imóveis que pertencem aos bancos. Na prática, isto significa que se pretender fazer um crédito habitação, o banco não pode emprestar-lhe 100% do valor da avaliação ou aquisição do seu imóvel, logo vai precisar de no mínimo ter 10% ou 20% desse valor para dar de entrada.

E, caso não tenha uma boa poupança que suporte este valor bem como outras despesas que terá de pagar ao longo do processo, então, comprar casa aos 30 pode ser um grande risco para si. Por isso, é fundamental que se prepare financeiramente para dar este passo, de forma que a aquisição de um imóvel não coloque em risco as suas finanças.

Ler mais: Como pode poupar para comprar casa

A estabilidade profissional faz toda a diferença na hora de pedir um empréstimo

Não é novidade que na hora de conceder um crédito, os bancos olham sempre com bons olhos para os clientes que têm uma situação profissional estável. E, neste aspeto, é mais fácil conseguir um crédito habitação, sem recorrer a fiadores, se for efetivo ou trabalhar para a mesma empresa há algum tempo. Embora estas duas situações não previnam que venha a ficar sem trabalho durante o período que estará a pagar o crédito, a verdade é que esta estabilidade transmite maior segurança às entidades financeiras.

O problema é que muitas pessoas na casa dos 30 ainda não têm uma situação profissional muito estável, seja por terem terminado os estudos recentemente, trabalharem a recibos verdes ou terem rendimentos irregulares.

Se tem dúvidas, o melhor é visitar alguns bancos para perceber se a sua situação profissional representa um entrave na hora de pedir um crédito. Aproveite também para esclarecer algumas questões que tenha e faça algumas simulações.

Tem alguém que possa ser fiador?

Na hora de concederem um crédito habitação, os bancos avaliam diversos fatores, como os rendimentos, situação profissional, taxa de esforço, montante disponível para entrada, situações de incumprimento e até a relação que tem com a entidade. E em muitos casos, mesmo que reúna muitas dessas condições, a entidade financeira pode achar que para avançar com o empréstimo é preciso um fiador que assuma a responsabilidade pela dívida caso entre em incumprimento.

E, caso lhe seja exigido um fiador, então, só tem duas opções se quiser comprar uma casa: esperar mais algum tempo de forma a melhorar as suas condições atuais ou arranjar alguém que esteja disposto a assumir essa responsabilidade.

Contudo, é importante que saiba que os fiadores têm direitos e deveres específicos num crédito habitação, e também precisam reunir algumas condições para ser admitidos como tal. Para além disso, dado que a pessoa irá assumir uma dívida que não é sua, esta é uma decisão que necessita de alguma reflexão, pois pode trazer implicações à vida financeira daquela pessoa.

Ler mais: Sou fiador: Posso ficar impedido de pedir financiamento?

Comprar casa aos 30 sozinho ou a dois?

Dado a subida dos preços de muitos imóveis, comprar casa aos 30 sozinho não é uma tarefa fácil. Embora não seja impossível a concessão de um crédito habitação a título individual, as instituições financeiras procuram clientes que representam o menor risco de incumprimento. Claro que muitas vezes, a compra de uma casa aos 30 é mais fácil quando existe um fiador por trás que tem ótimas condições para assegurar um possível incumprimento.

Já no caso de pretender dar este passo a dois, por norma, as suas possibilidades de conseguir um crédito habitação são mais elevadas, uma vez que na maioria dos casos o nível de rendimentos é maior e existem duas pessoas a quem imputar responsabilidades.

Perceba a sua taxa de esforço

Se nunca ouviu falar de taxa de esforço, saiba que esta é uma das principais condições que os bancos avaliam na hora de atribuir um crédito habitação, e por isso é fundamental que calcule a mesma antes de pedir um crédito.

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Em termos práticos, a taxa de esforço é a relação entre as prestações financeiras que um agregado familiar possui face aos seus rendimentos mensais. É através do apuramento desta taxa que um banco é capaz de perceber se o cliente tem ou não capacidade financeira para suportar o crédito habitação que está a pedir. Já no que diz respeito à percentagem, recomenda-se que a taxa de esforço não seja superior a 30% do rendimento do agregado familiar.

Mas para perceber melhor vamos a um exemplo prático. Imagine que o seu agregado familiar é composto por duas pessoas que, juntas, têm um rendimento mensal de 2.000 euros e não possuem nenhum crédito. Para que a sua taxa de esforço não seja superior a 30%, a prestação mensal do seu crédito habitação não poderá ser superior a 600 euros.

Caso precise de ajuda para calcular a sua percentagem, utilize o simulador de taxa de esforço. Esta é uma forma simples de ficar com uma ideia sobre a prestação mensal que poderá suportar ou se reúne as condições para pedir um crédito habitação.

Tem dinheiro para pagar as despesas do processo de crédito habitação?

Muitas pessoas que estão a ponderar comprar casa pela primeira vez, nem sempre estão devidamente informadas sobre as várias despesas que têm de suportar, para além do valor do imóvel ou a prestação mensal do seu crédito habitação.

Na realidade, antes de comprar casa existem despesas relacionadas com o processo do seu crédito habitação, que vão desde comissões de abertura, avaliação e formalização. Pode contar com valores consideráveis. Prepare o seu orçamento, porque estes custos em conjunto, incluindo o ato da escritura, superam os 2.000 euros.

Prepare-se para os impostos da aquisição de um imóvel

Além destas despesas contratuais, é fundamental que se informe sobre os impostos que terá de pagar que estão ligados à compra de um imóvel, como é o caso do IMT (Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis), Imposto de Selo sobre a compra, Imposto de Selo (sobre o Crédito Habitação). Estes impostos vão ser calculados com base no valor do imóvel, pelo que não há valores tabelados, há, isso sim, taxas que estão definidas.

Por exemplo, o imposto de selo sobre a compra tem uma taxa aplicável de 0,8%. Ou seja, na hora da escritura de um imóvel que custa 100 mil euros, terá de pagar 800 euros (0,8%). Já no caso do imposto de selo relativo ao crédito habitação, a taxa pode ser de 0,5% se o crédito for de 1 a 5 anos ou 0,6% se o crédito for contratado para mais do que 5 anos. Por fim, o IMT varia de acordo com o valor de aquisição ou valor patrimonial tributário (sendo considerado o que tiver o valor mais elevado), a taxa a aplicar que pode ir de 1% a 8%, a localização do imóvel e a sua finalidade.

Para calcular o valor do IMT e do imposto de selo associado, pode recorrer ao simulador de IMT e fazer as suas contas, de forma a que esteja melhor preparado para quando chegar o dia da escritura.

Dito isto, como pode perceber, existem várias despesas que deve ter em consideração antes de tomar uma decisão definitiva sobre a compra de uma casa. Faça contas, para ter a certeza que irá conseguir suportar todas as comissões, despesas e impostos.

Leia ainda: Quanto custa o processo de compra de casa?

Ser proprietário de um imóvel envolve mais custos do que a prestação do seu crédito

Para além dos custos que referimos anteriormente que deve equacionar na hora de adquirir uma casa, precisa ter em consideração que ser proprietário de um imóvel envolve mais custos do que a prestação mensal do seu crédito.

Ou seja, para além da mensalidade do crédito, deve saber que terá que suportar os valores do seu seguro de vida do crédito habitação, o seguro multirriscos, o condomínio caso se aplique, despesas relativas à manutenção do seu imóvel e o valor do seu IMI. No caso de não ter isenção do IMI, o valor anual pode ser pago em uma, duas ou três prestações consoante o valor do seu imposto.

Para ter uma noção de quanto pode ser o seu encargo com o IMI, use o simulador de IMI e faça as suas contas.

Como pode verificar, os seus rendimentos precisam de assegurar todas estas despesas e claro as despesas do seu orçamento familiar, como a alimentação, despesas mensais (água, eletricidade, gás, telecomunicações), saúde, transportes, entre outros gastos essenciais para si. Por isso, comprar casa é uma decisão que requer bastante ponderação a nível financeiro, para que não fique numa situação financeira extremamente complicada.

Conseguir a pré-aprovação de um crédito é uma enorme vantagem

O processo do crédito habitação é composto por diversas etapas até ser devidamente finalizado e conseguir proceder à escritura do seu imóvel. E, por isso, para quem está determinado a adquirir uma casa e já tem um imóvel em vista, é essencial que consiga a pré-aprovação do seu crédito habitação, para que não perca o imóvel que pretende comprar.

A pré-aprovação é a segunda etapa do processo do crédito habitação e vem logo de seguida ao envio de toda a documentação exigida pela entidade financeira. É através desta etapa que o banco avalia a viabilidade de um cliente ter direito ou não ao financiamento, sendo feita uma análise mais profunda de cada cliente. Por norma, a pré-aprovação é um pouco demorada, uma vez que existem vários fatores a analisar para o apuramento da viabilidade de cada cliente.

Caso consiga a pré-aprovação do seu crédito, este é um bom indicador que reúne as condições necessárias para comprar o imóvel pretendido. No entanto, a pré-aprovação não garante a finalização deste processo, uma vez que o seu imóvel será ainda avaliado e só depois será emitida a carta de aprovação, onde estão detalhadas as condições finais do seu empréstimo.

É hora de fazer uma análise a todos os pontos e perceber se pode ou não comprar casa aos 30

Depois de ter lido todos estes fatores, é hora de sentar-se e fazer uma análise minuciosa sobre estes pontos, bem como calcular as despesas que terá de suportar e o impacto que a compra de uma casa terá nas suas finanças pessoais. É normal que esta etapa demore algum tempo para apurar todos os valores, mas aconselhamos a levar o tempo necessário para conseguir ter uma ideia mais exata dos valores reais.

Só depois de analisar e pensar bem em todos os pormenores, bem como nos prós e contras deste investimento, é que deve tomar uma decisão final se comprar casa aos 30 é ou não a melhor opção para si.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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