Em dezembro de 2024, o preço dos materiais para construção de habitação nova registou o primeiro aumento homólogo desde março de 2023. De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), construir uma habitação nova em Portugal ficou 4,3% mais caro em relação ao mesmo mês de 2023.
Apesar do aumento do preço dos materiais pela primeira vez no espaço de um ano e nove meses, o fator que continua a pesar mais é o custo com a mão-de-obra, que aumentou 8,6% no período de um ano.
O INE explica que "em ambas as componentes, a aceleração registada deve-se em grande medida ao efeito de base associado às reduções em cadeia que se tinham verificado em dezembro de 2023".
Custo dos materiais: Aumento ligeiro foi suficiente para quebrar tendência
Ainda que tenha registado um aumento ligeiro de 0,9%, a subida homóloga de dezembro foi suficiente para quebrar um ciclo de descida que se registava desde abril de 2023. Pior só mesmo as variações nulas de junho e outubro. Ainda assim, importa referir que, em 2024, apenas em março se registou uma descida homóloga superior a 1%.
Entre os materiais que contribuíram mais para o aumento geral dos custos "estão os betumes, as obras de carpintaria e o betão pronto com subidas próximas dos 10%, e o cimento e os consumos de produtos energéticos com um crescimento de cerca de 5%", explica o INE.
Em sentido contrário, "destacaram-se as madeiras e derivados de madeira e a chapa de aço macio galvanizada que observaram uma descida de cerca de 10%, e as tubagens de aço, de ferro fundido e aparelhos para canalizações, os vidros e espelhos e os artigos sanitários com reduções de cerca de 10%".
Quando a análise incide apenas sobre os meses em que houve agravamento, dezembro de 2024 foi aquele com a menor subida desde setembro de 2020.
Na evolução em cadeia (ou seja, em relação ao mês anterior), os custos de construção de habitação nova subiram 0,2% e o preço dos materiais subiu 0,3%.
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Mão-de-obra teve a terceira maior subida homóloga do ano
Os custos com mão-de-obra registaram, em dezembro, a terceira maior variação homóloga de 2024, com uma subida de 8,6% (igual à de maio). Acima ficam apenas os aumentos de agosto (9,6%) e outubro (9,7%).
Desde fevereiro de 2022 que os custos com mão-de-obra têm registado consistentemente subidas homólogas superiores a 6%, tendo atingido o pico em janeiro de 2023, com 12,3%. Além disso, desde março do mesmo ano que esta variável é a principal responsável pela subida dos custos de construção de habitação nova em Portugal.
Apesar disso, a evolução em cadeia foi de apenas 0,1%, em dezembro.
Comissão Europeia já tinha alertado para influência no preço das casas
Em novembro de 2024, a Comissão Europeia divulgou mais um relatório de monitorização pós programa de assistência financeira, que reúne informação até ao dia 31 de outubro de 2024 e no qual o mercado imobiliário é um dos focos de atenção.
A comissão destaca o facto de o preço das casas em Portugal praticamente ter duplicado no período de sete anos, não esperando que haja qualquer tendência de descida nos próximos tempos. Nesse relatório, o aumento dos custos de construção e a falta de mão-de-obra eram dois dos fatores apontados como explicação para a situação atual e para as projeções futuras.
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